Suzuki Ignis vs Fiat Panda: Pequenos Aventureiros

Práticos e vocacionados para deslocações urbanas, Suzuki Ignis e Fiat Panda também já recebem ajudas híbridas e são obrigados a fazer muito… com pouco!

Fiat Suzuki
Citadino
Suzuki Ignis 1.2 Dualjet Mild Hybrid GLX vs Fiat Panda 1.0 Hybrid Launch Edition

Os pequenos citadinos do segmento A são, muitas vezes, porta de entrada no mercado automóvel para recém-encartados mas acabam também a cumprir funções de segundo carro, muitas vezes obrigados a cumprir tarefas familiares. Destinados essencialmente aos percursos urbanos, é também por esses motivos que vemos as marcas a abdicarem destes modelos em versões de três portas, enquanto algumas acabam mesmo por abandonar o segmento. Por definição querem-se baratos, práticos e económicos. O Suzuki Ignis e o Fiat Panda, são bons exemplos disso, até porque mesmo em versões de entrada, já não abdicam de uma ajuda híbrida nestas motorizações recentemente evoluídas.

Com 40 anos de história, o Fiat Panda soube aplicar muito bem os factores mais importantes neste segmento. Um motor económico e um desenho “quadradão”, com as rodas nos cantos da carroçaria para maximizar o espaço interior. Com a atual geração do Fiat Panda a rolar desde 2011, foi já neste ano de 2020 que o fabricante italiano introduziu uma versão híbrida para melhorar consumos e emissões. Deste modo, o 1.2 l de 69 cv foi substituído por um 1.0 l tri-cilíndrico com um apoio mild-hybrid fornecido por uma bateria de 11 Ah.

A marca italiana opta por um motor tri-cilíndrico, enquanto a Suzuki mantém-se fiel aos

E se o Fiat Panda é um modelo carismático na marca italiana, existem traços no Suzuki Ignis que recordam modelos também com mais de 40 anos, como o Suzuki Cervo. Tal como todos os fabricantes japoneses, a Suzuki tem tradição na produção de citadinos, especialmente de kei-cars e o Ignis é a base da sua gama. Também em 2020, o Suzuki Ignis recebeu uma versão ampliada do sistema híbrido que já possuía. Este combina uma bateria de maior capacidade com o motor 1.2 l de quatro cilindros com 82 cv.

Ambos os modelos são Mild-Hybrid, o que significa que a bateria não permite percorrer quilómetros em modo elétrico. Serve sim para apoiar o funcionamento do motor a combustão e do sistema Start&Stop, mas também para apoiar outros sistemas como a climatização.

Espaço suficiente?

A “arrumação” de passageiros e bagagem em modelos que medem menos de quatro metros de comprimento representa um desafio de packaging para os construtores. Neste particular o Suzuki Ignis ganha ao Fiat Panda. Se na dianteira o espaço é equivalente nos dois modelos, na traseira o Ignis é bem mais desafogado, especialmente ao nível dos joelhos. Outro dos atributos do modelo japonês é o banco traseiro deslizante, bem como a regulação da inclinação do encosto. A forma como o construtor japonês soube aproveitar o espaço é de louvar.

O Panda contrapõe com a possibilidade de transportar um quinto passageiro… no livrete (o Ignis é exclusivamente para quatro), ainda que seja um opcional de 200€. Quando chega à altura de usar a bagageira, o Suzuki volta a levar a melhor, com 260 l de capacidade, sendo que o Fiat se fica pelos 225 l. O Fiat Panda perde ainda no ângulo de abertura das portas traseiras, com um acesso consideravelmente mais apertado e pouco prático.

Ainda no interior encontramos plásticos duros na sua totalidade nos dois modelos. A montagem parece correta, mas já descortinávamos alguns ruídos parasitas em pisos degradados. Ambos têm espaços de arrumação em número suficiente, tanto na consola central como nas portas, mas lamenta-se que nenhum desses compartimentos seja coberto, algo minorado com o grande porta-luvas do Fiat Panda.

O Suzuki Ignis ganha vantagem no que diz respeito ao Interior, com mais bagageira e mais espaço atrás a fazerem a diferença.

Andamento contido

Não se pede nenhuma desportividade a qualquer um destes citadinos, mas o Suzuki Ignis é mais expedito nas suas obrigações citadinas. O tacto dos comandos, bem como a facilidade de dosear embraiagem originam uma condução mais fluída. No Fiat Panda os comandos são menos progressivos e a direção mais vaga. Em andamento mais rápido o Ignis demonstrou um melhor comportamento, com um rolamento de carroçaria melhor controlado, ao passo que o modelo italiano é mais propício a ser “saltitão”. Em maus pisos o panorama inverte-se, pois o modelo transalpino é mais confortável, sendo que beneficia de jantes de 15″ e que, embora bem disfarçadas com uns tampões apelativos, são jantes de ferro. O Suzuki Ignis propõe jantes de liga leve de 16″.

A inclusão do motor 1.0 l atmosférico no Panda só lhe fez ganhar 1 cv (de 69 cv para 70 cv) e, com um binário de 92 Nm, o motor revela-se curto. As recuperações são lentas e é sempre preciso usar a caixa para tirar tudo o que este 1.0 tem, com prejuízo de consumos e ruído. A inclusão da nova caixa de seis velocidades é positiva, apesar do escalonamento longo, mas estamos convencidos que a montagem deste motor na versão turbo seria a escolha certa.

Dois modelos citadinos, abaixo dos 20 mil euros, e já com ajudas híbridas para reduzir emissões e consumos.

O Suzuki Ignis não é nenhum foguete, mas consegue ser mais despachado que o rival de ocasião. Com mais 12 cv e 15 Nm de binário o quatro cilindros cumpre sem deslumbrar, mas permite-lhe criar vantagem. O sistema start-stop funciona bem e é suave nestes dois modelos e as baterias de capacidade majorada permitem desligar o motor ainda antes de imobilizar os veículos. A travagem cumpre, apesar da existência de tambores no eixo traseiro em ambos os modelos. Os melhores comandos e a vantagem nas performances dão a vitória ao Suzuki Ignis na categoria referente à Dinâmica.

Para lá da cidade…

Os dois modelos apresentam um aspeto mais aventureiro face a outros modelos do segmento A, no entanto apenas o Suzuki Ignis está disponível com uma tração integral Allgrip que permite algumas brincadeiras fora de estrada. Não falta um modo de controlo de descidas e um sistema Grip Control. Com o sistema 4×4 de acoplamento viscoso, o binário é automaticamente distribuído às rodas traseiras quando existem perdas de tração no eixo dianteiro. O Fiat Panda fica-se pela boa altura ao solo e as zonas inferiores com guarnições a atribuírem lhe o aspeto mais aventureiro.

Tecnologia Desigual

A atual geração do Fiat Panda foi lançada no final de 2011, não tendo sofrido alterações profundas até agora. Facto que se nota especialmente no interior. Não existe qualquer ecrã de info-entretenimento, limitando-se o Panda a apresentar uma ligação Bluetooth e um suporte para o telemóvel com tomada USB. O ar condicionado automático é de série e os espelhos são elétricos. Os sensores de estacionamento estão relegados para os opcionais (280 €). Não existem tecnologias de apoio à condução e nem sequer temos vidros elétricos traseiros como opcional.

Em contraponto, o Ignis nesta versão GLX, tem uma lista de equipamento muito completa, da qual destacamos a camera traseira, os bancos aquecidos, as luzes automáticas, o avisador de saída de faixa e o alerta de colisão dianteira. Adicionalmente ainda temos os vidros escurecidos e as referidas jantes de liga leve com 16″. O ecrã central tem ligações Apple Carplay e Android Auto, bem como navegação. O interface pode evoluir, até porque é comum a todos os modelos do construtor mas aqui no Ignis cumpre sem ser criticável. É uma enorme vantagem para o Suzuki no capitulo do equipamento.

A maior diferença entre os dois modelos é mesmo ao nível da tecnologia disponível a bordo.

Panda e Ignis incluem regulações em altura de banco e volante, com o citadino japonês a permitir um melhor enquadramento do condutor. Destaque ainda para a colocação ergonómica do manipulo da caixa do Panda. Em estrada a insonorização não impressiona em nenhum destes modelos, sendo que a utilização de regimes altos reforça o som do motor no habitáculo, com natural vantagem para o melhor refinamento do quatro cilindros do Suzuki.

A grande vantagem no equipamento de série, bem como a disponibilização de tecnologias que não se encontram no Panda nem como opcional, dão a categoria Conforto ao Suzuki Ignis por larga margem, desequilibrando as contas.

E na carteira?

Com a ajuda dos sistemas Mild-Hybrid tanto Panda como Ignis são capazes de fazer consumos contidos. Em situações de pouco trânsito é comum os computadores de bordo marcarem valores entre os 4 e os 5 l/100 km. Nos quilómetros que realizamos com algum trânsito e em vias rápidas terminámos com 5,5 l/100 km para o Suzuki Ignis e 5,8 l/100 km para o Fiat Panda, um empate face à pequena diferença registada. Nos valores de IUC anual e nas emissões o equilíbrio mantém-se e só a garantia de cinco anos da Suzuki lhe permite ganhar vantagem face aos quatro anos da Fiat.

Os valores de aquisição destes dois citadinos são similares, dado que o Fiat Panda 1.0 Hybrid Launch Edition tem um preço de 16 330€. O Panda ensaiado custa 18 683 €, com opcionais tais como a pintura metalizada, os vidros escurecidos e os sensores de estacionamento. O Suzuki não tem quaisquer extras mas a unidade ensaiada era a 4WD de tração integral com um preço de 18 320€. No entanto é possível adquirir a versão de tração dianteira por 16 782€.

Verificou-se um equilíbrio nesta categoria de Economia, só desempatado pela garantia adicional do Ignis de mais um ano face ao Panda.

Os nossos seguidores decidem!

Como é habitual nos nossos comparativos, existe um ponto extra para a Estética e que é atribuído pelo resultado da votação que efetuamos no nosso Instagram. Neste caso, a escolha recaiu também sobre o modelo japonês. Se o Suzuki Ignis já levava um avanço tendo ganho todas as categorias do comparativo, o ponto extra na Estética veio reforçar o aspeto mais atualizado do pequeno japonês.

O Fiat Panda, sendo um automóvel capaz para cumprir todas as tarefas que lhe são exigidas, acusa os anos do projeto e por isso acaba significativamente derrotado.

Suzuki Ignis 1.2 DualJet Mild-hybrid Fiat Panda Cross 1.0 Hybrid Launch Edition
6,5 / 10 INTERIOR 5,2 / 10
4,6 / 7,5 DINÂMICA 4,0 / 7,5
9,9 / 15 CONFORTO 6,9 / 15
12,43 / 17,5 ECONOMIA 12,08 / 17,5
1 ESTÉTICA0
34,4 / 50 TOTAL 28,2 / 50

Conclusão

Estamos em presença de dois produtos que cumprem o essencial daquilo que se espera de citadinos de entrada de gama. Espartanos e económicos, permitem deslocações despreocupadas em percursos maioritariamente urbanos e sub-urbanos. Contudo, neste comparativo há um vencedor claro. O Suzuki Ignis mostrou-se um veículo capaz e pôs a nu as limitações de um Panda que já leva nove anos de mercado e no qual o novo motor não conseguiu significativas melhorias de performance. A grande vantagem no equipamento de série e na tecnologia, proposta a um preço equivalente, bem como um motor mais despachado e o espaço traseiro mais amplo do que o rival de ocasião, dão o primeiro lugar neste comparativo ao Suzuki Ignis, por larga margem.

Ficha Técnica

Cilindrada

1197 vs 999 cm3

Cilindrada

107 vs 92 Nm

Binário Máximo

82 vs 70 cv

Potência

Cilindrada

12,7 vs 14,7 s

0-100 KM/H

165 vs 155 km/h

Velocidade Máxima

Cilindrada

5,1 vs 5,6 l/100 km

Combinado

5,5 vs 5,8 l/100 km

Registado

114 vs 126 g/km

Emissões CO2

Cilindrada

16 782 vs 16 330€

Base

18 320 vs 18 683€

Ensaiado