Um erro, uma estratégia agressiva que surpreendeu a Mercedes e uma ultrapassagem de classe a Lewis Hamilton explicam a vitória de Max Verstappen no Paul Ricard, palco do GP de França. Quando o holandês atirou com o Red Bull para fora de pista logo na segunda curva o “bruáá” foi grande no sofá dos adeptos de Max Verstappen e só maior foi a gargalhada dos adeptos de Lewis Hamilton.
Mas a Red Bull está confiante, o chassis é excelente e o motor Honda está ao nível da Mercedes. Quando assim é, tudo tem a tendência para correr bem e o arriscar passa a ser corriqueiro. E depois do erro inicial de Verstappen, nada mais restava à Red Bull que tentar o “undercut” ao Mercedes de Hamilton.
Pneus sempre decisivos
E conseguiu logo na primeira paragem. No GP França, os pneus voltaram a entrar na equação e apesar das temperaturas mais baixas que o esperado no Castellet, a degradação dos pneus apoquentou toda a gente e a Red Bull sentiu isso de forma evidente.
A perda de posições devido ao desgaste dos pneus empurrou a Red Bull para uma agressiva estratégia de duas paragens. Que acabou por resolver a questão ao colocar Verstappen na luta pela vitória, entregando ao piloto e aos pneus mais frescos a decisão da corrida.
Como tem acontecido ao longo desta temporada, Lewis Hamilton e Max Verstappen dedicaram-se à luta entre eles, com Valteri Bottas a tentar incomodar Verstappen, sem o conseguir, e Sergio Perez a ficar sozinho no quarto lugar.
Hamilton foi fugindo a Verstappen e quando tinha três segundos de vantagem e Bottas colado aos escapes do Red Bull, a Mercedes fez entrar Bottas para tirar os pneus médios e colocar os duros.
A equipa de Milton Keynes respondeu com Verstappen a entrar nas boxes na volta seguinte. Hamilton parou depois do piloto da Red Bull e um décimo de segundo mais parado na box da Mercedes permitiu que Max Verstappen atacasse a primeira curva nas barbas de Hamilton.
A pressão de Hamilton e de Bottas foi incrível e durante muitas voltas o campeão do mundo esteve sempre perto do Red Bull. Mas com o passar das voltas, Max Verstappen foi construindo uma vantagem alicerçada num ritmo superior ao dos Mercedes.
O golpe de “sorte” da Red Bull
Surpreendentemente, a Red Bull mandou entrar o holandês e trocou para um jogo de pneus médios. Ficaram todos boquiabertos quando Verstappen entrou e saiu das boxes com 18 segundos de atraso para os Mercedes.
Começou aqui o festival Max Verstappen no GP França, a “comer” a desvantagem à ordem de dois segundos por volta. A Mercedes percebeu que tinha caído na armadilha e a indicação para Hamilton era simples: estava nas mãos de Bottas – já que Verstappen passou sem dificuldade, claro, por Sergio Perez – e no tempo que este conseguisse atrapalhar o holandês. E na mão dos Pirelli médios do Red Bull que tinham de se manter em melhor forma que o visto no início da corrida em Paul Ricard.
O ataque de Verstappen acabou por demorar um pouco mais devido ao esforço de Hamilton, mas o Red Bull apanhou Bottas a 10 voltas do final e não teve muitas dificuldades em passar o finlandês.
Primeiro com o DRS, Bottas defendeu na chicane a meio da reta Mistral, perdeu andamento e Verstappen, com melhores pneus, passou em Signes pelo Mercedes.
Alvo a abater: Hamilton!
Faltava um punhado de voltas, Hamilton dava o seu melhor no GP França com um Mercedes coxo devido aos pneus já desgastados. Verstappen estava a 5,1 segundos e foi diminuindo a compasso até que na penúltima volta ficou ao alcance do DRS, apanhou o Mercedes e não deu chances a Hamilton na chicane da reta Mistral.
Foi embora e viu a bandeira de xadrez com 2,9 segundos de vantagem para Lewis Hamilton. E Bottas foi prejudicado por não ter feito duas paragens, ficando apenas em quarto com Sergio Perez a subir ao degrau mais baixo do pódio, alargando a vantagem da Red Bull sobre a Mercedes.
Ferrari com dificuldades
Atrás dos Red Bull e Mercedes, desapareceu a Ferrari. Os carros italianos voltaram a conhecer muitos problemas com os pneus e se Charles Leclerc foi o primeiro piloto a parar, incapaz de fazer funcionar os médios, viu os Pirelli duros desaparecerem. Acabou numa estratégia de duas paragens que só piorou as chances do monegasco que fechou a prova no 16º lugar. Carlos Sainz sofreu com os pneus e depois de sair para a pista no 5º lugar da grelha, deu trambolhão até ao 11º lugar, na frente de George Russell (Williams).
A McLaren voltou a ser a melhor dos outros com Lando Norris e Daniel Ricciardo a ficarem, respetivamente, em 5º e 6º lugares, com Pierre Gasly a ser o melhor dos Alpha Tauri (7º) e Fernando Alonso a levar o Alpine até ao 8º posto.
A Aston Martin não esteve tão bem como no Azerbaijão, mas Sebastian Vettel e Lance Stroll acabaram nos dois últimos lugares pontuáveis.
Próxima prova do Mundial de Fórmula 1 é já no próximo fim de semana com o regresso ao Red Bull Ring para o GP da Estíria.