CEO da Jeep quer “chegar aos 2 milhões de unidades em 2030!”

Antonio Filosa é o CEO da Jeep e tem objetivos claros e quer chegar aos 2 milhões de unidade vendidas em 2030.

Antonio Filosa é o CEO da Jeep e tem objetivos claros como explica nesta entrevista dada ao Escape Livre. Em primeiro lugar quer conhecer bem a marca para encontrar a forma de a fazer crescer. Em segundo lugar, quer estar presente em segmentos SUV onde a Jeep não está presente. Finalmente quer “duplicar as vendas até 2030 chegando aos dois milhões de unidades.

Nasceu em Nápoles, Itália e obteve o seu mestrado como engenheiro no Universidade Politécnica de Milão. Passou muito da sua vida no Brasil e fala um português de excelente nível. Determinado e focado, Antonio Filosa é um quadro de topo da Stellantis desde 2021 e foi CEO da Stellantis na América do Sul até novembro do ano passado. Uma chamada oriunda do Michigan em outubro de 2023 mudou a sua vida. “Não havia maneira de dizer que não… para um italiano seria como dizer não à Ferrari!”

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Antonio Filosa foi substituir Christian Meunier aos comandos da Jeep. A escolha do seu nome não foi, com toda a certeza, um acaso. O italiano imprimiu um forte ritmo de vendas na Stellantis, levou o grupo á liderança do mercado sul americano.

Por outro lado, colocou o Brasil como maior mercado mundial da Fiat e o segundo maior mercado da Jeep. Mas, Filosa puxou, ainda, por marcas como a Peugeot e Citroen, com pouca expressão naquele lado do mundo.

O italiano mudou-se para a sede da Jeep nos Estados Unidos deixando o Brasil onde manterá residência em Belo Horizonte e em Trancoso, zona turística. “Tinha acabado de instalar a rede wi-fi para trabalhar a partir de casa quando tudo mudou” lembra entre risos.

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Antonio Filosa: um italiano no Brasil e agora nos EUA

Debaixo da liderança de Antonio Filosa na Stellantis América do Sul, a Jeep tornou-se na principal marca de SUV naquele continente. Hoje, a Jeep tem no Brasil o seu maior mercado fora dos EUA. A sua liderança sempre atenta ao controlo de custos, mas com orientação expansionista, chamou a atenção de Carlos Tavares, o CEO da Stellantis.

Sendo um homem com ligação ao Grupo Fiat desde 1999, tem enorme experiência na produção, logística e estratégia de preços. Foi chamado por Tavares para levar a marca a novos patamares.

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“Dediquei-me a conhecer bem a marca”

Escoaram-se pouco mais de seis meses desde que Antonio Filosa está aos comandos da marca americana. Naturalmente que há objetivos pessoais e de negócio.

Essa é uma ótima pergunta” começou por dizer o novo CEO da Jeep. “Naturalmente existem objetivos pessoais e objetivos de negócio. Estes últimos referem-se apenas a números de desempenho. Os primeiros são muito diferentes.

Com toda a certeza, os objetivos de negócio são interessantes, mas primeiro quisemos saber quais os alvos pessoais de Antonio Filosa.

“A primeira coisa que quis fazer foi estudar muito a marca que é icónica e precisa de ser tratada com muito respeito, especialmente por quem não é americano como eu. Temos de ter muto respeito quando abordamos uma marca como esta e começamos a colocar em prática os pensamentos e colocá-los ao serviço da estratégia da marca. Por isso, passei muitíssimo tempo nas primeiras semanas a estudar. A história da marca, dos seus produtos e dos valores que ela representa é, por si só, fantástica, não acha?”

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Uma marca com muita história

Concordamos com um aceno e Filosa continuou a lembrar que “todos conhecem a história da Jeep, mas é bom relembrar que esta marca começou a fazer carros no período mais difícil da história recente da humanidade, durante a Segunda Guerra Mundial. Foi esta a marca escolhida pelo exército americano e pelas forças aliadas para restabelecer a liberdade na Europa e no Mundo. Foi por isso que o Jeep Willys ficou conhecido como Freedom Machine, as máquinas da liberdade.”

Mas Antonio Filosa não fica por aqui e descobriu no seu estudo profundo outras mais valias da Jeep. “É verdade! Vi um estudo que indagava qual a marca mais patriótica nos Estados Unidos. A Jeep lidera esse estudo há 22 anos na frente da Disney, Coca-Cola e McDonalds. E isto é, simplesmente, incrível. Se pensarmos que celebridades, figuras de estado, da cultura e da política são clientes Jeep, isso é uma enorme responsabilidade.”

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Reconhecimento global

Por outro lado, a marca tem um reconhecimento a nível global. “Não é por acaso que a Jeep é a marca mais global da Stellantis, apesar das suas raízes profundas na história e desenvolvido dos Estados Unidos. Por isso, o meu primeiro objetivo pessoal foi entender a marca em toda a sua plenitude, seja como instituição puramente americana, seja como a marca mais global que a Stellantis tem.”

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“Quero chegar aos 2 milhões de unidades vendidas”

Ultrapassada a fase dos objetivos pessoais de Antonio Filosa, entramos na parte mais sensível e que levou a Stellantis a trocar de CEO colocando o italiano ao leme da marca que, durante muitos anos, foi a mais rentável da FCA e, depois, da Stellantis.

“O ano passado fechamos as contas com um milhão de automóveis vendidos. O meu objetivo é claro: chegar a 2030 com 2 milhões de carros vendidos!” Como é que isso vai acontecer?

“Quero alcançar esse objetivo partindo de três estratégias fundamentais. A primeira é de globalização e desejamos multiplicar a industrialização de produtos Jeep em muitos países, não apenas naqueles onde já temos fábricas. Isso vai gerar maior proximidade aos mercados estratégicos e maior economia de escala e de eficiência industrial” esclarece Antonio Filosa.

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O segundo pilar estratégico é uma “Multi Energy Strategy”. “Queremos estar prontos para ter uma oferta alargada multi-energias. Estamos a lançar dois produtos, o Avenger mild hybrid e o Wagoneer S que é um modelo 100% elétrico. Na Jeep temos acesso a vários tipos de propulsão: combustão, mild hybrid, full hybrid, híbrido Plug In, 100% elétrico, 100% elétrico com extensor de autonomia e pilha de combustível.” Esta estratégia também conhecida como “free of choice”, liberdade de escolha, permite que todos tenham uma solução para as suas necessidades.

“O terceiro pilar é criar e industrializar modelos para segmentos SUV onde a Jeep não está presente. Assim ampliamos a oferta e com estas três estratégias vamos, até 2030, chegar aos 2 milhões de unidades vendidas.”

Como é que um cliente Jeep identifica, hoje, a marca

Durante esta conversa, Antonio Filosa lembrou a necessidade do cliente identificar a marca e falou sobre a liderança no que toca ao patriotismo nos EUA. Mas, sendo uma marca global, como é que um cliente Jeep identifica a… Jeep? “Bom, a Jeep é uma marca aspiracional porque representa valores que são muito apreciados por muitos clientes em todo o mundo” explica o CEO da Jeep. Acrescentando que “representa uma nova forma de viver a vida que, especialmente depois do Covid-19, é muito apreciada e desejada por todos. Porém, é uma marca muito simples! É paixão, autenticidade e, claramente, liberdade e aventura! E é isso que todos desejam depois da pandemia e fscilmente vistos nos nossos produtos.

No fundo, a Jeep é uma marca cujos “valores são facilmente reconhecidos nos nossos produtos e. igualmente, na forma como comunicamos.” Mas Antonio Filosa vai mais longe e surpreende-nos ao dizer que “podemos identificar esses valores e duas almas!”

Uma marca com duas almas!

O CEO da Jeep explica! “Uma das almas pode ser identificada com o Jeep Wrangler, o modelo mais extremo, o mais radical, digamos assim. Um automóvel que acompanha a vida da marca desde o dia 21 de abril de 1941. Ao lado desse modelo icónico e radical, temos outros modelos com base no Wrangler como o Recon que estará brevemente á venda, ou o Renegade, por exemplo e variantes mais aventureiras de outros modelos. A segunda alma da marca é identificada com outro ícone da marca, o Jeep Grande Cherokee. Uma alma mais urbana, mas igualmente capaz. Juntamos nessa alma o Cherokee, que não está à venda, mas vai regressar. Depois os Jeep Wagoneer e depois, mais abaixo, o Jeep Compass.”

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Portanto, segundo Filosa, a Jeep “tem duas almas, uma apoiada no Wrangler, a outra no Grand Cherokee.” E o que há de comum nessas duas almas ou formas de estar? “Em cada segmento a nossa proposta de produto Jeep sempre será mais capaz fora de estrada que os concorrentes do mesmo segmento. Isso sucede em todos os segmentos! Enfim, uma marca com duas almas, mas sempre coerente porque a postura mais radical e a mais urbana defenderá, sempre, os valores da marca e terá capacidade fora de estrada acima da concorrência.” Quer isto dizer que “são produtos diferentes unidos pela capacidade fora de estrada.”

Portanto, a tradição do desempenho fora de estrada, a aventura e a grande evasão que acompanha a marca desde os primórdios, continua. “E vai continuar! E um dia seremos líderes em fora de estrada em outros planetas!” Uma boa visão…

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Jeep, uma marca elétrica ou não?

Naturalmente que a questão mais forte seria saber se todos os Jeep, incluindo o Wrangler, serão 100% elétricos no futuro. Para Antonio Filosa, “os modelos PHEV do Wrangler e do Grande Cherokee estão muito bem. No mercado norte americano, o maior da Jeep, o Wrangler PHEV é líder de mercado e o segundo mais vendido é o Grande Cherokee. Entre os dois temos quase 40% de quota de mercado PHEV. Portanto, a eletrificação está a andar muito bem, pois temos a liderança que referi. Mas mais importante que isso é estes modelos serem uma ferramenta de conquista. Para se perceber isso, cerca de 70% dos novos clientes Wrangler vêm de outras marcas. E isso é muito importante.

O Avenger está a fazer “o mesmo na Europa e como disse, é algo muito importante.” O futuro é ainda uma incógnita. “Teremos novos modelos Wrangler e outros diferentes, mas por agora estamos muito contentes com os resultados das gamas com motor de combustão interna e com sistema híbrido Plug-In.”

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Mercado português é um mercado interessante para a Jeep

Antonio Filosa confessou que gosta muito de Portugal “até pelo meu chefe (diz com uma gargalhada), o senhor Carlos Tavares. Já fui várias vezes ao vosso país em trabalho e lazer e gosto muito.” Lembra que “o vosso país tem belas praias a sul, um norte cheio de oportunidades para andar fora de estrada e a fronteira com Espanha com locais fantásticos. Para uma marca como a Jeep ter um mercado onde as oportunidades e os locais próprios para explorar as capacidades dos modelos propostos, é algo excelente. Por isso, para mim, faz todo o sentido apostar neste mercado e num país tão bonito como Portugal.”

O CEO da Jeep acredita que o cliente português pode ver no Avenger 4XE a oportunidade de se estrear com a marca Jeep e, depois, identificar na gama outros produtos para evoluir dentro da marca. “E, quem sabe, chegar ao Wrangler que é a quintessência da marca e que oferece todos os valores da marca sem limites.”

Antonio Filosa quer conhecer Portugal de Jeep

A conversa com Antonio Filosa estava a chegar ao final quando ele nos confessou que “gosto muito de Portugal, mas gosto mesmo muito de Évora onde passei quinze dias durante a pandemia. Foi muito agradável.” Aproveitamos e desafiamos o CEO da Jeep. Terá de conhecer a Serra da Estrela e o Douro, locais onde o Jeep Wrangler é rei e senhor. “Aceito já esse desafio!” O repto está lançado e quem sabe Antonio Filosa e Carlos Tavares, o CEO da Stellantis não surgem numa próxima edição de um evento do Clube Escape Livre?