Passou 10 anos a liderar a marca sueca e saiu em 2022. Está de regresso para ocupar o lugar que foi de Jim Rowan, na tentativa de fazer “magia” e colocar a Volvo no caminho certo. Hakan Samuelsson e Volvo voltam a juntar-se numa altura crucial e que pode decidir muito do que será o futuro da marca pertença do grupo chinês Geely. Manterá o septuagenário Samuelsson capacidade para ultrapassar os desafios que se avizinham?
O registo de Hakan Samuelsson à frente dos destinos da Volvo é impressionante. Levou a marca sueca a bater recordes de vendas, lucros e produtividade. Esteve dez anos como CEO (entre 2012 e 2022) e saiu aos 71 anos para dar lugar a Jim Rowan. Este sai da Volvo com efeito imediato e, também, do conselho de administração.
Um CEO de decisões fortes
Com toda a certeza, Hakan Samuelsson deixou um forte legado na Volvo durante o seu período ao volante da casa sueca. Em primeiro lugar, abandonou os motores diesel muito antes dos rivais o terem feito. E numa altura em que esses motores eram os mais vendidos da gama Volvo na Europa. Em segundo lugar, a Volvo foi a primeira marca a impor limite de velocidade aos seus automóveis. Quando os rivais ainda continuam a manter registos acima dos 200 km/h, os modelos da marca sueca estão limitados a 180 km/h. Finalmente, forçou em 2018 a construção de uma fábrica nos EUA e colocou a empresa na bolsa em 2021.
Fim da linha para Jim Rowan
Aos 74 anos, o sueco regressa a uma casa que foi liderada nos últimos anos por Jim Rowan. O executivo de 59 anos foi CEO da Dyson e chegou à Volvo em 2022. Desacelerou o caminho rumo à eletrificação total da Volvo – perseguida por Samuelsson – optando por privilegiar os híbridos. Isto porque as vendas de modelos 100% elétricos caíram e era impossível, na visão de Rowan, manter o objetivo de vender apenas veículos elétricos no final da década.
Porém, Rowan acelerou a transição para a definição dos veículos por software, estabelecendo uma forte posição no que toca à digitalização da Volvo. Porém, o encanto acabou e Eric Li, o presidente da Zhejiang Geely Holding, agradeceu o empenho e energia de Jim Rowan dizendo que “estamos muito gratos pelos seus esforços durante um tempo de mudanças significativas.”
Vendas, mercado a recuar, tarifas
Com toda a certeza esta mudança está ligada aos desafios que estão a erguer-se na frente da Volvo. O programa de corte de custos está em execução para proteger a liquidez da companhia e, ao mesmo tempo, enfrentar a arrefecida procura de modelos 100% elétricos.
Por outro lado, a Volvo vai ser duramente atingida pelas taxas de Donald Trump. Com efeito, apesar de ter uma fábrica na Carolina do Sul, a verdade é que a Volvo ainda importa muitos carros da Europa para os EUA.
Do mesmo modo, a Volvo é “apertada” pela União Europeia devido às taxas aplicadas pela Comissão Europeia aos produtos chineses. Algo que atingiu em cheio o EX30, importado da China. Mas ainda no consolado de Jim Rowan, ficou decidido que o EX30 será produzido na Bélgica.
Hakan Samuelsson e Volvo unem-se para enfrentar dificuldades
De acordo com as informações da casa sueca, as tensões comerciais e o arrefecimento das vendas de modelos 100% elétricos fizeram um rombo de 48% no valor das ações da Volvo. Num comunicado lançado durante o fim de semana, a Volvo refere que “com as rápidas mudanças tecnológicas, a crescente complexidade geopolítica e a intensificação da concorrência em todas as regiões, o conselho de administração considera que a empresa é mais bem servida por uma liderança com uma profunda experiência industrial. Um profundo conhecimento do nosso grupo e uma capacidade comprovada de execução em ambientes difíceis”.
Por outro lado, Eric Li, o presidente da Geely, destacou que “Hakan (Samuelson) liderou a Volvo Cars durante uma das suas décadas mais transformadoras e criadoras de valor – revitalizando a marca, expandindo-se para novos mercados e executando com sucesso a sua IPO. Ele traz uma rara combinação de profundidade industrial, clareza estratégica e liderança comprovada e Hakan tem um amplo conhecimento do nosso grupo”.
Recordamos que quando Hakan Samuelsson chegou à Volvo, as vendas situavam-se nos 11 mil milhões de euros e margem de lucro operativa de 0%. Quando saiu o volume de negócios cresceu mais do dobro para 26 mil milhões de euros com uma margem de lucro operacional de 7,2 por cento.
O veterano sueco emitiu um comunicado a dizer que “a indústria automóvel está sob pressão de várias direções. Sinto-me honrado por regressar num momento tão decisivo para a Volvo. Tenho um profundo respeito pelos desafios que se avizinham.”
