O mundo automóvel tem histórias muito interessantes e entre elas estão as ligações absolutamente inesperadas entre modelos que nada têm a ver, aparentemente, uns com os outros. Divirta-se conhecendo ligações inesperadas de modelos separados à nascença, mas ligados por uma base comum.
Audi TT e VW Beetle
Quando a Audi lançou o TT, nunca esteve no caderno de encargos fazer um desportivo de qualidade superior e por isso foi aproveitado, aquilo que era possível, o que havia do A3. Ora, a base usada foi a PQ35, exatamente a mesma que era usada em outros modelos. Sabem qual era um deles? O Volkswagen Beetle, na sua última encarnação, mantendo os custos baixos. Não foi um sucesso, mas os custos ficaram baixos ao aproveitar uma base já desenvolvida e algumas coisas do TT. Caso um e outro tivessem novas gerações, a plataforma seria distinta, mas o Beetle pode regressar à gama ID elétrica, com a mesma base do VW ID.3.
Saab 9-5 – Chevrolet Impala – Opel Insignia
Quem diria que carros tão dispares tenham em comum… a mesma plataforma. A Saab quando lançou o 9-5 já estava com graves problemas financeiros e deitou mão à segunda geração da plataforma Epsilon da General Motors. Ou seja, o carro sueco tinha a mesma base do Chevrolet Impala, do Buick LaCross, e do Cadillac XTS. Enfim, quando foi lançado em 2009 era uma manta de retalhos, mesmo que a Saab se tenha afadigado a dizer que 70% do carro era genuinamente Saab. Não chegou, e em 2012, acabou-se tudo.
A Epsilon II foi a plataforma escolhida, anos depois, para ser a base do Chevrolet Impala, um carro famoso na gama da marca americana, mas que foi-se aburguesando acabando a sua carreira em 2020, ainda e sempre com a mesma base, aqui na versão de longa distância entre eixos.
Sendo um estudo Opel, a plataforma Epsilon II acabou por servir para construir o Opel Insignia, pois dinheiro também não abundava na Opel. Ou seja, o Insignia tem a mesma base usada no início do século e que é usada pelo Buick Regal nos EUA e pelo Holden Commodore na Austrália. Todos feitos com a versão curta da plataforma Epsilon.
Ford Fairmont – Ford Mustang – Lincoln Continental
Estes são três carros que não têm nada a ver uns com os outros e acabaram ligados pela plataforma comum, estreada com o Fairmont. Falamos da plataforma Fox, nascida da necessidade de substituir o Maverick e o seu chassis antiquado. Aparecia a base Fox, desenhada para servir vários carros, o primeiro entre 1977 e 1983, foi o Fairmont e a sua versão Mercury chamada Zephyr e ainda a pick-up Durango, nascida para substituir a Ranchero, mas com pouco sucesso.
A terceira geração do Mustang ficou ligada á plataforma Fox, pois chamavam-lhe o “Fox body car” perdendo muito da elegância e charme dos anteriores. A crise petrolífera levou a que o carro fosse verdadeiramente anémico, o que fugia ao ADN do Mustang. Ainda existiu uma versão SVO entre 1984 e 1986, mas com 200 cv, não foi muito longe. Hoje é dos carros menos interessantes e procurados da família Mustang.
Ser anormalmente modulável permitiu que da plataforma Fox surgisse uma das “banheiras” norte americanas, no caso um Lincoln, na sétima geração do Continental. Por incrível que possa parecer, por baixo do Continental está o Mustang. O novo carro lançado em 1982 era enorme, mas mais pequeno que o modelo anterior. O conforto era palavra de ordem, com aquele bambolear habitual nos carros americanos dessa época.
Ford Focus – Mazda3
A ideia de globalização por parte da Ford foi um erro que ainda hoje está a ser pago pela casa da oval azul. Principalmente porque deixava de fora os EUA. Quando a Ford lançou a estratégia “Global Shared Technologies” no final dos anos 90, tinha como objetivo reduzir o mais possível o número de plataformas e mecânicas, poupando, assim, dinheiro.
Foi assim que a segunda geração do Focus europeu ganhou esta plataforma C1 e o Focus norte americano (vendido entre 2007 e 2010) continuasse com a C170 da primeira geração do Focus. A Mazda, estava ligada à Ford e para o 3 utilizou a plataforma BK. Não, não era diferente, era exatamente a mesma coisa, apenas o nome mudava e na Volvo chamava-se P1 e que serviu de base para o C30 e o V50. Isto foi assim porque a Ford era dona da Volvo a 100% e tinha forte posição no capital da Mazda.