O BMW Série 1 e o Mercedes-Benz Classe A representam a entrada nas gamas dos construtores premium alemães, e, portanto, importantes para volume e contas dos fabricantes. Num segmento repleto de boas propostas, estes são os dois maiores adversários que lutam pelo primeiro lugar no top dos premium e por isso mereceram este comparativo.
Desde que os construtores premium entraram no segmento C que este adquiriu uma importância fundamental nas suas estratégias. São eles os principais responsáveis pelo volume de vendas e que poderão conquistar números interessantes ao final do ano. Neste frente a frente mais ainda, já que os modelos a comparativo representam a mais aguerrida disputa da indústria automóvel. De um lado a BMW que acabou de renovar completamente o Série 1 abdicando da tração traseira, do outro lado a Mercedes-Benz que estreou o mais avançado sistema de info-entretenimento na nova geração do Classe A. Com a tendência em abolir as variantes Diesel nos segmentos inferiores, e ainda que não seja o caso nos dois modelos a comparativo, confrontamos as duas versões gasolina idênticas entre construtores.
Espaço vs materiais
Um dos objetivos da marca de Munique foi aumentar o espaço interior, o que foi conseguido em pleno, e representa uma vantagem face ao Classe A, especialmente na traseira. No entanto, a versatilidade do Mercedes-Benz Classe A é superior já que encontramos mais e melhores espaços de arrumação e saídas de climatização para os lugares traseiros.
Já no BMW, o carregador wireless é pouco ergonómico e prático. Bem instalados, é o interior do Mercedes-Benz Classe A que mais impressiona numa primeira análise, com a iluminação LED, as saídas de ar com efeito turbina, e os dois ecrãs com múltipla informação. Na unidade ensaiada acrescem cerca de 2300€ para aumentar as 7” de série para 10”. O BMW também tem um habitáculo acolhedor, com um painel digital e um ecrã de info-entretenimento de grandes dimensões, mas aqui são opcionais por aproximadamente dois mil euros, encontrando-se, na boa tradição BMW, mais orientados para o condutor.
Os dois modelos em ensaio revelam um interior acolhedor e com comandos de boa ergonomia
Ainda no interior encontramos materiais de nível médio, sendo que o BMW volta a ficar atrás, devido á presença de vários plásticos pouco consentâneos com o segmento premium. Curioso, no entanto, é verificar que ainda assim e em pisos mais degradados é este que perceciona uma maior robustez no interior com um pisar mais firme e ausência de ruídos parasitas, enquanto o A200 deixa escapar alguns sons menos agradáveis, revelando que o aspeto visual teve preponderância sobre a solidez.
Nas bagageiras verifica-se um empate com dez litros de diferença entre eles, respetivamente 380 l para o BMW e 370 l para o Classe A na versão hatchback, já que a versão em ensaio (sedan) ganha vantagem significativa, revelando uma das suas mais valias com 420 l. No capítulo referente ao interior, a qualidade dos materiais bem como a versatilidade superior do A200 permitem-lhe sair a ganhar.
Conforto e envolvência
O Mercedes-Benz A200 está equipado com um motor 1.3 l de quatro cilindros com 163 cv, acompanhado da caixa automática de dupla embraiagem 7-DCT. No BMW 118i encontramos um motor 1.5 l de três cilindros com 140 cv, também ele acompanhado por uma caixa de dupla embraiagem com sete velocidades.
A BMW operou uma mudança fundamental no Série 1 que, com a tração dianteira, passa a estar igual para igual com o restante segmento. A condução deste BMW 118i revelou-se envolvente, fácil e previsível, e com um motor que não coloca grandes desafios ao chassis. Em estrada o Série 1 demonstra uma agilidade e fluidez, penalizada apenas por uma direção pesada, o que dificulta também em manobras. Aqui, também o ângulo de viragem é inferior ao seu concorrente.
Já o Mercedes-Benz A200 deste comparativo, tinha uma configuração a beneficiar a dinâmica, com a suspensão rebaixada da linha AMG e as jantes de 19”, ambas a penalizarem mais o conforto. Mesmo assim o Classe A não desilude e ajudado por uma boa direção curva de um modo estável e preciso, e permite ritmos rápidos. Sem nada a apontar a qualquer um dos modelos, é certo que nos sentimos sempre mais envolvidos na condução ao volante do BMW.
O Mercedes-Benz A200 consegue a proeza de andar mais e gastar menos
A maior potência do Mercedes-Benz garante-lhe melhores performances no comparativo, mas a transmissão automática revelou-se brusca, com reduções desnecessárias que originam uma progressão aos solavancos e, acima de tudo, um ruído do motor que é desconcertante no interior. Neste parâmetro o Série 1 ganha boa vantagem com uma caixa automática muito suave em andamentos contidos, que se deixa passar despercebida, e suficientemente rápida em modo Sport, embora seja de lamentar a ausência das patilhas no volante, nem como opcional, enquanto no Classe A fazem parte do equipamento de série. Destaque ainda para o sistema Start&Stop do 118i, pouco refinado no seu funcionamento. Já na travagem, boa e precisa em ambos os modelos, gostamos mais do feedback do pedal do BMW. Na categoria referente à dinâmica o Série 1 não deixa os créditos por mãos alheias.
Tecnologia e equipamento
Claro está que as configurações dos modelos a comparativo têm impacto na avaliação do conforto, algo que deverá ter em conta no momento da compra. Ainda que tenhamos tido isso em consideração, neste caso o BMW Série 1 tem vantagem natural, embora o Classe A não seja demasiado agressivo, mas é traído por um motor sempre mais presente e ruidoso, e pela já referida caixa automática com síndrome de hiperatividade, apresentando assim uma insonorização inferior à do seu rival, e provando que o fator três cilindros pode ser apenas preconceito. Tanto o BMW Série 1 como o Mercedes-Benz Classe A têm múltiplos ajustes para uma boa posição de condução, sendo que aqui é o Série 1 a sair prejudicado pelos desatualizados bancos de série que não têm qualquer apoio lateral nem na zona das pernas. Os bancos desportivos são opcionais por 500 € e são uma verdadeira mais valia.
O BMW mantém-se mais envolvente e dinamicamente melhor
Como é tradição nas marcas alemãs, o nível de equipamento de série é reduzido. Ambos os modelos do comparativo possuem de origem os sensores de estacionamento e o cruise control, bem como a ligação Bluetooth. O Mercedes-Benz inclui adicionalmente a câmara traseira de estacionamento, o ar condicionado automático e as patilhas no volante, o que lhe dá vantagem neste item. Infelizmente os equipamentos de segurança e os conteúdos de tecnologia são remetidos para uma longa lista de opcionais onde até os apoios de braço nos bancos traseiros se fazem pagar.
O sistema MBUX da Mercedes-Benz revela-se superior, incluindo os comandos de voz atenciosamente atendidos pela Mercedes e que ficámos a saber que é a mesma que responde (mas aqui só quando lhe apetece) no BMW. No modelo da estrela temos ligação Apple Carplay e Android Auto, enquanto no modelo de Munique apenas dispomos de Apple Carplay, embora aqui disponível por Bluetooth. A BMW adicionou a função tátil no ecrã do info-entretenimento, mas mantendo a muito prática roda de controlo. Já o ecrã do painel de instrumentos foi uma oportunidade perdida pois deixa a desejar na personalização que permite, e na disponibilização de informação e legibilidade. Para além disso é um opcional que representa um acréscimo de 2000 €. A superioridade do sistema MBUX, o maior equipamento de série, e o inferior custo dos opcionais permitem ao Mercedes-Benz A200 ganhar mais esta categoria.
Consumos decisivos
Em qualquer tipo de percurso o BMW revelou-se sempre mais gastador.. Importa, no entanto, ressalvar que nestes motores as médias são facilmente inflacionadas com percursos pouco favoráveis, pelo que não é difícil registos de 9 l/100 km em qualquer um dos dois.
Nas versões base verifica-se um empate nas emissões poluentes, que agora diferem consoante os equipamentos montados e o tamanho das jantes. Também a garantia se restringe ao mínimo obrigatório de dois anos. A diferença no valor do preço base de apenas um euro (!) comprova a marcação cerrada entre os dois construtores. O mesmo se verifica nas unidades em ensaio já com uma considerável lista de opcionais, enquanto a versão Sedan do Mercedes-Benz Classe A custa mais 1450 €. Depois de um grande equilíbrio em todos os itens de análise, a vantagem do Mercedes-Benz A200 nos consumos dão-lhe a dianteira na Economia.
A completa lista de pontuações por cada uma das cinco categorias – Interior, Dinâmica, Conforto, Economia e Estética, sendo que esta última atribui apenas um ponto de acordo com uma votação feita no nosso Instagram durante este comparativo.
| BMW 118i | Mercedes-Benz A200 | |
| 9,15 / 15 | INTERIOR | 9,45 / 15 |
| 7,4 / 10 | DINÂMICA | 6,9 / 10 |
| 9,9 / 15 | CONFORTO | 10,5 / 15 |
| 5,1 / 10 | ECONOMIA | 5,4 / 10 |
| – | ESTÉTICA | 1 |
| 31,6 / 50 | TOTAL | 33,3 / 50 |
Conclusão
Com dois fabricantes que se conhecem muito bem e se estudam mutuamente, era de esperar um equilíbrio neste frente-a-frente, talvez até o mais renhido até ao momento. A marca de Munique mudou totalmente o perfil do Série 1 mantendo um produto interessante e que, ainda que tenha perdido aquilo que o diferenciava, a tração traseira, mantém-se superior ao volante. O Classe A é um produto muito completo e que tem no seu interior atributos muito fortes. Se lhe juntarmos um motor com boa relação performance/consumo, e uma estética que, de acordo com a votação que habitualmente fazemos no Instagram, lhe atribui um ponto extra, temos a explicação para o vencedor deste comparativo. Desta vez, e por pouco, a taça vai para Estugarda!
Ficha Técnica
1499 vs 1332 cm3
Cilindrada
220 vs 250 Nm
Binário Máximo
140 vs 163 cv
Potência
8,5 vs 8,1 s
0-100 KM/H
213 vs 230 km/h
Velocidade Máxima
6,2 vs 4,9 l/100 km
Combinado
7,6 vs 7,2 l/100 km
Registado
140 vs 120 g/km
Emissões CO2
32 400 vs 32 359€
Base
41 409 vs 42 964€
Ensaiado
