Stellantis sem tabus. Marca que não rende… acaba!

Em declarações, Carlos Tavares, CEO do grupo Stellantis afirmou: “Não nos podemos dar ao luxo de ter marcas que não têm lucro!”

Stellantis sem tabus é algo novo para a indústria automóvel. Recordamos que Carlos Tavares deixou bem claro na hora da fusão da FCA com a PSA que desejava manter todas as marcas do portfólio de ambos os grupos. Mas sendo, por um lado, um defensor acérrimo do controlo de custos. Por outro querendo manter a margem de lucro operacional do grupo sempre nos dois dígitos, há uma inversão do discurso. E, neste momento, “se alguma marca não fizer dinheiro, vamos acabar com ela. Não nos podemos dar ao luxo de ter marcas que não trazem dinheiro ao grupo!” Palavras de Carlos Tavares.

A apresentação dos resultados da Stellantis nos primeiros seis meses de 2024 desenhou um quadro bem menos favorável que o esperado. Não espantou, por isso, que tenha ficado claro que se alguma das 14 marcas do portfolio da Stellantis não se consigam manter lucrativas, o grupo vai acabar com elas.

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“Não nos podemos dar ao luxo de ter marcas deficitárias”

Carlos Tavares foi taxativo: “se não dão dinheiro, teremos de acabar com elas. Não nos podemos dar ao luxo de ter marcas que não têm lucro!” Puro e duro como o português é quando as linhas vermelhas da sua governação são pisadas.

Com toda a certeza, os resultados apurados nos primeiros seis meses deste ano foram o gatilho para esta mudança de paradigma. A Stellantis viu o seu lucro líquido (após taxas, deduções e serviço da dívida) cair 48% para 5,6 mil milhões de euros. Por outro lado, a margem de lucro operacional caiu para baixo dos 10%. E esta cifra é a que dói mais a Carlos Tavares que tem como objetivo estar sempre nos dois dígitos nos 12 meses do ano.

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“Todas as marcas são importantes… mas…”

 Com o intuito de deixar tudo bem claro, em declarações à Bloomberg, Carlos Tavares lembrou que “todas as marcas do grupo são importantes”, mas não há “absolutamente nenhum tabu se o seu desempenho financeiro se deteriorar.”

Com toda a certeza, o português entende que “as marcas estão no grupo para serem aproveitadas e se não conseguirem rentabilizar o valor que representam, então teremos de tomar decisões.” Este discurso do CEO da Stellantis mostra como todas as linhas vermelhas foram ultrapassadas. Recordamos que o português disse em 2021 que todas as marcas do portfolio tinham futuro.

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Por outro lado, significativamente, a Stellantis só divulgou dados dos resultados da Maserati: 82 milhões de euros de prejuízo operacional em seis meses! Curiosa esta revelação. Isto porque os rumores dizem que a Maserati, a DS e até a Lancia podem estar em risco se a sua contribuição para as vendas globais do grupo e para os resultados financeiros não forem as esperadas.

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Problemas, também, nos EUA

Para lá dos problemas com o enfraquecimento da procura por modelos 100% elétricos e a concorrência cada vez mais forte dos chineses na Ásia e na Europa, a Stellantis defronta-se, agora, com outro problema. O mercado norte-americano é chave para os lucros. E por aquelas bandas começam a acumular-se automóveis que prejudicam a rentabilidade. Por outro lado, são já várias as mudanças nos executivos de topo e alguns problemas de qualidade começam a levantar questões.

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Stellantis sem tabus é, também, cortar custos

Com toda a certeza, estas são as razões para a diminuição das margens de lucro, a que se juntam uma gama pouco favorável e uma pressão enorme sobre os preços. Enfim, muitos desafios estão a ser lançados à gestão de Carlos Tavares e o português está já a desenhar um novo plano de corte de custos. Em primeiro lugar, com uma redução de produção e de preços para dinamizar as vendas. Em segundo lugar, redução dos custos laborais e um recuo de 25% nas despesas de logística já neste segundo semestre. Isto depois de ter alcançado, já, uma redução de custos já este ano que se prevê superior a 500 milhões de euros.

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Melhorar a qualidade e apostar em novos modelos

Carlos Tavares vai utilizar o verão para trabalhar com os norte americanos para melhorar o desempenho e reduzir o “stock”. Algo que já foi feito no Velho Continente.

Como é que o problema será resolvido? Em primeiro lugar deixar de fabricar carros com tantos defeitos que prejudicam o processo de garantia tantas são as reparações que têm de ser feitas. E o português aponta claramente o dedo à fábrica do Mchigan onde é feita a RAM 1500 e que é um pesadelo neste particular.

A fraca margem de lucro operacional deixa Tavares irritado e prejudica a fama da Stellantis de ter a melhor relação entre custos e lucros. E, claro, danifica a margem de lucro operacional do grupo todo. Isso vai ter de ser tratado, já, como diz o CEO do grupo. E por isso. hoje, a Stellantis sem tabus é palavra de ordem! A outra face será o lançamento de novos modelos. Serão 20 no total até final do ano.

Por outro lado, os modelos 100% elétricos da Leapmotor já estão a caminho da Europa para tentar contrariar o domínio das marcas do Império do Meio. Esta é, diz a Stellantis, a sua 15ª marca depois de terem comprado 21% da empresa chinesa por 1,5 mil milhões de euros. Veremos o efeito deste negócio nos próximos anos e da nova abordagem Stellantis sem tabus!