O Renault 4L celebra 60 anos e, é bem possível, que venha a receber em breve uma re-edição. A par disso, dois pilotos veteranos vão levar dois exemplares do carro francês a um dos mais duros ralis de clássicos do mundo. O projeto nasceu na cabeça de um piloto que já fez provas do Mundial de Ralis ao volante de um Renault 4L. Falamos, como é óbvio, de António Pinto dos Santos. O piloto de Arganil disputou 13 provas do Mundial de Ralis entre 1992 e 2000.
O Rali de Portugal foi o palco preferido para este engenheiro que depois de ficar em 30º na edição de 1992 e 33º na edição de 1997, decidiu pintar a 4L com as cores do xisto da Aldeia Histórica do Piódão. Desta forma lançou-se para o Mundial.
Acompanhado pelo filho e por Rogerio Seromenho no Rali da Acrópole de 1997, passou a ter a seu lado Nuno Rodrigues da Silva. Em 1998 foi 47º no Rali de Portugal, 58º na Acrópole e 82º no Rali da Grã-Bretanha.
Já em 1999 fez a Volta à Córsega (85º), Rali da Finlândia (64º) e Sanremo (55º). O último ano com a 4l no Mundial foi em 2000 tendo participado no Rali da Suécia (54º), Rali da Catalunha (55º) e Acrópole (48º). Duas mãos cheias de participações que foram destacadas pela imprensa internacional e pelas organizações que destacaram a coragem e arrojo.
“Pintanen” de regresso com a 4L
De tal forma que António Pinto dos Santos ganhou a carinhosa alcunha de “Pintanen”. Para o piloto, uma vez mais acompanhado por Nuno Rodrigues da Silva, “esta foi a melhor forma de homenagear a Renault 4L na passagem do seu 60º aniversário. Foi o carro que me levou ao Mundial e o carinho por ele é enorme.”
Pedro Matos Chaves regressa aos ralis
Para esta grande aventura com mais de 5 mil quilómetros, Pinto dos Santos leva consigo um ex-piloto de F1 e bicampeão nacional de Ralis. O seu nome? Pedro Matos Chaves. Assim, regressa aos ralis na companhia de Marco Barbosa, o responsável máximo da agência de comunicação Atelier do Caractere.
Para o piloto que venceu nove ralis do nacional e foi campeão em 1999 e 2000 com o poderoso Toyota Corolla WRC, “é um enorme desafio participar no Safari. Não só porque são muitos quilómetros que vamos percorrer, mas porque durante nove dias estaremos ao volante da 4L, com tração à frente e pouca potência.”
Além disso, Pedro Matos Chaves lembra que “pela primeira vez participo numa prova em que o objetivo não é… ganhar!”
Ainda assim, o piloto está confiante pois “a Renault 4L tem a fama de passar por todo o lado e, por isso, só podemos partir confiantes que chegaremos ao fim deste que é um dos ralis mais exigentes e duros do mundo. Se acontecer, será uma vitória e uma excelente prenda para a Renault Portugal.”
East African Safari Classic Rally : um dos mais duros
Realizado pela primeira vez em 2003, a 10ª edição “East African Safari Classic Rally” disputa-se ao longo de nove dias, nas regiões quenianas de Nakuru, Elgeyo Marakwet, Baringo, Laikipia, Kajiado, Taita Taveta e Kilifi. Uma prova que reacende o espírito do original Rali Safari, que colocou a África Oriental no mapa do automobilismo e que ganhou a reputação do mais difícil rali do mundo.
Para a edição de 2022 do East African Safari Classic Rally, com partida marcada para o dia 10 de fevereiro, estão inscritas 48 equipas, formadas por pilotos de 15 nacionalidades.
Quanto às Renault 4L, conforme referiu Pinto dos Santos “vamos alinhar com duas 4L ‘rejuvenescidas’”. Estas vão tentar cumprir os quase 5000 km de prova com 1000 km de troços (média de 700 km por dia e 300 km em troços).
Temos de manter um ritmo elevado. Só assim cumpriremos a média de 65 a 70 km/h obrigatória. Porém, se esta pode ser uma dificuldade, confiamos na fiabilidade e nas capacidades da Renault 4L.
António Pinto dos Santos
A preparação limita-se aos elementos de segurança obrigatórios (arco de segurança, bancos, extintores), suspensão elevada, proteções inferiores, alguns reforços e pneus de terra. Tudo o resto é de série, pelo que os pilotos terão debaixo do pé direito uns estonteantes 34 cv!