O Mónaco sorriu à Red Bull e Max Verstappen conseguiu vibrar golpe importante na confiança de Lewis Hamilton. Mas no Azerbaijão, a Mercedes costuma estar mais à vontade. Está cada vez mais emocionante o duelo entre Hamilton e Verstappen! E pode ser adicionado a esse duelo a componente política da Fórmula 1. As discussões sobre a flexibilidade das asas traseiras – algo que começa a tornar-se corriqueiro – continua acesa e se a FIA já disse que em Paul Ricard serão feitos testes mais rigorosos, Toto Wolff, responsável máximo da Mercedes F1, já veio dizer que caso as asas flitam em demasia, não vai hesitar em protestar os Red Bull.
Ou seja, o GP do Azerbaijão começa com a espada de Dâmocles sobre o pescoço na forma de protesto formal da Mercedes. Ou como a perda da liderança dos mundiais de pilotos e de construtores no Mónaco levou a “arte da guerra” para outro patamar onde… valerá quase, repito, quase tudo.
Circuito de Baku
A cidade de Baku, capital do Azerbaijão, regressa ao Mundial de Fórmula 1 após a ausência de 2020 ditada pela pandemia de Covid-19. Será o segundo circuito citadino de uma assentada que os pilotos vão enfrentar, embora Mónaco e Baku tenham como única coisa em comum serem traçados citadinos.
Com 6003 metros de perímetro, o Circuito Citadino de Baku assume o terceiro lugar entre as pistas mais longas do Mundial de Fórmula 1 e oferece um traçado absolutamente variado. Uma enorme reta da meta com 1975 metros permite velocidades impensáveis numa pista citadina, logo dando lugar a uma zona mais sinuosa e lenta no meio do centro histórico de Baku, com destaque para a zona mais estreita de uma pista do Mundial com apenas 7,5 metros de largura. Curiosamente, a pista de Baku é muito mais larga que a do Mónaco e os ganchos muito mais rápidos.
Desenhada 28 metros abaixo do nível do mar, a pista que se espraia pelas ruas da cidade costeira do Mar Cáspio tem algum relevo e declives que chegam aos 12%. Contas feitas são 20 curvas feitas no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, com poucas escapatórias e muitos muros que deixam clara a punição pelo mínimo erro.
No Circuito do Azerbaijão existem duas zonas de DRS, elevado consumo de combustível, alta probabilidade de entrada em pista do “Safety Car” e uma velocidade máxima superior a 330 km/h. É, claramente, o circuito citadino mais veloz do campeonato. Um traçado onde as equipas têm de encontrar o equilíbrio certo entre o apoio aerodinâmico e a necessidade de andar depressa nas longas retas, especialmente, a da meta.
Azerbaijão com traçado difícil
Sendo uma pista com pouca aderência, a exposição ao erro é maior. Como os pilotos referem, é uma mistura entre a complexidade do Mónaco e a velocidade de Monza! Mas, tendo um quociente de abrasão pequeno, apesar das fortes travagens a que obriga, o circuito de Baku permitiu que a Pirelli escolhesse os pneus mais macios da sua gama para a prova do Azerbaijão. Assim, termos os compostos C3 (faixa branca), C4 (faixa amarela) e C5 (faixa vermelha), do mais duro ao mais macio.
Esta escolha pode significar uma mudança estratégica na abordagem à prova. Em 2019, a estratégia vencedora numa pista onde as paragens nas boxes custam pouco mais de 23 segundos foi uma paragem para troca de macios para médios. O que fez Charles Leclerc em 2019 – uma paragem, mas de médios para macios – pode ser usada em 2021 devido ao facto de serem usados os Pirelli mais macios. Mas esta alteração pode levar, também, a uma estratégia que inclua uma segunda paragem. Particularmente se se mantiver a previsão de temperaturas em redor dos 25 graus no ar.
Sendo uma pista com pouca aderência e que não replica nada para outros traçados, não se espera em Baku grandes novidades em termos de evolução, com a Mercedes e a Red Bull a trazerem, claro, pequenas coisas. A diminuição do tempo em pista nos treinos livres desvia a atenção dos engenheiros para a preparação da qualificação e da corrida.
Como referi, a Mercedes tem vantagem neste traçado de Baku, no Azerbaijão, pois os carros pintados de negro têm sempre vantagem em traçados que misturam conceitos, velocidades e necessidades em curva.
Temperatura como chave
No essencial, dominar a janela de temperatura de funcionamento dos pneus Pirelli será a chave para o sucesso. Ora, é aqui que a vantagem da Mercedes esmorece um pouco porque são conhecidas as dificuldades dos carros alemães em fazer funcionar os pneus traseiros. Mas como são dos melhores em termos de definição aerodinâmica, os Mercedes partem para o GP do Azerbaijão em vantagem. Veremos o que faz Max Verstappen.
Entre os “outros”, a vantagem da Ferrari no Mónaco desaparece coo gelo ao sol no Azerbaijão. Ter nas costas um motor Mercedes dá a Lando Norris e a Daniel Ricciardo um trunfo poderoso face aos Ferrari de Charles Leclerc e Carlos Sainz, mais fracos em termos de potência. Acredito que a McLaren volte a bater a Ferrari, depois de largamente dominada no Mónaco pela casa italiana.
E devido à fraqueza da unidade de potência dos carros da Scuderia, a Alpha Tauri vai ter chances de encostar e até bater os italianos. Mas não poderá olhar de soslaio para a Aston Martin.
Os carros verdes conheceram salto qualitativo interessante e Sebastian Vettel pode gerar a surpresa em Baku. O motor Mercedes pode ajudar e de que maneira.
Na cauda do pelotão, o Azerbaijão pode ser palco de surpresas, pois sem a questão aerodinâmica a influenciar o comportamento dos chassis, Alfa Romeo e a Williams, esta através de George Russell, estão muito mais à vontade. A lanterna vermelha continuará nas mãos de Gunther Steiner e da equipa Haas, incapaz tecnicamente e com o erro absurdo de ter dois “rookies” ao volante, um deles um verdadeiro “kamikase”!