Ainda que à primeira vista não pareça, o novo Renault Zoe mudou bastante e as novidades são mais que muitas. Esta terceira geração trouxe muitas atualizações, sendo que a maior ficou reservada para o interior. Com a sua primeira geração lançada em 2012, esta evolução parece ter ouvido as “preces” do mercado.
A versão em teste é a Z.E. 50 R135 “Exclusive” na cor azul “Foudre” (opcional, 450 €). Esta combina a bateria de maior capacidade (52 kWh) com o motor mais potente (135 cv e 245 Nm) – números que surpreendem ainda mais quando sentados ao volante do novo Zoe.
Por fora, e comparativamente à geração anterior, é fácil constatar que as alterações sofridas lhe conferem um porte ligeiramente mais atlético e atual. O novo grupo ótico 100% LED e as linhas mais pronunciadas do capot a fazerem lembrar um pouco os modelos mais recentes da marca francesa.
Já no interior, é onde encontramos as maiores diferenças. Completamente renovado, assemelha-se ainda mais aos outros modelos Renault modernos – como o Renault Clio V que já tivemos a oportunidade de testar anteriormente.
Os materiais, que agora são um misto entre o plástico (algum dele reciclado) e o tecido, conferem ao habitáculo um aspeto mais acolhedor e modernizado. Mesmo não sendo revestido a materiais nobres, este novo interior coloca-o um patamar acima comparativamente às gerações anteriores.
Tecnologia ao dispor da eletrificação
Outro ponto que surpreende bastante ao volante do novo Renault Zoe é a tecnologia aplicada a este eléctrico. Por trás do volante encontramos um painel de instrumentos 100% digital e ao centro do tablier um sistema de info-entretenimento EASY LINK® de 9,3” herdado do Renault Clio. Se antes dava a ideia de estarmos perante um interior “low-cost”, agora estamos perante um real automóvel do segmento B moderno.
O painel de instrumentos é agora 100% digital e conta com 10” de envergadura, que possibilita uma excelente leitura e interação sem perder a estrada de vista. É aqui que encontramos tudo o que é necessário para interagir com o Renault Zoe – por vezes até mais até do que com o próprio sistema de info-entretenimento.
Do consumo, navegação, velocidade, leitura de sinais, entre muitos outros sistemas de ajuda à condução, está tudo aqui. E dado que estamos perante um carro elétrico, é o estado atual da bateria que marca um ponto extremamente importante no painel de instrumentos. Este é aliás uma das alterações face ao modelo anterior, que disponibilizava pouca informação relativa ao estado da bateria, etc.
Disposto num grafismo circular, é possível perceber se o acelerador está demasiado “pesado” ou se por outro lado se encontra na zona “verde” (Eco), ou seja, onde consome menos. Se, por outro lado, estiver na zona “branca”, significa que estamos a tirar máximo partido da bateria (Power). Aquando da desaceleração, o grafismo passa para a zona “azul”, mostrando o estado e valor a que a bateria está a receber carga cinética, derivado do rolamento em estrada.
Um novo “modo” de conduzir
Através de um botão “Eco” localizado abaixo do sistema de info-entretenimento, podemos alternar entre dois modos de condução – “Normal” e “Eco” ou, como quem diz, “pequeno foguete” ou “maior autonomia”. Na maioria das vezes, o modo “normal” será o Eco, pois é neste que encontramos o meio-termo entre economia e potência, gerando o máximo de eficiência.
Já o modo “Normal” tende a ser quase como um “Sport”, pois liberta toda a potência disponível das baterias e motor de forma imediata, o que é bastante útil para uma ultrapassagem ou em subidas mais acentuadas – mas, claro está, fazendo maior uso da bateria, diminuindo a autonomia.
Aliado a estes, está o modo de transmissão “B” (ou “B Mode”) que encontramos no seletor de mudanças do tipo “shift-by-wire” e que tira maior partido da regeneração através da desaceleração sempre que se levanta o pé do acelerador – quase duplicando a energia recuperada em rolamento.
Deste modo, o acelerador funciona quase como um único pedal, não fazendo tanto uso do travão – prático para um uso mais citadino, usando apenas este como meio de acelerar e travar. É possível alternar entre o “D Mode” (normal) e o “B Mode” durante a condução, bastando apenas mudar o seletor para o modo pretendido.
Espaço a bordo
O espaço a bordo não perde para outros do segmento B, dispondo de cinco lugares. No entanto, atrás pode ser ligeiramente diminuto para adultos, ainda que a ausência de um túnel central facilite o espaço para os pés. O restante espaço a bordo é amplo. Nesta zona é ainda possível encontrar duas portas USB convencionais para carregamento de um telemóvel ou tablet.
Já a bagageira conta com 338 litros de capacidade. Por baixo do alçapão, é possível ainda encontrar um kit anti-furo ao invés de uma roda suplente.
Conectado com o mundo
O sistema de multimédia EASY LINK® de 9,3” de ecrã tátil conta com navegação GPS e é bastante fácil e intuitivo de usar. Aqui, encontramos ainda a visão da câmara traseira de estacionamento e onde o acesso a Apple CarPlay e Android Auto são ainda possíveis através de uma das duas portas USB presentes na frente. Um pouco abaixo da consola central, é possível ainda encontrar uma estação de carregamento sem fios para smartphone.
A Renault dotou ainda o novo Zoe com a possibilidade de o controlar remotamente através da aplicação MyRenault. Esta aplicação permite monitorar o estado da carga e ativar a climatização remotamente enquanto carrega, entre outras funções. Além disso, permite ainda programar revisões ou encontrar o centro de reparação mais próximo, tudo através do smartphone.
Consumos
Durante os dias em que testámos o Renault Zoe pudemos aferir que esta nova geração vem cumprir bastante bem o que prometeu. Numa condução despreocupada, foi possível manter as médias a rondar os 15 kWh/100 km (entre cidade, estrada e auto-estrada). Por outro lado, numa condução mais preocupada com o acelerador, as médias desceram até aos 11,9 kWh/100 km, num percurso maioritariamente citadino.
Para um consumo real em cenário misto (cidade e estrada), é bem possível fazer 350 km com uma carga apenas, não estando muito longe dos 386 km (de acordo com as normas WLTP) anunciados pela marca para esta bateria.
O carregamento ainda é um problema?
Vamos a contas. O Renault Zoe vem equipado com a bateria de 52 kWh, que além de lhe conferir uma maior autonomia, requer um maior tempo de carga. E caso pretenda carregar o Renault Zoe em casa, o melhor será investir numa Wallbox de 7kW.
De acordo com a Renault, os tempos de carga para o Zoe R135 são os seguintes:
- Tomada convencional (2,3kW AC – 10A) – cerca de 37 horas
- Tomada Green-up (3,7kW AC – 16A) – cerca de 19 horas
- Wallbox (7 kW AC – 32A ) – cerca de 8:30 horas
- Posto de carregamento (22 kW AC – 3x32A) – cerca de 2:50 horas
- Posto de carregamento rápido (50 kW DC – 3x80A) – cerca de 1:30 horas
No nosso caso, o método de carga utilizado foi através de um posto público de carregamento rápido, disponível a 50 kWh que permitiu uma carga de 30 a 100% em menos de duas horas. Face ao que inicialmente achámos que seria um problema, até acabou por ser “demasiado simples”.
Para as famílias que não dispõem de Wallbox ou garagem, é nos postos de carregamento públicos que recaem quando necessitam de carregar. Para tal, o Renault Zoe dispõe de uma lista dos postos de carga mais próximos através do sistema de info-entretenimento.
Ainda assim, uma aplicação que nos foi bastante útil é a Miio, mostrando os postos de carregamento mais próximos, a sua ocupação, preços e disponibilidade. Para quem tem ou pretende adquirir um carro elétrico, esta é uma excelente ferramenta.
Se antes os carregamentos eram um “problema”, hoje em dia esse estigma começa a cair em favor a um mundo cada vez mais eletrificado. Resta esperar que as infra-estruturas disponíveis continuem a funcionar e estejam cada vez mais próximas de quem delas necessita.
Renault apresenta ECO PLAN pioneiro
Em 2020 a Renault Portugal avança com um ambicioso plano de cinco estratégias com vista a estradas mais seguras e embiente mais sustentável, o Eco Plan.
Tudo isto tem um custo…
Ao nível de preço, o Renault Zoe está disponível a partir dos 23 690 € (com aluguer adicional de baterias) ou 31 990 € para compra integral, ambos para o pacote “ZEN”. O valor do aluguer mensal pode ser de 74€ para um limite de 7500 km por ano, ou 124€ sem limite de quilometragem.
Em teste, a versão ensaiada recaiu sobre a “EXCLUSIVE” que, para além do motor elétrico R135, inclui ainda algum equipamento extra face ao pacote “ZEN”, perfazendo um valor final de 36 240 €, ou 27 940 € com a opção de aluguer de baterias.
Comparativamente à geração anterior, está mais barato, mas ainda assim um preço um pouco alto para o segmento em que se insere, embora não neguemos de todo da sua validade para quase 100% da utilização diária que damos ao automóvel.
Conclusão
O novo Renault Zoe mudou (e muito!). Se às gerações anteriores faltava um toque de personalidade, esta tem agora tem argumentos mais que válidos para ser uma escolha consciente. Herdou linhas e tecnologia de modelos atuais, agora com uma melhor e maior bateria que lhe conferem uma maior autonomia.
Ficha Técnica
245 Nm
Binário Máximo
135 cv
Potência
9,5 s
0-100 KM/H
140 km/h
Velocidade Máxima
23 690€
Base
36 240€
Ensaiado
Autonomia. Tecnologia. Dinâmica de condução.
Preços.