O Fórum do Retalho Automóvel subordinado ao tema “Conduzir à nova mobilidade” e organizado pela ACAP, concentrou no Centro Cultural de Belém jornalistas e especialistas do setor. Um programa diversificado trouxe à tona, entre outras mensagens, um Parque automóvel mais envelhecido. Apesar das vendas continuarem em terreno positivo, comparando com os anos mais recentes. Com toda a certeza, vende-se menos em Portugal que antes da pandemia.
A Associação do Comércio Automóvel de Portugal (ACAP) decidiu aproveitar a realização do Fórum de Mobilidade – Conduzir à nova Mobilidade, para partilhar o balanço de 2023 no que toca às vendas. Mas não só.
Mais vendas em 2023
O Escape Livre já avançou os números de 2023. As cifras finais dizem que as vendas de veículos em Portugal cresceram 26% o ano passado face a 2022. Contas feitas foram vendidos em Portugal, 236.053 unidades de veículos ligeiros de passageiros (199.623), veículos comerciais ligeiros (28.523) e pesados (7.907). Porém, como a ACAP fez questão de sublinhar, o mercado ainda está longe dos anos antes da pandemia. São menos 12,3% face a 2019.
Por outro lado, registou-se um aumento das matrículas de veículos em todos os segmentos de mercado. Porém, assistiu-se a uma tendência de aceleração das vendas de veículos mais sustentáveis.
E mais elétricos…
Só para exemplificar, nos veículos de passageiros, os modelos com energias alternativas têm um peso de 51,9%. E aqui, os modelos 100% elétricos representam 18,2% dessa fatia, os híbridos responsabilizam-se por 14,5% e os híbridos Plug-In por 13,6%. Tendência clara dos modelos 100% elétricos assumiram posição de relevo neste segmento das energias alternativas. Por outro lado, os modelos a gasolina (36%) e a gasóleo (12%) ficam com a outra fatia do mercado.
Nesta partilha dos dados do mercado automóvel, a ACAP destaca, ainda, o facto do mercado nacional ter conhecido um crescimento acima da média da União Europeia. Falamos dos veículos com energia alternativas, claro. Só para ilustrar, a UE viu subir as vendas 14,6%. Os 18,2% colocam Portugal no Top 10 dos países com mais vendas de veículos com energias alternativas. Apesar disso, a dura realidade é que os ligeiros de passageiros com energias alternativas representam, somente, 5% dos veículos do Parque Automóvel envelhecido em Portugal. Ainda por cima, o parque de modelos a gasóleo é de 58,2% dos automóveis que existem entre nós e os carros a gasolina ficam-se pelos 36,6%.
Parque automóvel nacional cada vez mais envelhecido
Outro assunto abordado pela ACAP no seu balanço anual foi o Parque Automóvel envelhecido. Esta situação tem ligação aos resultados negativos de vendas face a 2019. Detalhando os números referidos mais acima, foram vendidos menos 11,2% de veículos ligeiros de passageiros e menos 26% no que toca aos veículos comerciais ligeiros. Em sentido contrário, os pesados cresceram, efetivamente, face a 2019, 33,7%.
Outro dado muito interessante e que reflete a necessidade de cumprir objetivos, as vendas a “rent-a-car” cresceram qualquer coisa como 50,7%.
Em suma, estes dados seriam interessantes não tivéssemos, claro, um Parque Automóvel nacional envelhecido. Na comparação com os outros países da União Europeia, o quadro não é brilhante e o envelhecimento é uma realidade.
Em 2021, tínhamos registados 5,6 milhões de veículos e, desses, cerca de 63% tinha mais de 10 anos de idade. No ano seguinte, 1,4 milhões de unidades tinham mais de 20 anos! E nesse ano, a idade média dos veículos entregues para abate era de 24,3 anos. Sabemos, também, que os veículos mais antigos são os pesados de mercadorias e comerciais ligeiros com idades acima dos 15 anos. Os pesados de passageiros têm uma idade média de 14 anos e os ligeiros de passageiros, 13,6 anos.
Propostas da ACAP para rejuvenescer o parque automóvel nacional
Hélder Pedro, secretário-geral da ACAP, tem mantido o acento tónico na necessidade de fazer regressar os incentivos ao abate de veículos em fim de vida. Esta será a única forma de acelerar a substituição de veículos convencionais por modelos novos mais eficientes.
O Orçamento de Estado aprovado na Assembleia da República prevê a implementação deste mecanismo, mas a realidade é que ele tarda em ser colocado em prática.
A ACAP sublinha que é muito importante retirar de circulação veículos em fim de vida com emissões médias de 170 g/km de CO2 por veículos com média de 95 g/km de CO2.
Por outro lado, caso este incentivo ao abate vá por diante, resultará numa poupança, diz a ACAP, de 3,2 milhões de litros de combustível/ano, ou seja, 33.200 barris de petróleo. Mas ainda mais importante, seria a diminuição de 10.800 toneladas de CO2 a cada ano!