De forma a fazer face às normas de emissões cada vez mais apertadas, a Suzuki aderiu às motorizações semi-híbridas e aplicou-as à gama do SUV compacto japonês. Tudo com o objetivo de alcançar consumos e emissões de CO2 inferiores em cerca de 15% relativamente ao antecessor. Fomos à descoberta do Suzuki Vitara 48 V, dentro e fora de estrada, com a versão 4WD ALLGRIP.
Renovação do grupo propulsor
O SUV compacto nipónico renovou-se e acabou por aderir às motorizações mild-hibrid, ou como quem diz, uma solução semi-híbrida que permite uma redução de emissões e consumos em cerca de 15% face ao antecessor. Para tal, a Suzuki equipou a mais recente geração do Vitara com o mais recente “Boosterjet” 1.4 Turbo a gasolina (K14D). Este recebeu alterações na taxa de compressão, novo sistema de injeção, sistema VVT (abertura variável das válvulas) e EGR (sistema de recirculação dos gases de escape), tudo em prol da eficiência. De fora, fica o anterior 1.0 Boosterjet, também ensaiado por nós.
No entanto, e no papel, os dados ditam que esta motorização debita uma potência de 129 cv (às 5500 RPM) e um binário máximo de 235 Nm. Por um lado revela uma diminuição de 11 cv face ao K14C, mas mais 15 Nm de binário. Por outro, o novo sistema elétrico de 48V adiciona um motor-gerador de 10kW (14 cv) de potência que acaba por compensar em aceleração, reduzindo o consumo de combustível.
Este sistema, além do motor-gerador elétrico, traz consigo uma bateria de iões de lítio de 48 V de 8 Ah (0,38 kWh de capacidade) por baixo do banco do passageiro dianteiro. Já por baixo do banco do condutor, um conversor de 48 V para 12 V DC-DC. Mas como é que isso se traduz em condução? Pois bem, além de uma aceleração suave, o motor elétrico permite uma rápida resposta ao acelerador, tanto em arranque como em recuperação, permitindo uma redução significativa no consumo.
Suzuki Vitara entra na tecnologia Mild Hybrid
Com o Suzuki Vitara Hybrid 48v o constutor pretende a redução dos consumos e das emissões, apostando ainda no preço e no equipamento.
Um design contido
Esteticamente o Suzuki Vitara não mudou significativamente. Por fora conta agora com novos faróis com tecnologia LED, um acabamento em cromado junto aos faróis de nevoeiro e uma nova grelha de barras verticais. Visualmente, as diferenças são poucas, mas ostenta agora uma frente mais contemporânea. Já a pintura “Solar Yellow” e tejadilho preto acabam por lhe assentar bastante bem e contrastar com o pano de fundo que escolhemos para este ensaio.
Já no interior, onde poderia ter sofrido uma boa atualização, manteve-se inalterado. Tanto a nível de quotas de habitáculo como a nível de montagem, não existem queixumes a apontar. Já esteticamente, deixa um pouco a desejar. O que mais destoa é mesmo o sistema de info-entretenimento, de aspeto bem datado e grafismos ultrapassados. Ainda assim, permite a ligação a Apple CarPlay e Android Auto, o que nos dias que correm acaba por ser um “must-have”. Além disso, onde poderia bem assentar a velha “rodinha” para regular o som, encontramos um painel sensível ao toque. Quase parece irónico, tendo em conta o restante conjunto.
O painel de instrumentos é misto entre analógico e digital, contando com um painel a cores de 4,2″ disposto entre o conta-rotações e o velocímetro. É bastante completo e permite ainda uma visualização dos modos de condução, consumos, ajudas à condução e ainda o consumo e estado e carregamento da bateria de auxílio ao motor. Para controlar estes menus? Ao contrário de outros construtores, o Suzuki Vitara ainda recorre a uma “vareta” que, diga-se, em condução não é solução mais ergonómica.
Conforto e robustez, dignas de um SUV
Tal como referido anteriormente, o SUV nipónico não se pode vangloriar de ser o mais atual em termos de estilo, mas nem mesmo isso o prejudicam no que toca ao conforto e quotas de habitabilidade. Na frente, os bancos conferem um bom apoio, e além de um bom material (apenas pecam pelo desenho central em tecido) são também aquecidos. O interior é na sua maioria composto por plásticos duros e de aspeto pouco atual, seja nas portas ou tablier. Mesmo as saídas de ar dão um aspeto mais “primitivo”, culminando num relógio analógico (isto ainda se usa?) ao centro do tablier.
Na frente está ainda disponível uma porta USB de acesso aos sistemas de ligação a smartphone e uma tomada de 12v. Já atrás, é possível também viajar sem restrições ao nível do espaço, contando ainda com 375 l de capacidade de bagageira. Esta conta ainda com um alçapão a dois níveis de nivelação, e um kit anti-furo por baixo deste.
“Diversão” às 4 rodas
É fora de estrada que o Vitara demonstra as suas valências e quais os motivos que nos levaria a escolher este SUV face a outros. É que este Suzuki Vitara vem equipado com 4WD ALLGRIP ou, como quem diz, “diversão às 4 rodas”. Este permite selecionar entre quatro modos de condução (Auto, Sport, Snow e Lock), que permitem uma desenvoltura em qualquer situação.
No nosso caso, foi fora de estrada e em terra batida que fizemos as nossas delícias e levámos o Vitara a caminhos pouco propícios a outro tipo de veículos. E sim, aqui qualquer outro SUV compacto de tração dianteira ficaria pelo caminho. Seja em trilhos de terra batida, subidas íngremes e alguns troços de areia, nada foi capaz de demover o Suzuki Vitara. A suspensão foi capaz de absorver bem as irregularidades do piso, dentro e fora de estrada, e a montagem mostrou-se sempre bem robusta e sem queixas.
Já ao nível dos consumos, o Suzuki Vitara 48 V terminou o nosso ensaio com um consumo médio de 6,6 l/100 km. Ligeiramente acima dos valores anunciados pela marca (6,2 l/100km), é a ilustração da realidade que este novo grupo propulsor é capaz de alcançar, em conjunto com o sistema mild-hybrid. Para quem procura um SUV compacto de tração integral, de boa construção e capaz de consumos realistas, este é uma excelente opção.
Em termos de valores, a gama Vitara está disponível a partir de 23 527 €, sendo que o valor da unidade ensaiada é de 30 395 € (sem despesas administrativas). Este valor pode descer em cerca de 2700€, caso se opte pela campanha financeira da Suzuki.
Conclusão
O Suzuki Vitara 48 V pode não ser o mais atual nem ser uma referência do segmento, mas ainda assim tem um trunfo: opção de tração às quatro rodas. Por dentro continua a necessitar de uma atualização mas as quotas internas vão ao encontro do que seria de esperar num SUV compacto. Já o novo grupo propulsor, de recurso ao sistema mild-hybrid, é agora mais eficiente e poupado, sem perder em performance.
Ficha Técnica
1373 cm3
Cilindrada
235 Nm
Binário Máximo
129 cv
Potência
190 km/h
Velocidade Máxima
6,2 l/100 km
Combinado
6,6 l/100 km
Registado
141 g/km
Emissões CO2
23 527€
Base
30 395€
Ensaiado
Tração integral. Consumos. Robustez.
Interior antiquado. Sistema de info-entretenimento.