O pano de fundo do GP da Emilia Romana não poderia ser melhor para desenrolar um guião que foi sendo desenrolado ao sabor da chuva e dos incidentes de corrida. Ganhou Max Verstappen no ombro a ombro com Lewis Hamilton que acabou a recuperar até ao segundo lugar.
Jogou-se tudo na largada do GP F1 Emilia Romana. Pista molhada, arranque perfeito de Max Verstappen a ultrapassar a desvantagem de sair da segunda fila da grelha e inevitável discussão entre ele e o homem da “pole position” Lewis Hamilton na chegada a Tamburello.
Imola é uma pista estreita com pouco espaço e o holandês abriu os braços na travagem e empurrou, legalmente, o britânico para a zona mais molhada que, na tentativa de travar mais tarde, tentou manter a trajetória e acabou a voar pelos corretores.
Ficava decidido o GP F1 Emilia Romana. Max Verstappen aproveitou para fugir a Lewis Hamilton, enquanto este andou aos papéis e quase perdia o segundo lugar. O holandês continuou a forçar até que Nicholas Latifi se “desentendeu” com a pista, acertou num dos muros da “Acqua Minerali” depois de um pião e pregou um susto enorme a Nikita Mazepin ao atravessar-se à sua frente. “Safety Car” em pista e os jovens a mostrarem que a F1 não é pera doce: Mick Schumacher quis aquecer os pneus, exagerou e acertou com a asa dianteira no muro das boxes.
Verstappen foi o homem da corrida
Hamilton recebeu uma oportunidade para reaver a liderança, mas Verstappen resistiu ao ataque em Tamburello. O mesmo não conseguiu Sergio Perez, passado por Charles Leclerc.
Seguiu-se o momento “estrela de campeão” de Lewis Hamilton: à saída do gancho Tosa, o britânico saiu de pista e acertou no muro. Numa posição delicada, o campeão do Mundo fez marcha atrás – uma situação duvidosa pois não se pode andar na pista em marcha atrás – e acabou por conseguir vir às boxes.
IMOLA, ITALY – APRIL 18: Race winner Max Verstappen of Netherlands and Red Bull Racing celebrates in parc ferme during the F1 Grand Prix of Emilia Romagna at Autodromo Enzo e Dino Ferrari on April 18, 2021 in Imola, Italy. (Photo by Bryn Lennon/Getty Images)
A “estrelinha” revelou-se na ausência de castigo pela manobra e na bandeira vermelha que foi despoletada por um desentendimento entre George Russell e Valteri Bottas. Tinha perdido uma volta que dificilmente recuperaria não fosse o “free pass” oferecido após a bandeira vermelha.
O “feitiço contra o feiticeiro”
Sobre o acidente entre Bottas e Rusell, um parêntesis para dizer que os dois pilotos cruzaram acusações, mas o piloto da Williams deveria ser mais comedido. Primeiro porque é o presidente da GPDA, a associação de pilotos de F1, e tem de dar outra imagem. Depois, tentar jogos psicológicos com Bottas no sentido de ficar com o segundo Mercedes em 2022 é prematuro e pode ser contraproducente. Finalmente, acusar o finlandês quando a responsabilidade é da sua “aselhice” quando foi á relva numa altura em que havia espaço suficiente… Quis criar um caso e pode o “feitiço virar-se contra o feiticeiro” e Toto Wolff não terá gostado de ficar sem um carro devido a um piloto que é da Mercedes.
Fechado este parêntesis, voltemos à corrida depois da bandeira vermelha que interrompeu a corrida durante 25 minutos. Surpreendendo a maioria, por uma questão de segurança, a direção de prova decidiu que os carros teriam uma partida lançada e não em grelha como sucedeu em Monza e no Mugello o ano passado.
E aqui surgiu o segundo momento “estrelinha de campeão” quando Verstappen quase perdeu o controlo do carro ao passar por dentro da primeira Rivazza enquanto aquecia os pneus.
A grande interrogação estava no nono lugar: Lewis Hamilton tinha recuperado a volta de atraso, mas estava longe do primeiro posto. O que iria fazer o campeão do Mundo?
Recuperação notável de Hamilton
Esteve ao seu nível, ou seja, impressionante recuperando até apo 2º lugar nas poucas voltas que faltavam para o final, abatendo os adversários um a um. Primeiro Yuki Tsunoda, que fez um pião à sua frente, depois Lance Stroll, seguiu-se Daniel Ricciardo e, depois, os dois Ferrari e o McLaren de Lando Norris.
Norris tinha passado por Leclerc graças ao DRS e a um McLaren Mercedes rapidíssimo e tinha fugido ao monegasco.
O piloto da McLaren pensava ficar com o segundo lugar, mas Hamilton passou facilmente pelos Ferrari de Sainz e Leclerc e ficave evidente que seria uma questão de tempo até o campeão do mundo superar o britânico.
Acabou por acontecer e assim Hamilton veio do inferno ao céu, com o requinte de malvadez ao assinar a volta mais rápida da corrida – que Verstappen tanto tentou fazer – e manter o comando do Mundial de Pilotos com esse ponto de vantagem para o holandês.
Lando Norris fechou o GP F1 Emilia Romana no terceiro lugar, provando que a McLaren pode, muito bem, ser a terceira força do campeonato e pode, certamente, regressar às vitórias em 2021.
IMOLA, ITALY – APRIL 18: Lance Stroll of Canada driving the (18) Aston Martin AMR21 Mercedes and Pierre Gasly of France driving the (10) Scuderia AlphaTauri AT02 Honda compete for position on track during the F1 Grand Prix of Emilia Romagna at Autodromo Enzo e Dino Ferrari on April 18, 2021 in Imola, Italy. (Photo by Lars Baron/Getty Images)
Ferrari fora do pódio
Fora do pódio do GP F1 Emilia Romana, os dois Ferrari com Leclerc na frente de Sainz, seguidos de Daniel Ricciardo, perfeitamente na sombra de Norris, Lance Stroll, Pierre Gasly, Kimi Raikkonen e Esteban Ocon, que salvou um ponto para a Alpine.
Fernando Alonso ficou fora dos pontos depois de um erro de principiante ao partir a asa da frente no gancho Tosa quando estava a aquecer os pneus e colecionar mais um pião já depois do desentendimento entre Bottas e Russelll.
O segundo lugar na grelha de partida não foi benéfico para Sergio Perez, fora dos pontos e ainda pouco ligado ao Red Bull RB16B Honda.
A próxima prova é o GP de Portugal nos primeiros dias de maio, com Lewis Hamilton a manter a liderança do campeonato de piloto e a Mercedes na frente dos construtores, pois nem Perez nem Bottas pontuaram.
Classificação final dos 10 primeiros, de 17 classificados.
- Max Verstappen (Red Bull Honda) 2h02m34,598s
- Lewis Hamilton (Mercedes), a 22,00s
- Lando Norris (McLaren Mercedes), a 23,702s .
- Charles Leclerc (Ferrari), a 25,579s
- Carlos Sainz (Ferrari), a 27,036s
- Daniel Ricciardo (McLaren Mercedes), a 51,220s
- Lance Stroll (Aston Martin Mercedes), a 51,909s
- Pierre Gasly (Alpha Tauri Honda), 52,818s
- Kimi Raikkonen (Alfa Romeo Ferrari), 1m04,773s
- Esteban Ocon (Alpine Renault), a 1m05,704s