O tiro saiu pela culatra e o discurso dos construtores europeus tem cambiado ao longo dos meses e, particularmente, quando se percebeu que, afinal os automóveis 100% elétricos não são o paraíso ansiado. Os Híbridos Plug-In ganham fôlego com a evidência da estagnação das vendas de modelos 100% elétricos. Mercedes-Benz, Volkswagen e até a Volvo parecem os girassóis à procura do sol.
A euforia deu lugar à depressão, mas rapidamente os responsáveis dos maiores grupos europeus e norte-americanos fizeram uso dos seus reconhecidos golpes de rins para recuperarem vigor.
Olhando às vendas de veículos 100% elétricos, esperava-se a manutenção do crescimento, magro, experimentado nos últimos meses. Porém, temos assistido a uma desaceleração em toda a Europa. Especialmente naqueles países onde acabaram os incentivos à compra de automóveis elétricos.
Híbridos Plug-In ganham fôlego inesperado
Com crescimentos de dois dígitos, os híbridos e as versões com carregamento exterior (Plug-In) assumem um protagonismo inesperado. Por outro lado, nos EUA o stock de carros elétricos tem uma rotação quase o dobro dos modelos com motores de combustão interna: 113 contra 69 dias!
Isso fica evidente nos 15% de aumento de vendas de modelos elétricos novos nos EUA, bem abaixo dos 52% alcançados em 2023. Portanto, não espanta que existam muitas mudanças de discurso entre os principais protagonistas do mercado.
PHEV com mais de 100 km de autonomia elétrica
O sintoma mais relevante da desaceleração das vendas de carros elétricos está na constante baixa de preços. A Tesla já iniciou o percurso diferente depois de ter feito muitos estragos ao seu balanço e ao dos outros. A Volkswagen ainda está no caminho descendente na sua gama ID.
Por outro lado, muitos construtores começam a fazer esforços para que os seus modelos tenham autonomias em modo 100% elétrico bem acima dos 100 km. A Volvo, que quer ser uma marca 100% elétrica em 2030, arrepiou caminho com uma declaração curiosa do seu responsável comercial, Bjorn Annwall. “Temos assistido ao facto de muitos consumidores adquirirem, primeiro, um modelo PHEV e depois um 100% elétrico. Por essa razão, vamos continuar a dar ‘amor e carinho’ a alguns modelos híbridos com alterações ao exterior e interior para os diferenciar e ajudar a captar clientes para a marca sueca.”
PHEV e motores Diesel podem ganhar destaque
Com toda a certeza, o mercado norte americano será mais recetivo aos híbridos Plug-In e o grupo Volkswagen já está a pensar nisso e o novo Tiguan com autonomia até 100 km em modo 100% elétrico será um automóvel a viajar até ao outro lado do oceano.
Porém, de onde veio a maior surpresa? Da Mercedes-Benz! Ola Kallenius disse à Auto Motor und Sport que “nas viagens curtas, o sistema híbrido com ampla autonomia é perfeito para zero emissões, mas coadjuvado pelo motor turbodiesel as viagens longas tornam-se confortáveis e eficientes.”
Com toda a certeza, os sistemas híbridos Plug-In com motor Diesel, podem regressar, “unindo o melhor de dois mundos” disse Ola Kallenius.
Fornecedores de sistemas querem mais autonomia
Por outro lado, a ZF Friedrichshafen pela voz do vice-presidente executivo para soluções de chassis, Peter Holdmann, entende que “percebermos que os volumes de vendas não estão a ser tão elevados como o previsto ao passo que os volumes de vendas de veículos com motores de combustão e híbridos continuam a crescer mais que o previsto. Por outro lado, vemos o ciclo de vida dos modelos ser significativamente aumentado.”
Com o fim de ajudar a indústria nesse particular, a ZF, como outros fornecedores, estão a desenvolver soluções que ofereçam autonomias de 100 ou mais quilómetros em modo 100% elétrico. Porém, a grande novidade é oferecer sistemas híbridos sem carregamento externo com capacidade para andar mais quilómetros em modo 100% elétrico.