A vigésima sétima edição do GP de Portugal voltou a colocar o nome de Portugal no livro de recordes da Fórmula 1, onde pelo segundo ano consecutivo Lewis Hamilton venceu, batendo na pista Verstappen e Bottas. Lewis Hamilton chegou à 97ª vitória, naquela que foi a 250º vez que o britânico saiu da segunda posição da grelha para vencer. Juntou-se a Sterling Moss (1958 e 59) e Alain Prost (1987 e 88) como vencedor de dois GP de Portugal consecutivamente. Nigel Mansell também venceu duas vezes entre nós, mas sem ser consecutivamente. Enfim, foi a 500ª vitória de um motor Mercedes, que ajudou, e de que maneira, Lewis Hamilton a chegar à vitória.
Começo atribulado e emotivo
Valtteri Bottas largou muito bem e perante essa excelência, Lewis Hamilton preocupou-se em não deixar Max Verstappen separar os dois Mercedes. O finlandês foi-se embora, mas foi sol de pouca dura. Kimi Raikkonen desentendeu-se com Antonio Giovinazzi e o toque no pneu traseiro do Alfa Romeo do italiano partiu a asa da frente do carro do finlandês que acabou a prova no fundo da escapatória da primeira curva. Inevitável o recurso ao “Safety Car” para retirar o Alfa Romeo da escapatória e limpar a reta da meta dos afiados pedaços de fibra de carbono deixados pela asa do carro de Raikkonen.
Quatro voltas completadas e o Mercedes-AMG GT recolheu às boxes, deixando solto o pelotão. Valtteri Bottas atrasou até ao limite o recomeço e com isso atrapalhou Lewis Hamilton. O britânico explicou que estava a controlar Bottas e quando olhou para o espelho á procura de Verstappen… já Bottas ia longe e o holandês estava encostado aos escapes do Mercedes.
Acabou por ser ultrapassado na primeira curva e Max Verstappen iniciou a pressão a Bottas. Porém, percebia-se que o RB16B do holandês não estava tão equilibrado como o W12 e em reta, o motor Mercedes parecia ter mais pulmão. Não espantou ninguém que Verstappen não conseguisse passar por Bottas e acabasse por errar estendendo a passadeira vermelha a Hamilton.
Este não demorou muito a encostar a Valtteri Bottas e, ainda mais depressa, passar por ele. O ritmo dos dois Mercedes era distinto e o campeão do Mundo foi-se embora deixando o seu colega de equipa com a “despesa” de lutar contra o Red Bull de Verstappen.
Vantagem não foi suficiente
A equipa de Christian Horner chegou a Portimão com o circuito a seu favor devido às constantes mudanças de direção. Porém, a Mercedes voltou a trazer algumas novidades para Portugal e está, paulatinamente, a anular a desvantagem para o RB16B. Tal facto ficou bem evidente no GP Fórmula 1 Portugal.
A corrida manteve-se animada até à paragem para troca de pneus. Mercedes e Red Bull entretiveram-se em ameaças até que a Red Bull carregou no gatilho ao fazer entrar Verstappen que saiu com pneus duros. A Mercedes respondeu com Bottas que também saiu com pneus duros. A volta de diferença foi suficiente para o finlandês ficar à mercê do Red Bull: saiu das boxes metros na frente de Verstappen com pneus frios que, um par de curvas depois, traíram Bottas. A “atravessadela” na curva 3 deixou Verstappen encostado ao Mercedes na curva quatro, e concretizou a ultrapassagem na curva seguinte.
A partir daqui estava tudo decidido para o GP Fórmula 1 Portugal: Lewis Hamilton estava lançado para mais uma vitória, Max Verstappen ficava em segundo e Bottas era terceiro. Ainda houve uma centelha de esperança de uma luta entre Bottas e Sergio Perez. Mas a Red Bull esticou para lá do razoável o tempo em pista com os pneus macios e o mexicano, quando parou para trocar para os pneus mais macios, imediatamente ficou fora da luta pelo pódio.
Os três primeiros, Hamilton, Verstappen e Bottas.
As diferenças nesta fase eram já tão grandes que permitiram que Max Verstappen e Valtteri Bottas ainda fossem às boxes para colocarem pneus macios novos e tentar a volta mais rápida. Hamilton não entrou na festa e na última volta, Verstappen bateu Bottas e recolheu o ponto de bónus para a volta mais rápida. Porém, no final da corrida, os comissários anularam o tempo do holandês porque excedeu os limites de pista na curva 14 e, assim, o finlandês e a Mercedes ficaram com o ponto de bónus.
“Não foi um dia perfeito e vamos ter de analisar tudo ao pormenor depois de uma corrida exaustiva fisica e mentalmente”
Lewis Hamilton, Mercedes-AMG Petronas
Nada contente, especialmente pelo anular do tempo da melhor volta, Max Verstappen lamentou “a falta de um pouco mais de ritmo contra a Mercedes.” Valtteri Bottas sustentou que “hoje foi difícil. Na primeira parte da corrida foi difícil, a segunda bem melhor. Tenos de analisar o que se passou.” Verstappen ainda se queixou do traçado português dizendo que “não gostei do fim de semana todo por causa dos níveis de aderência. Espero que não voltemos.”
McLaren foi a melhor dos outros
Lando Norris voltou a ser o melhor dos outros neste GP Fórmula 1 Portugal, mas longe dos Mercedes e dos Red Bull. Perez esteve quase a oferecer uma colher de chá ao britânico, mas os pneus macios funcionaram bem no RB16B e se não foi a tempo de ajudar na luta com a Mercedes, embolsou um quarto lugar saboroso.
Norris conseguiu manter à distância o Ferrari de Charles Leclerc, mesmo que este tivesse vantagem na estratégia de pneus. Mas o carro vermelho da Scuderia esteve mal em todo o fim de semana e a Ferrari continua “aos papéis” numa situação esperada pois a casa italiana está a jogar todas as fichas na próxima regulamentação.
Fora dos pontos
Carlos Sainz tentou o “undercut” a Norris, mas o tiro saiu pela culatra e o espanhol deu um trambolhão para fora dos pontos. Leclerc foi apenas sexto neste GP Fórmula 1 Portugal.
Esteban Ocon bateu Fernando Alonso numa conversa entre os Alpine. Estes surgiram na corrida muito velozes, ao contrário do que sucedeu na qualificação, queixando-se o espanhol disso mesmo. “Tivéssemos uma melhor qualificação e lutaria pelos cinco primeiros” lamentou-se Alonso.
Na Aston Martin continuam os problemas com Sebastien Vettel a não materializar a boa qualificação e a ficar fora dos pontos tal como Lance Stroll.
Destaque final para Schumacher, que conseguiu passar pelo Williams de Nicholas Latifi num duelo resolvido com um erro do canadiano, depois do alemão ter sido sempre simpático para os líderes, nunca os atrapalhando.
Nikita Mazepin cometeu vários erros – um deles prejudicou Sergio Perez e valeu-lhe uma penalização de 5 segundos – e mais de um minuto de atraso para o vencedor no final da corrida.