Pinhel tem apenas cerca de 3500 habitantes na zona urbana e menos de 10 mil a nível concelhio mas… é uma cidade. A razão é de ordem religiosa, já que em 1770, por desanexação da Diocese de Lamego, torna-se diocese e cidade. 111 anos depois, a diocese é extinta e incorporada na Diocese da Guarda, mas permanece como cidade, assinalando, este agosto, 250 anos de tal conquista.
Foi um dos concelhos do distrito da Guarda mais afetados pela pandemia, mas desde muito cedo que o município tentou encontrar soluções para minimizar a propagação do coronavírus. Foi uma das primeiras câmaras municipais a encerrar os serviços ao público, mas também é das primeiras da região a fazer o desconfinamento.
Percorrer Pinhel, de carro ou a pé, é uma experiência distinta de qualquer outra metrópole, desde logo pelo trânsito reduzido e pacífico, a qualquer hora do dia. Depois, porque facilmente se alcançam os limites da zona urbana.
Património Histórico
O que mais salta à vista é o seu património histórico. Cedo se aproveitou este território próximo da fronteira como ponto estratégico de defesa, organização militar e poder judicial. Abundam, por isso, edifícios históricos, civis e religiosos, dezenas de brasões e solares setecentistas e oitocentistas. Pinhel é mesmo a cidade com mais solares por metro quadrado, muitos deles classificados. Entre eles, a Casa Grande, a Casa Metello de Nápoles, as Casas Simões Ferreira, Mendes Pereira, Casa Gusmão, e os Solares dos Mena Falcão e dos Metello Corte Real.
A riqueza de Pinhel são as suas gentes. Memória de séculos que se perpetua nos sabores, tradições, artes e vinhos
Iniciamos esta descoberta na zona mais alta, junto ao castelo, datado do séc. XIII e classificado como Monumento Nacional. Sobressaem a torre de menagem, com a exuberante janela manuelina, e a torre da prisão.
Cidade falcão
Pinhel também é conhecida como cidade falcão, uma história que remete ao tempo da luta pela independência nacional. Reza a lenda que o destacamento de Pinhel presente na Batalha de Aljubarrota capturou o falcão de estimação de D. Juan, rei de Castela, tornando-se o símbolo da coragem e do brasão dos pinhelenses. Recebeu ainda elogios de D. João I, o Mestre de Avis, descrevendo a então vila com “Pinhel Falcão, Guarda-mor de Portugal”.
A zona histórica pode ser percorrida pelo “Caminho de Ronda”, acesso habitual de quem tinha o dever de assegurar a defesa da povoação. Em 2019 foi alvo de um projeto de valorização que permite agora que o visitante percorra a muralha, atravesse passadiços e escadas e contemple a paisagem nas plataformas com efeito de miradouro.
A muralha de quase 800 metros de perímetro, abre em cinco portas: Porta de São Tiago, Porta de São João, Porta de Marrocos, Porta de Alvacar e Porta de Marialva. A antiga Porta da Vila, entretanto, desapareceu.
Na praça Sacadura Cabral, num edifício do séc. XVIII construído inicialmente para ser a câmara municipal, fica hoje o Posto de Turismo e a Loja de Produtos Endógenos, com uma mostra do que melhor se faz pelo concelho, entre vinhos, enchidos, doces. A Casa da Cultura está instalada, desde 2014, no antigo Paço Episcopal, e comporta o Museu Municipal e o Museu José Manuel Soares, abertos para visitas gratuitas.
Pinhel por fora de estrada
Abandonamos a cerca da cidade e partimos para as suas paisagens. É chegada a hora do Volvo XC40 mostrar a sua faceta mais aventureira. Carro do ano em 2018, o XC40 é uma contundente afirmação de competência da marca sueca. Mais do que uma redução de tamanho dos irmãos mais velhos, este compacto foi pensado de raiz, aliando uma estética jovem e moderna, a um comportamento refinado e maduro.
O interior minimalista, bem ao estilo nórdico, alia o conforto à tecnologia de topo oferecida de série, e a um excelente sistema de info-entretenimento. Aqui na versão diesel D3 de 150 cv, o bloco de quatro cilindros turbodiesel de 2.0 l e 350 Nm de binário é competente. A caixa manual de seis velocidades com excelente escalonamento, mantém toda a potência disponível e a direção é bastante direta e responsável.
Contas as feitas, seguimos ao volante de um dos melhores SUV do mercado que, mesmo nesta versão mais “inocente”, é capaz de fazer frente os seus rivais alemães.
E Bogalhal Velho fica a apenas 6km da sede de concelho. Um local deserto e até místico, onde apenas aves e insetos interrompem o silêncio. Reservamos alguns minutos para contemplar o Côa, Ribeira das Cabras e a Serra da Marofa, e seguimos viagem até Cidadelhe.
Riqueza diversa
Pinhel está integrado na rede de Sítios Arqueológicos do Vale do Côa. O Núcleo Rupestre da Faia, em Cidadelhe, apresenta alguns painéis de granito ao ar livre, onde estão gravados e pintados motivos de animais e pessoas. Está classificado como Monumento Nacional e Património Mundial da Unesco e a sua visita requer uma marcação prévia junto da Fundação Côa Parque. Na aldeia a que José Saramago chamou “calcanhar do mundo”, no livro “Viagem a Portugal”, existe ainda um famoso pálio de 1707, em veludo carmesim bordado a seda e lantejoulas. Até 2018, altura em que foi inaugurada a Casa Forte, aberta a visitas, o pálio mantinha-se guardado secreta e alternadamente nas casas dos moradores. Saía à rua apenas nas procissões da Páscoa e do Corpo de Deus, sendo necessários oito homens para o transportar.
Na povoação, observe a arquitetura das casas alpendradas em granito, o Castro da Idade do Bronze, as inscrições romanas, as habitações redondas, os símbolos e representações judaicos e a famosa escultura do Cidadão esculpida na pedra, símbolo do Cidadão Livre de Cidadelhe.
Um vasto património erigido com os seus granitos, rodeado de paisagens e recantos que fomos descobrir ao volante do Volvo XC40
Regressamos a Pinhel, atravessando um território altamente marcado pela agricultura familiar, pastorícia, vinhas e olivais, fundamentais na economia local. O reflexo de todas as colheitas recai no prato, com o cabrito e borrego a degustar o palato, regados com o vinho da região, cada vez mais aclamado. Escolhemos ainda outro destino para uma pausa nesta viagem, rumo a Este: a praia fluvial de Vale de Madeira, um pequeno paraíso verde nas margens do Côa, para um breve piquenique.
Altura para tratar das lembranças. Além dos néctares da região, os mais gulosos podem sempre comprar as cavacas de Pinhel, que apenas a doceira Maria da Conceição Dias, de 74 anos, faz, com base uma receita ancestral das freiras da Ordem de Santa Clara. Mel, azeite e enchidos completam a oferta.
Entre Portas
Pinhel | Largo Ministro Duarte Pacheco
Tel.: 962 026 467
O Petisco
Pinhel | Quinta da Cheínha
Tel.: 271 412 790
Primus
Pinhel | Lugar da Pedrosa
Tel.: 919 039 555
Taberna do Juiz (mediante marcação prévia)
Juízo (Freguesia do Vale do Côa)Tel.: 916 555 463
Quinta das Pias – Turismo Rural
Tel. 919 792 315
E-mail: reservas@quintadaspias.com
Encostas do Côa – Turismo Rural
Tel. 271 411 132 / 964 787 619
E-mail: geral@encostasdocoa.pt
Casas do Juízo – Turismo de Aldeia
Tel.: 927 585 758 / 927 585 602
E-mail: reservas@casasdojuizo.com
Cidadelhe Rupestre – Turismo Rural – Hostel
Tel.: 961 083 914 / 966 284 274
E-mail: info@cidadelherupestre.com