Poucas dúvidas ficaram após a realização da primeira prova do Mundial de Fórmula 1. A Red Bull tem o carro mais veloz do plantel e em Imola vamos assistir ao segundo episódio de uma luta entre Hamilton e Verstappen que muito promete. A passagem pelo circuito de Sakhir no Bahrain permitiu clarear as dúvidas surgidas após os testes de pré-temporada. Permitiu, também, perceber que a Red Bull trabalhou, afincadamente, junto com a Honda, no carro para 2021 e que a Mercedes perdeu a vantagem que guardava e bem a famosa “volta ao parafuso” permitiu esconder o facto da Red Bull estar na frente. Como será este fim de semana no Grande Prémio F1 de Itália?
Por outro lado, ficaram evidentes as dificuldades de algumas equipas que, já nesta segunda ronda do campeonato, vão utilizar atualizações do projeto inicial. Ou seja, começam a ter mais trabalho do que era esperado para uma época em que (quase) tudo ficou igual a caminho das novas regras de 2022.
Luta que promete
Max Verstappen terá na rapidíssima pista de Imola a oportunidade de vibrar o primeiro golpe na couraça de Lewis Hamilton, acredito, preocupado após uma vitória no braço embora com uma sombra de critica pela questão dos limites de pista. Fosse a Fórmula 1 uma competição norte americana e a vitória estaria no bolso de outro piloto.
Imola é um traçado mítico da Fórmula 1 e regressou o ano passado à disciplina de topo do desporto automóvel no meio da necessidade de pistas para cumprir um Mundial digno, ajoelhado que foi pela pandemia de Covid 19. Mas como aconteceu com Portugal, o sucesso foi assinalável e, como disseram alguns pilotos, ter de volta pistas “naturais” e não as “paridas” pelos computadores de Hermann Tilke é muito agradável.
Em 2020, recordamos, houve um treino de 90 minutos, a qualificação e a corrida. Tudo compactado e sem tempo para desenhar uma configuração ótima para enfrentar uma pista dura e exigente como Imola.
Traçado exigente
O circuito que leva o nome de Enzo Ferrari e do seu filho Dino, é um traçado fabuloso onde a média da volta em qualificação fica acima dos 240 km/h, como o testemunhou o piloto que rubricou a “pole position”, Valtteri Bottas.
O traçado conheceu algumas alterações face ao circuito original, como o alargamento da “Variante Bassa” que permite que os carros cheguem aos 330 km/h entre a dupla esquerda de “Rivazza” e a chicane de “Tamburello”. Tudo isto entrecortado pelas curvas lentas como a “Tosa” (a mais lenta de todas), Piratella e a chicane da “Aqua Minerali” e outra chicane, a “Variante Alta” que dá depois acesso á reta da meta.
É verdade que é difícil ultrapassar neste traçado do Grande Prémio F1 Itália, muito estreito e onde os erros se pagam muito caro.
Por isso mesmo, a FIA alterou a zona de DRS tentando criar, artificialmente, formas para haver mais que as 10 trocas de posição registadas em 2020. O DRS na reta da meta começa na entrada das boxes com a medição a ser feita depois da dupla Rivazza.
O Grande Prémio del Made in Italy e Dell’Emilia Romagna (que raio de nome!) terá um programa “normal” com as sessões de treinos livres na sexta feira, sessão livre e de qualificação no sábado e a corrida no domingo. E numa decisão que mostra respeito pela realeza britânica, a FIA mudou os horários da prova. Assim, na sexta feira, as sessões livres foram antecipadas meia hora, enquanto que no sábado, a sessão de treino livre e as qualificações foram adiadas uma hora.
Duro teste para pneus
No que toca aos pneus, a Pirelli vai fornecer os compostos C2, C3 e C4, num circuito exigente onde o desgaste dos pneus não é problema. Por isso mesmo e porque as ultrapassagens são poucas, a estratégia deverá passar por uma única paragem. Até porque em Imola perde-se muito tempo nas boxes pois a pista italiana tem a linha de boxes mais longa do Mundial com 528 metros!
Já estruturalmente, os Pirelli vão sofrer neste Grande Prémio F1 Itália, pois os pilotos vão atirar com os carros para os corretores. Será um duro teste à nova construção das borrachas da marca de Milão, mesmo que os carros tenham, nesta altura, menos apoio aerodinâmico o que facilita as coisas aos pneus.
Como disse acima, há equipas que perceberam terem nas mãos um limão. Ou seja, o projeto não saiu como pretendiam e aproveitando as três semanas que mediaram entre o Bahrain e Imola, já desenvolveram evoluções para os seus carros.
Estratégias distintas
Se a Red Bull tem a certeza do melhor carro neste momento, a Mercedes vai aparecer em Imola com algumas novidades, a maioria delas invisíveis para que o carro evolua, não se esperando muitas diferenças até o GP de Portugal.
No sentido oposto caminha a Alpine. Preocupada com o falhanço do projeto A521, a equipa francesa aparecerá em Imola com um novo pacote aerodinâmico que permite chegar perto da McLaren, Ferrari e a Alpha Tauri. E o dia de sexta feira será usado para definir mais evoluções para Portugal e provas seguintes.
Ferrari e Alpha Tauri também terão novidades em Imola, que estão de evoluir os carros, enquanto a Alfa Romeo alterou várias peças e parâmetros do C41. No caso da equipa de Kimi Raikkonen e Antonio Giovinazzi, a ideia é manter a evolução positiva experimentada no Bahrain.
Finalmente, os casos da Haas e da Williams. A equipa norte americana já deu como perdido o ano de 2021 e está focada em 2022, pelo que no Grande Prémio F1 de Itália surgirá uma evolução que deverá ser a última deste ano. Isto na tentativa de impedir que a Williams deixe de ser a pior equipa do pelotão. Mas Geiorge Rusell é um ativo muito forte e nem Mick Schumacher e menos ainda Nikita Mazepin conseguirão contrariar o britânico ao volante de um Williams que melhorou, mas continua fraquinho.
Favoritos à partida
Fechamos esta antevisão sobre o Grande Prémio del Made in Italy e Dell’Emilia Romagna com o desenho sobre os favoritos. A Mercedes tem boas recordações de Imola e ganhou a primeira prova de 2021. Mas Toto Wolff e os seus comandados sabem que a Red Bull tem vantagem face aos W12 da Mercedes e Verstappen tudo fará para bater Lewis Hamilton.
E acredita-se que a vantagem da Red Bull em Imola será maior que no Bahrain, pois é mais rápida e fluída que Sakhir, as rápidas mudanças de direção e as curvas de alta velocidade servem bem ao RB16B.
Mas não podemos esquecer que o motor Honda conheceu alguns problemas de sobreaquecimento e com o diferencial no Bahrain. Ou seja, a fiabilidade ainda não está perfeita e o traçado de Imola é conhecido como duro para as mecânicas. Portanto, acredito que a decisão seja feita no braço e, igualmente, na estratégia e aí, a Mercedes continua com vantagem…