Dacia Sandero. De "low-cost" já só tem mesmo o preço. Melhor só OFERECIDO!

Durante a apresentação nacional do novos Dacia Sandero e Sandero Stepway já tínhamos dado conta das evoluções de que o modelo foi alvo. Muito mais maduro, este assenta numa nova plataforma e tem muito mais equipamento – nomeadamente, sistemas de segurança ativa e passiva -, mas também novas motorizações, entre elas uma versão gasolina/GPL. Nada melhor que um ensaio mais aprofundado a esta última… que me surpreendeu, e muito!

Para quem, como nós, acompanha de perto o mercado automóvel e as evoluções dos diversos modelos, é deveras interessante, e até surpreendente, este contacto com o novo Dacia Sandero. Porquê? Porque a evolução é gigante! E de low-cost já só tem mesmo o preço.

Nos dias que passei ao volante do novo Dacia Sandero, constatei e fiquei surpreendido com todas as suas evoluções. Em primeiro lugar podemos falar da estética, onde já sobressaem faróis em LED com assinaturas e outros detalhes que lhe atribuem um desenho atual, moderno e muito menos… espartano.

Quem o viu, e quem o vê!

Mas é ao abrir a porta que a (r)evolução acontece. Tal gesto é feito através do acesso mãos livres, com um botão no puxador da porta do Sandero. Devo dizer que já conduzi carros de mais de 85 mil euros em que tenho de tirar a chave do bolso e carregar no botão para abrir as portas. Mas adiante… O interior é simples? Sim! Mantém-se toda a simplicidade característica da Dacia, é um facto, mas num patamar bem superior a vários níveis.

Falo primeiramente dos materiais. A melhoria na qualidade de materiais é por demais evidente. Diria até, mais do que o expectável para o preço deste tão simpático utilitário. O apoio de braço das portas e o friso que acompanha todo o tablier são revestidos a uma espécie de tecido que agrada. A maior parte dos comandos são novos, os bancos muito mais envolventes, e o apoio de braço agora é digno de tal nome e inclui ainda espaço para objetos.

Em segundo lugar, a montagem está igualmente num patamar bem acima do expectável. Pouco há a apontar ao Dacia Sandero, tendo em conta o contexto. Está bem mais… “refinado”. Outro ponto a destacar e que não merece crítica é o isolamento acústico e o “bater de porta”. Encontramos melhor neste segmento? Claro que sim! Mas a outros preços. Não é justo pedir mais ao Dacia Sandero, cujo preço começa nos 9000€. Ruídos parasitas? Na unidade ensaiada, com apenas algumas centenas de quilómetros, ainda não eram audíveis, mas acredito que a existirem sejam bastante comedidos porque a montagem é sólida. Aliás, robustez é o “nome do meio” deste Dacia Sandero.

Nem tudo está incluído no equipamento de série, mas a relação preço/equipamento do Dacia Sandero é imbatível

Em terceiro, mas não menos relevante, está o nível de equipamento que faz corar muitos modelos premium, principalmente porque nesses pagamos caro por muitos detalhes de conforto que encontramos aqui ao volante do Dacia Sandero. Como temos o, já referido, acesso mãos livres através da chave/cartão, temos o arranque do motor por botão. Vidros elétricos para todos com bloqueios para crianças. Sistema de info-entretenimento com ecrã central de 8″, compatível com Android Auto™ e Apple CarPlay™, e ainda um prático suporte para o telemóvel integrado e com uma ficha USB para carregamento (existe ainda outra na consola central, por ex para o pendura). Cruise control com limitador de velocidade, ambos operáveis apenas pelos comandos do volante. Sensores de estacionamento traseiro, faróis automáticos, completo computador de bordo e travão de estacionamento elétrico.

Claro está que tudo isto se verifica por estarmos perante a versão mais equipada (Comfort) do Dacia Sandero bi-fuel, ainda assim parece-me relevante, até porque o preço base (desta versão) é de 13 700€. Adicionalmente à versão Comfort, a unidade em ensaio ainda dispunha do pack Hands-free (450€) e da navegação (300€).

Ao volante, com dois combustíveis…

As evoluções, no entanto, não se ficam por aqui e são bem notórias ao volante deste Dacia Sandero, que é capaz de percorrer mais de 1200 km com… dois depósitos de “combustível”. Trata-se da motorização ECO-G 100 Bi-Fuel, que o Hugo já tinha testado ao volante do Dacia Duster, mas que também ela já tem aqui algumas melhorias.

O computador de bordo passou a contabilizar os consumos tanto para a gasolina, como para o GPL. Podemos verificar os consumos para cada um dos casos, bem como as autonomias para cada um dos depósitos. Por outro lado, a comutação manual entre os dois tipos de combustível é agora feita por um botão incluído nos comandos do Dacia Sandero, e não colocado à posteriori com o nível de combustível no próprio botão, como acontece no modelo anterior.

A comutação entre gasolina e GPL pode ser feita de forma manual e é impercetível

A alteração do tipo de combustível é possível em andamento e é completamente impercetível, tanto no comportamento, como no andamento do Dacia Sandero. Apenas ao ralenti se consegue identificar uma ligeira vibração adicional do motor quando em utilização GPL. Para os 100 cv do modelo, o andamento é bastante solícito para a utilização que se espera. Todavia, o modo Eco selecionável através do botão na consola retira-lhe resposta e potência em prole de consumos (ainda) melhores. A caixa manual é de seis velocidades, com um escalonamento curto, e o comando oferece agora mais precisão ainda que o manuseamento se mantenha ainda um pouco rude. A direção é pouco precisa, mas uma vez mais não compromete para a utilização que se espera deste Dacia Sandero. Já a suspensão tem um bom amortecimento, mesmo quando encontramos pela frente estradas que já viram melhores dias…

A habitabilidade não compromete e o acesso é facilitado com a boa abertura das portas traseiras. Surpreendentemente, a bagageira de 328 litros não é comprometida nesta solução bi-fuel. A mesma está pensada e desenhada de raiz, logo o depósito de 40 l de GPL está colocado de forma a que não prejudique o espaço interior.

Reduzidos custos de utilização

Tirando o novo Dacia Spring, o 100% elétrico mais barato no mercado nacional, este Dacia Sandero é o que mais se aproxima em termos de custos de utilização. Com o preço do GPL a 0,64€, uma utilização diária de 60 km pode significar uma poupança mensal de 50€, o que ao final do ano se traduz em mais de 600€. Para 100 km diários a poupança anual já ultrapassa os 1000€ circulando apenas a GPL, o que é perfeitamente possível. No site da marca é possível fazer algumas outras contas…

Em suma, é cada vez mais fácil perceber porque é que o Dacia Sandero é o veículo mais vendido a clientes particulares. Mais do que uma escolha económica, esta é uma escolha racional!

Conclusão

Na verdade, e pelo preço, não se pode pedir nada mais a este Dacia Sandero bi-fuel. Melhor, só mesmo oferecido! Para além do preço de aquisição justo, revela baixos custos de utilização sem que lhe falte equipamento de segurança e/ou conforto. Mais do que honesto, o Dacia Sandero é talvez a proposta mais racional do mercado, o que justifica o sucesso do modelo.

Ficha Técnica