Ford Focus SW Active - Aventureira ou ilusão?

Com a moda dos SUV, alguns segmentos tiveram de se reinventar com propostas mais próximas desse mesmo conceito. Um deles foi o das carrinhas, um dos mais afetados pela ofensiva SUV. É certo que algumas marcas já ofereciam um tipo de proposta mais aventureira para os seus modelos do segmento C e D, mas outras tiveram de as introduzir como aconteceu com a Ford, lançando as versões Active comum aos modelos Ka+, Fiesta e Focus, este último nas duas variantes, hatch e station wagon.

E se alguns construtores resolveram desenvolver modelos com aptidões para o fora de estrada, como foi o caso da Kia com o seu XCeed, a Ford simplificou a questão e fê-lo servindo-se dos seus modelos, adicionando-lhes pormenores para lhe atribuírem o tal aspeto mais aventureiro. Numa primeira análise o resultado é bastante apelativo, quando aprofundamos a questão o sumo que se extrai é pouco, mas já lá vamos…

Estilo “aventureiro”

É um facto que esta versão Active do Ford Focus em ensaio revela-se muito mais apelativa desde logo, culpa não só do contraste entre a cor exterior em Metropolis White, e as guarnições dos para-choques e cavas das rodas em plástico escuro, mas também dos alargamentos.

A suspensão ligeiramente mais alta (30 mm) e as inscrições Active aqui e ali compõe o conjunto desta unidade, na nossa opinião, bastante bem configurada. O opcional teto e retrovisores em preto (407€), juntamente com as molduras dos vidros e as barras de tejadilho longitudinais pretas também ajudam consideravelmente.

No interior, os bancos assumem um almofadado reforçado também com a letra “A” em destaque alusiva à versão Active para que não surjam dúvidas que estamos perante a mais aventureira das Ford Focus.

Segundo a marca, as molas, amortecedores e a barra estabilizadora, são específicas desta versão. A principal alteração é efetivamente na suspensão traseira que em vez de barra de torção, usada apenas em algumas versões, é uma suspensão multibraço, ainda que não exclusiva desta versão. Na prática? Apenas a maior altura ao solo é percetível e talvez, um superior conforto em mau piso ou em fora de estrada. Neste caso não é de todo um defeito, uma vez que o Ford Focus sempre primou pelo rigor e eficácia neste capítulo. Esse é aliás o maior trunfo desta versão, ter como base um automóvel bem construído e que é um dos melhores players do segmento.

É um Ford Focus!

Podíamos começar este parágrafo da seguinte forma: Para o bem e para o mal… Mas na verdade como Ford Focus que é, só temos a dizer bem. Uma correta posição de condução e bancos com bom apoio. Comandos intuitivos e bem posicionados. Um bom nível de equipamento com um sistema de info-entretenimento simples e prático. Uma qualidade geral que não destoa e por fim… muito espaço! Esta foi aliás uma enorme mais valia em fim de semana de corridas no Autódromo Internacional do Algarve. Coube tudo e mais houvesse para preencher os mais de 600 l de capacidade da bagageira que ainda dispunha de um opcional tapete reversível (51€) e abertura elétrica mãos livres (508€).

Ao volante apreciámos a condução que o bloco 1.5 EcoBlue proporciona, em conjunto com uma caixa manual de seis velocidades precisa e com escalonamento correto. Os 120 cv são mais que suficientes, embora registem sempre consumos superiores aos anunciados. A direção, também ela precisa e de bom tato, contribui para uma condução mais dinâmica quando se pretende, e a insonorização também não merece críticas.

Os modos de condução permitem tirar maior partido de um chassis equilibrado, e nesta versão Active dispomos de dois adicionais: Escorregadio e Trilho. O primeiro ajusta a ação do controlo de tração e estabilidade de forma a evitar perdas de tração. O segundo, pelo contrário, é suposto dar uma maior liberdade aos sistemas de controlo. Ambos tornam o acelerador menos reativo. Na prática? Servem para pouco ou nada e acreditamos que não serão usados senão uma primeira e única vez.

A direção comunicativa e o chassis equilibrado contribuem para uma condução mais dinâmica

Por outro lado, tanto o head-up display como os sistemas de ajuda à condução revelaram-se eficazes e úteis. Foi o caso do cruise control adaptativo ou do sistema de reconhecimento de sinais de trânsito. O pormenor dos batentes extraíveis nas portas é uma “invenção” que se revela útil. Para ser perfeita no futuro só tem de não fazer um barulho extra de cada vez que se fecha uma das portas. Várias foram as vezes que olhámos para trás com a sensação de que algo tinha caído ao fechar a porta.

O pormenor dos batentes extraíveis nas portas é uma “invenção” que se revela útil. Para ser perfeita no futuro só tem de não fazer um barulho extra de cada vez que se fecha uma das portas. Várias foram as vezes que olhámos para trás com a sensação de que algo tinha caído ao fechar a porta.

Familiar? SIM!

Mas se há detalhes em que nos surgem algumas dúvidas, outros há que são inquestionáveis. A Ford Focus Active é uma carrinha de vocação familiar, onde o espaço é tido em conta bem como a versatilidade e até mesmo o conforto, bem ao nível do melhor do segmento. Para além disso consegue uma condução aprimorada para aqueles que gostam de conduzir e para os quais o automóvel não serve apenas para ir do ponto A ao ponto B.

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O sistema de info-entretenimento Ford Sync3 com ecrã tátil flutuante de 8″ disponibiliza várias funções úteis, nomeadamente o Apple CarPlay e o Android Auto. O sistema de som B&O tem uma acústica fantástica e é um must-have por 305€ em conjunto com a navegação premium. A compor o apelativo aspeto exterior está o Pack Estilo Plus Active, que por 1423€ inclui jantes de 18″, vidros escurecidos e faróis LED adaptativos anti-encandeamento.

Conclusão

A Ford Focus é uma excelente proposta familiar, independentemente da versão. Em particular esta Active oferece um aspeto mais arrojado e aventureiro com poucas efetivas vantagens face aos restantes. O bom nível de equipamento, uma qualidade superior e muito espaço contribuem para um bom ambiente a bordo, em conjunto com um vasto leque de sistemas ao serviço do condutor.

Ficha Técnica