Um alemão, um australiano, um português, e três modelos Alvis no Circuito das Beiras!

Era uma vez um alemão, um australiano, um português, três modelos Alvis e uma aventura chamada Circuito das Beiras. Esta é uma história bem real!

A “armada” de modelos Alvis impressionou todos os que estiveram no Circuito das Beiras by Bridgestone / First Stop. O alemão Rudi Friedrichs, o australiano Michael Wilkinson e o português José Romão de Sousa trouxeram até Portugal os seus Alvis e o Escape Livre esteve à conversa com os três para perceber porque é que todos disseram em uníssono “somos todos Alvis Boys!

A cidade de Conventry foi o berço da Alvis Car and Engineering Company em 1919. Esta era uma empresa dedicada à produção de carros de competição, motores de aviação e carros blindados tendo fundação criada por Thomas George John. Como muitas marcas britânicas, acabou no colo da Rover em 1965, desaparecendo em 1967.

O legado não é vasto, mas é impressionante. O Alvis Speed 20SA foi produzido em apenas 400 unidades, o que torna os modelos trazidos por Rudi Friedrichs, Michael Wilkinson e José Romão de Sousa como verdadeiras raridades.

Tecnicamente, são carros muito interessantes. O motor e a transmissão assentam em suportes cónicos de borracha flexível. O chassis foi rebaixado com as longarinas laterais a passarem por cima dos eixos dianteiro e traseiro. O sistema de lubrificação era centralizado e, assim, as peças móveis da suspensão e outras eram lubrificadas por um emaranhado de tubagens.

As molas de lâmina asseguram a suspensão e a travagem estava entregue a tambores de 14 polegadas com comando mecânico. A caixa é de quatro velocidades. A embraiagem é de prato único e o veio de transmissão para as rodas traseiras é aberto com juntas de metal. O motor é um seis cilindros com 2511 cm3 de cilindrada, três carburador S.U. HV4 e uma potência de 90 cv.

Circuito das Beiras by Bridgestone / First Stop

Mais de três dezenas de automóveis de outras eras desfilaram pelas estradas da beira, recriando uma corrida idealizada por Tavares de Mello em 1903.

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“Um caso de paixão”

Naturalmente que a primeira pergunta feita aos três participantes estava ligada à utilização do Alvis A20 Speed SA. Paixão ou outra razão?

É, com toda a certeza, uma questão de paixão pelos carros Alvis e pelos motores Alvis” diz-nos Rudi Friedrichs. “Produzidos nos anos 30 do século passado, são muito fiáveis, facilmente reparáveis e mantidos, um carro excelente porque foi pensado e feito para estradas em terra. Claro que assim sendo, são excelentes em fora de estrada, mas também em asfalto.

E nesta altura, os três participantes disseram, em uníssono “we are Alvis Boys”, ou seja, “somos rapazes Alvis”!

Como começou a paixão pelos clássicos?

A paixão pelos automóveis é um “bichinho” impossível de curar. Os automóveis clássicos são ainda piores. Naturalmente que perguntámos aos três o que estava por trás da paixão pelos clássicos. Michael Wilkinson explicou que “tudo começou quando realizamos o Rali Pequim-Paris pela primeira vez com carros pós-guerra e alguém nos disse que o deveríamos fazer com carros pré-guerra. Procuramos qual seria o melhor carro para o fazer e todos foram unânimes: o Alvis! (risos)”

Nascia assim a paixão pelos Alvis e pelos automóveis clássicos antes da guerra. E há quantos anos é que percorrem o mundo a fazerem passeios como o Circuito das Beiras by Bridgestone / First Stop. José Romão de Sousa explicou que “penso que desde 1999, quando fomos pela primeira vez à Argentina. Depois o London-Sidney em 2004 e o Rali Pequim Paris com estes dois amigos em 2007 e 2010. Já fizemos o Safari Classic umas seis ou sete vezes. Temos viajado bastante ao redor do mundo.

O português, distinguido com Diploma de Honra devido à sua colaboração com o Escape Livre no Circuito das Beiras by Bridgestone / First Stop, explicou que “nestas participações, nem sempre foram feitas com os Alvis. O Alvis é uma paixão recente, pois, no meu caso, usava um pós-guerra clássico, um Volvo.

Para Rudi Friedrichs, o Alvis é o carro perfeito para estas aventuras. “Como disse há pouco, este é um carro feito nos anos 30 e pensado para estradas de terra, esburacadas e em mau estado, sem alcatrão. Devidamente preparado, é um carro que aguenta um Pequim-Paris sem problemas de maior.

Os Alvis são carros cada vez mais raros…

Quem viu passar os Alvis ficou apaixonado pelos esbeltos e poderosos modelos britânicos. Para nós passaram a ser, também, uma paixão. Mas encontrar e comprar um carro destes não será fácil. Rudi Freidrichs esclareceu que “é cada vez mais complicado encontrar um Alvis à venda. Mas ainda há por aí alguns carros. Porém, temos de nos lembrar que os Alvis eram feitos para serem usados no Reino Unido e na Austrália. O resto do mundo conhece pouco esta marca.” Porém, como destaca Friedrichs, “se quiser um Alvis como deve ser, vai a Inglaterra e encontra.

Evidentemente que perante tão experimentados participantes, quisemos saber o que pensam Rudi Friedrichs, Michael Wilkinson e José Romão de Sousa sobre o Circuito das Beiras by Bridgestone / First Stop. O australiano confessou que “me diverti muito e o José pediu-nos para trazer os Alvis e foi muito divertido.” Já o alemão destacou que “sentimos uma enorme paixão pelo evento e pelos carros clássicos por parte dos organizadores. E por isso, falo pelos três, queremos agradecer ao Clube Escape Livre e a toda a gente envolvida por este fantástico e adorável evento.” E Friedrichs fez questão de dizer num escorreito português “Muito Obrigado!

O futuro dos Clássicos: estão em extinção?

O problema das emissões e a luta entre ambientalistas e defensores do automóvel é um assunto em cima da mesa. Particularmente para quem usa os clássicos e adora estes automóveis. Para Michael Wilkinson “são cada vez menos os carros antigos. E nós estamos aqui para os manter na estrada e preservar a herança do automóvel. Claro que queimar combustível não é bom para o ambiente. Mas há muitos mais carros modernos a utilizar combustíveis fósseis que os pouco carros pré-guerra e mesmo os clássicos não fazem a diferença.

Por outro lado, José Romão de Sousa lembrou que “há países que preservam a herança do automóvel como o Reino Unido. Há cidade onde existem zonas de ultra baixas emissões (ULE) que autorizam a passagem de carros pré-guerra, onde só entram modelos 100% elétricos. Já os clássicos pós-guerra pagam diariamente uma taxa superior a 12 libras para circular num perímetro superior a 30 quilómetros.

E voltar ao Circuito das Beiras by Bridgestone / First Stop está nos planos deste trio de “Alvis Boys”

Quanto a projetos de futuro, José Romão de Sousa lembrou com sorrisos de todos que “oh há muitos! Cada vez mais tentamos disputar eventos não competitivos em locais onde nunca tenhamos estado. Vamos à Arménia dentro de duas semanas, vamos à Islândia, vamos cruzar a Índia de Goa a Chennai e no final do ano os Alvis vão até ao Japão. Portanto temos um final de 2024 preenchido.

Por outro lado, quando perguntámos a Rudi Friedrichs, Michael Wilkinson e José Romão de Sousa se haveria a possibilidade de regressar ao Circuito das Beiras by Bridgestone / Fisrt Stop, a resposta saltou imediatamente “adoraríamos voltar!” E isso poderá ser uma possibilidade já em 2025. “Veremos como decorre o próximo ano, mas adoraríamos regressar.”  E no remate desta agradável conversa, voltámos a escutar um “Muito Obrrigadu” de Rudi Friedrichs e Michael Wilkinson com José Romão de Sousa a deixar um abraço em bom português ao Escape Livre e aos adeptos portugueses que encheram as estradas do percurso do Circuito das Beiras by Bridgestone / First Stop.

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