A edição 2022 do Dakar está a dar os primeiros passos que já clarificaram muito do que será a edição deste ano: a Audi está a conhecer as dores da juventude do projeto e Nasser Al-Attiyah está apostado em recuperar a vitória. Após um primeiro dia de janeiro que fez os concorrentes cumprirem um prólogo com 19 km (614 km de ligação) com Nasser Al Attiyah a ser o mais rápido, o Dakar 2022 começou hoje com uma etapa em ronda em Hail, cidade onde chegou a prova depois da saída de Jidá.
Nasser Al-Attiyah na frente
Nasser Al-Attiyah repetiu a vitória da véspera com 12m07s de vantagem para Sebastien Loeb. A Toyota Hilux GR DKR voou nas mãos do qatari e o nove vezes campeão do mundo de ralis não teve chances ao volante do seu renovado BRX Hunter. O terceiro lugar ficou nas mãos do bonito Ford F150 de Martin Prokop.
Sendo uma especial onde a navegação colocou diversos problemas aos pilotos, Carlos Sainz voltou a conhecer dificuldades nesse particular e um monumental erro de navegação fê-lo perder quase duas horas para Nasser Al Attiyah.
O espanhol deverá ter deixado espalhada na areia em redor do derradeiro “waypoint” a possibilidade de lutar pela vitória na edição de estreia do Audi RS Q e-tron. Pior ficou o “senhor Dakar” Stephane Peterhansel. O francês vai ter de regressar em 2023 para tentar vencer, uma vez mais, depois de ter cumprido pouco mais de 153 km de troço. Acertou em cheio numa rocha e arrancou a suspensão traseira do lado esquerdo, ficando parado na pista à espera do camião oficina.
Audi RS Q e-tron. Tecnologia única para atacar o Dakar
Como habitualmente, arranca para a estrada a edição 2022 do Rali Dakar. A principal novidade é a participação da Audi com o RS Q e-tron.
Contas feitas, Nasser Al-Attiyah lidera com 12m44s de vantagem para Sebatien Loeb com Martin Prokop no lugar mais baixo do pódio a 22m39s. Giniel de Villiers é o segundo melhor da Toyota em 7º, já a mais de meia hora do líder e Orlando Terranova o segundo melhor da Bahrain Raid Xtreme (BRX) no 12º lugar.
Entre os portugueses, Paulo Fiúza, ao lado de Vaidotas Zala (Mini JCW) é o melhor no 15º lugar, seguido no 22º posto por Felipe Palmeiro que está no banco do lado direito da Toyota Hilux de Benediktas Vanagas.
Daniel Sanders lidera nas motos
O australiano da GasGas surpreendeu tudo e todos e depois da vitória nos primeiros 19 km de competição do Dakar 2021, voltou a ganhar nas barbas dos favoritos com uma vantagem superior a dois minutos na etapa de hoje face a Pablo Quintanilla, o mais rápido da Honda e mais de oito minutos e meio para Mathias Walkner o mais forte da KTM.
Foi a segunda vitória em etapas para Sanders, estreante na prova, mas com muita experiência “down under”. O australiano domina a classificação das motos na frente de Pablo Quintanilla e de Mattias Walkner. Ross Branch (Yamaha) perdeu 17m26s e está já a quase vinte minutos de Sanders. Kevin Benavides, a estrear-se com a KTM, perdeu muito tempo e já está a quase 40 minutos do líder, o mesmo se passando com Juan Barreda Bort (Honda) que perdeu quase 39 minutos na etapa de hoje.
Entre os portugueses, Joaquim Rodrigues (Hero) é o melhor no 30º lugar a 56m24s do líder, seguindo-se Alexandre Azinheira (66º a 2h02m59s) e Rui Gonçalves (70º a 2h15m25s e já com 15 minutos de penalização devido a problemas mecânicos), Pedro Bianchi Prata (80º a 2h28m50s) e Mário Patrão (100º a 3h19m18s).
O piloto beirão não tem estado muito feliz neste seu regresso ao Dakar, mas confiante que ainda faltam muitos dias para o final e que pode ainda recuperar, ele que está inscrito em uma das mais duras categorias, os “Original by Motul” sem assistência técnica e apenas com a mala que a organização transporta de um lado para o outro
Mário Patrão enfrenta a categoria mais dura do Dakar, Original by Motul
Mário Patrão participará no rali mais duro do mundo sem qualquer tipo de assistência Motul, patrocinador pela 5ª vez consecutiva do Dakar.
Kamaz domina nos camiões
O Dakar 2022 tem algumas novidades no que toca aos veículos presentes. Nos carros temos os T1 e T1+, os camiões, as motos passam a ser Rally GP e Rally2 e os SSV passam a ser T3 e T4. Os primeiros são os LWProto, os segundos os conhecidos SSW. Juntam-se a todos estes os Quad e os carros da categoria Open.
Nos camiões, o excelente terceiro lugar de Ales Loprais (Praga) – a fazer uma prova dura em termos emocionais devido à morte do seu tio Karel Loprais, com 72 anos, no dia de 30 de dezembro – não impede que tenhamos um pódio totalmente Kamaz: Andrej Karginov lidera na frente de Dimitry Sotnikov e de Eduard Nikolaev. Os três cabem em menos de cinco minutos, Loprais é quarto a 11m01s e o melhor Iveco é op de Janus Van Kastern.
Nos Quad, liderança de Laisvydas Kancius, seguido de Giovanniu Enrico e de Pablo Copetti. Cabem os três em menos de 10 minutos.
Entre os T3 ou Light Weight Proto (LWProto) domínio de Seth Quintero e Dennis Zenz, seguidos de Francisco Lopez Contardo e Juan Pablo Vinagre e de Sebastien Eriksson e Wouter Rosegaard. Nos SSV liderança para Aron Domzala e Maciej Marton, seguidos de Austin Jones e Gustavo Gugelmin e Michal Goczal e Szymon Gospodarczyk. Gerard Tramoni lidera no Open.
A terceira etapa do Dakar 2022 realiza-se amanhã e liga Hail a Al Artawiyah num total de 585 km dos quais 339 km serão contra o cronómetro. Os concorrentes vão encontrar as primeiras cadeias de dunas e será servida a primeira oportunidade para fazer a diferença para os adversários. Porém, será a primeira metade de uma etapa maratona e tentar jogar tudo nesta ocasião pode ser pouco avisado. É que quando o sol se esconder no horizonte, toda a caravana só pode contar com os camiões que estão dentro da prova e os meios que tiverem dentro dos veículos.