Acabou-se! Divórcio Volvo e Diesel está finalizado e o último modelo com motor de combustão interna com o ciclo inventado por Rudolf Diesel já saiu da linha de montagem. Foi um Volvo XC90 que não será vendido porque vai engalanar o “World of Volvo” em Gotemburgo. É o fim de uma relação com 45 anos que, com toda a certeza, deu muito à marca sueca. Basta recordar que entre 2012 e 2016 metade das vendas Volvo foi de carros com motor a gasóleo.
Este divórcio ao final de 45 anos deixa um rasto de significativos marcos na história da Volvo. Só para exemplificar, foram mais de 9 milhões de unidades vendidas desde 1991. E isto contabiliza, apenas, os anos que a Volvo tem nos seus registos, pois não há números fidedignos de 12 anos de produção. O divórcio Volvo e Diesel está consumado e a “assinatura no contrato de separação” é um Volvo XC90 de cor azul que saiu da linha de montagem da Volvo em Torslanda direto para Gotemburgo. Não será vendido e permanecerá no “World of Volvo” o museu da casa sueca em Gotemburgo.
Adeus, Diesel, olá… híbridos?!
O antigo CEO da Volvo, Hakan Samuelson, espoletou uma agressiva transição da marca sueca dos motores de combustão interna para a mobilidade elétrica em 2017. Nessa medida, anunciou o fim do desenvolvimento dos motores diesel – para ele e para muitos o demónio em forma de motor – quando esses propulsores valiam metade das vendas da Volvo.
Muita água passou pelas pontes entre a mobilidade com combustíveis fósseis e a mobilidade elétrica e, hoje, a visão é um nadinha diferente. A Volvo continua apostada na transição total para a mobilidade elétrica em 2030. Ou seja, apenas 20 anos depois dos motores diesel serem a esmagadora opção dos clientes Volvo.
Porém, algumas vozes com peso dentro da Volvo já vieram dizer que vão dar “carinho” aos modelos híbridos e híbridos Plug In. É que a venda dos veículos 100% elétricos não explode e há que manter os cofres minimamente forrados.
Volvo só fez dois motores diesel em 97 anos de história
A casa sueca, hoje propriedade da chinesa Geely, tem uma história peculiar. Só para ilustrar este tema, sabia que a Volvo só produziu, internamente, dois motores diesel? O primeiro foi o cinco cilindros que foi estreado em 2001. O segundo é o quatro cilindros com 2.0 litros da VEA (Volvo Engine Architecture) estreado em 2013.
Casamento Diesel começou com motor… VW
Lembra-se do primeiro automóvel a gasóleo da Volvo? Foi o 244 GL D6 lançado em 1979. Recorda o motor? Era um seis cilindros que vinha da… Volkswagen! Por outro lado, a marca sueca lançou a gama Drive-E em 2008 com destaque para o bloco 1.6 litros a gasóleo. Sabe de quem era esse motor? Não, não era da VW, era do grupo PSA.
Este bloco foi instrumental para a Volvo e a casa sueca não regateou elogios: anunciou uma autonomia de 1300 km e tinha emissões baixas o suficiente para ser classificado como “motor verde” na Suécia.
Marcos na vida dos motores Diesel na Volvo
Depois do primeiro modelo com motor diesel em 1979 e do lançamento em 2001 do seu primeiro motor a gasóleo, a história da Volvo com motorizações diesel tem alguns marcos.
Desde logo a criação da gama Drive-E com um motor do grupo PSA e, em 2012, a criação do primeiro híbrido Plug In associado a um motor diesel. Foi o Volvo V60 D6 o modelo que lançou esta tecnologia.
O segundo motor diesel da Volvo surgiu em 2013, para em 2017 a Volvo anunciar que terminava o desenvolvimento do bloco 2.0 litros. Em 2021 é feito o anúncio da passagem a marca 100% elétrica em 2030. E, no ano seguinte, vende a sua participação na Aurobay, a “joint venture” com a Geely para a produção de motores de combustão interna.
O último automóvel a gasóleo destinado a um cliente a sair da linha de montagem foi um V60 para um cliente na Polónia. Saiu da fábrica belga de Ghent. O Volvo XC90 que saiu da linha de montagem de Torslanda é, na realidade, o último diesel da casa sueca, mas vai para o museu em Gotemburgo.
Divórcio Volvo e Diesel inevitável
O final de 45 anos de relacionamento é marcado por uma diabolização do Diesel. Em primeiro lugar, a palavra “verde” foi substituída por palavras como “cancerígeno”, “poluente”, “sujo” e outras. Em segundo lugar, parece mal, hoje, ter um diesel na gama. Finalmente, os baixos consumos dos motores diesel não interessam para nada.
O futuro da Volvo será 100% elétrico e ficará para a posteridade este Volvo XC90 azul como o último moicano. Embora exista a sensação de que os motores de combustão interna ainda não tenham dito a última palavra.