Emocionante! Espetacular! A Ferrari ganhou Le Mans pela segunda vez consecutiva e tornou-se na segunda marca a ganhar o GP do Mónaco e a prova de La Sarthe no mesmo ano, depois da Alfa Romeo ter feito o mesmo em 1934. Se em 2023 “deveria” der o carro 50 (que comemorava o regresso da casa de Maranello a Le Mans 50 anos depois), desta feita Antonio Fuoco, Miguel Molina e Nicklas Nielsen levaram para casa o Rolex e a Taça de vencedores.
A diferença no final da prova foi de apenas 14 segundos. E a decisão fez-se através de uma estratégia muito bem pensada. E, com toda a certeza, melhor executada por Nicklas Nielsen. Que levou o Ferrari 499P até final apostando tudo numa última paragem forçada, mas que serviu para mostrar agilidade tática por parte da AF Corse e a excelência do protótipo da Ferrari.
Porta aberta… para a vitória!
A Porsche era a grande candidata à vitória e a equipa Porsche Penske Motorsport dominou treinos e qualificação, chegando à SuperPole e conquistando a “pole position”. Porém, como a quase centena de edições da prova nos ensinou, quem escolhe o vencedor é o Circuito de La Sarthe.
E a verdade é que a Porsche não pareceu capaz de enfrentar as condições adversas, cometeu alguns erros estratégicos e as quase seis horas de Safety Car (devido, primeiro, a um acidente, depois devido à chuva) não ajudaram à causa.
E a verdade é que houve drama no final da prova. A porta do lado direito do Ferrari 499P de Nicklas Nielsen lembrou-se de abrir e, claro, nada mais restava à equipa de Eduardo Freitas que agitar a bandeira preta com círculo laranja.
Nessa medida, o piloto dinamarquês teve de ir às boxes quando tinha visitado as mesmas uma mão cheia de voltas antes.
Parecia que tudo estava, irremediavelmente, perdido. Porém, José Maria Lopez (de regresso à Toyota para o lugar do lesionado Mike Conway) facilitou a vida a Nicklas Nielsen ao fazer um pião na curva Dunlop e ficar parado na pista. Um problema misterioso que acabou com as chances da Toyota vencer pela quinta vez em Le Mans.
Um “economy run” até final
A paragem obrigatória na box levou a Ferrari a mudar a estratégia e poupar uma paragem até final da prova. A Toyota não engoliu o isco e pediu a Lopez para aumentar o ritmo – por isso cometeu alguns erros – até que Kamui Kobayashi veio ao rádio. Dizer ao argentino que não valia a pena forçar pois queriam ficar com o segundo lugar. Com toda a certeza, foi um alívio para a Ferrari que, perdendo uma mão cheia de segundo por volta, conseguiu chegar à linha de meta com energia suficiente para dar à Ferrari a segunda vitória consecutiva, deixando os três pilotos em lágrimas no final da edição 2024 das 24 Horas de Le Mans.
Ferrari ganhou Le Mans depois de muitas incidências
A casa de Maranello teve em prova três carros, com um 499P amarelo inscrito como cliente pela AF Corse. Ao volante teve pilotos como Robert Kubica. O polaco teve a companhia do jovem Robert Schwartzman (da Ferrari Acadeny) e o chinês Yfei Ye.
O carro amarelo esteve na luta pela vitória quando a Ferrari decidiu deixar em pista os carros #50 e #83 quando começou a chover. Essa decisão e a vinda ás boxes de quase todos os carros, deu enorme vantagem aos dois Ferrari, até porque a chuva parou e lá voltaram todos às boxes para colocar pneus slicks.
Porém, Kubica desentendeu-se de forma julgada culpada pelo colégio de comissários com o BMW de Dries Vanthoor no final de Mulsanne. O BMW saiu de prova muito danificado, o Ferrari foi penalizado e a prova esteve neutralizada mais de duas horas para reparar as barreiras. A segunda neutralização da prova foi maior, quatro horas, devido à chuva inclemente e algum nevoeiro.
Nas horas seguintes, várias equipas passaram pelo comando da prova ao sabor das trocas de pneus e de pilotos. Mas o Ferrari venceu acercou-se da primeira posição a duas horas do final. Fuoco passou pelo Ferrari de Kubica (que acabou por abandonar com problemas de motor) e pelo Porsche de Fred Makowiecki. O último obstáculo, antes do drama da porta, foi o Cadillac #2 que andava em bolandas com os pneus.
Ferrari com dois carros no pódio com Toyota em segundo
Apesar de ter sido penalizado com cinco segundo por Alessandro Pier-Guidi ter acertado no Toyota de Brendon Hartley na curva Mulsanne, levando o carro japonês a fazer um pião e a ficar fora de contenção pela vitória, o Ferrari #51 ficou com o terceiro lugar.
Foi muito pressionado no final pelo Porsche de Kevin Estre (pole sitter), Andre Loterrer e Laurens Vanthoor. A diferença entre os dois foi de apenas 1,1 segundos. Mas a verdade é que o grande candidato à vitória terminou, apenas, no quarto posto.
A Cadillac foi uma boa surpresa e esteve na luta pela vitória, com destaque para o campeão da Indycar, Alex Palou. O espanhol estreou-se na prova francesa e deixou excelente impressão. A estratégia da equipa de Chip Ganassi não foi lá muito conseguida e o melhor dos Cadillac ficou no sétimo posto atrás do Toyota de Buemi, Hartley e Ryo Hirakawa e do Porsche de Matt Campbell, Michael Christensen e Frederic Makowiecki.
Porsche assim assim, Peugeot longe do esperado
Os dois Porsche da Jota ficaram logo a seguir. E com a curiosidade do carro #38 que ficou destruído nos treinos livres e foi reconstruído num par de dias, numa reparação que deveria durar uma semana, ficar na frente do outro carro da Jota.
A Peugeot esteve desastrada e o 9X8 não teve andamento nem capacidade de lidar com o ambiente adverso que se sentiu, ficando fora dos 10 primeiros a várias voltas dos primeiros.
A Lamborghini foi a melhor dos estreantes ao reclamar o 10º posto na frente dos Peugeot, ao passo que a Isotta Fraschini conseguiu que Jean Karl Vernay, Carl Bennett e Antonio Serravalle levasse o carro até final no 14º posto.
Fora de prova ficaram os dois BMW e os dois Alpine. A equipa bávara viu um M Hybrid V8 ser colocado fora pelo Ferrari de Kubica e o outro acumulando problemas depois de Robin Frijns ter passado de forma violenta por um corretor. Repararam, mas ficaram de fora por não ter completado 70% da distância.
Quanto aos dois Alpine A424, Ferdinand Habsburg estacionou o seu em Arnage à quinta hora e Nicolas Lapierre fez o mesmo, mas na box passados poucos minutos.
United Autosport vence LMP2
Oliver Jarvis levou os meninos Bijoy Garg e Nolan Siegel à vitória. Isto depois de ficar com a liderança da prova na 22ª hora pertença até essa altura de Reshad de Gerus no Oreca da IDEC Sport. A chuva acabou por baralhar as contas dos LMP2 e a vitória do carro da United acabou por ser tranquila no final. Destaque para a vitória dos meninos de Zak Brown, amigos desde o karting e que venceram na estreia em Le Mans.
O pódio ficou completo com o carro da Inter Europol. Pilotado por Clement Novalak, Jakub Smiesdchowski e Vladislav Lomko. O Oreca 07 – Gibson V8 da IDEC Sport com Reshad de Gerus, Job van Uitert e Paul Lafargue fechou o pódio.
Por outro lado, Filipe Albuquerque ficou cedo fora da luta pela vitória. Isto porque um dos seus colegas de equipa (Bem Keating) saiu de pista e uma pedra partiu o alternador. Uma reparação morosa levou o português a ficar a 25 voltas do vencedor da LMP2 e a 39 do vencedor da prova.
Porsche venceu os LMGT3
Não venceu à geral, mas a Porsche levou para casa a vitória nos GT. Aconteceu com a equipa Manthey e o 911 GT3R de Richard Lietz, Morris Shuring e Yasser Shahin. Acabou confortavelmente na frente com uma volta de avanço sobre o BMW M4 GT3 de Augusto Farfus, Sean Galael e Darren Leung. O terceiro foi o Ford Mustang GT3 de Dennis Olsen, Mikkel Pedersen e Giorgio Roda.