Dúvidas desfeitas: o GP do Bahrain mostrou uma Ferrari em grande forma, uma Red Bull a acompanhar os italianos e a Mercedes a sofrer. Mas o GP do Bahrain mostrou mais. A Haas fez a boa escolha com Kevin Magnussen, a Alfa Romeo deu passo em frente com Valtteri Bottas. A McLaren, por seu turno, deu trambolhão e parece que o novo carro vai ser uma dor de cabeça para James Key, o responsável técnico da equipa britânica. Williams e Aston Martin continuam com muitas dificuldades, a Alpha Tauri e a Alpine prolongaram a luta de 2021.
GP do Bahrain assistiu ao regresso da Ferrari
Foram dois anos de muito sofrimento para os “tifosi” depois da Scuderia Ferrari ter sido “apanhada” pela FIA. Um episódio cinzento resolvido com uma “palmada” na mão da casa de Maranelo e uma descida ao inferno em 2020 e ao purgatório em 2021.
O ano de 2022 trouxe uma nova regulamentação, já amplamente dissecada, e a redenção para a Ferrari. Mattia Binotto encaixou as críticas, teve o apoio dos responsáveis da casa italiana nesta via-sacra e chegou aos testes deste ano com confiança.
Para além de ser um dos carros mais bonitos do plantel, o F1-75 mostrou-se eficaz, veloz e resistente. Esses testes em Barcelona e em Sakhir provaram isso e na primeira prova da temporada, a Ferrari esteve irrepreensível. Em termos de andamento, fiabilidade, estratégia, enfim, uma dobradinha espetacular para os comandados de Mattia Binotto.
GP BAHRAIN F1/2022 – SABATO 19/03/2022 credit: @Scuderia Ferrari Press Office
Red Bull escorregou e acabou de mãos vazias
Seria sensato dizer que a principal candidata à vitória no Bahrain, após os testes, seria a Red Bull. Porém, a equipa de Christian Horner conheceu algumas dificuldades ao longo do fim de semana. Perdeu a “pole position” para a Ferrari e para Charles Leclerc. Depois, nunca encontrou a fórmula para desalojar Charles Leclerc da liderança. Finalmente, as unidades de potência da Honda, perdão, da Red Bull Powertrain, entregaram a alma ao criador. E, assim, Max Verstappen e Sergio Perez acabaram fora dos pontos. Uma profunda desilusão para os homens de Milton Keynes.
Mercedes “salvou” o fim de semana
Muitas dificuldades para a equipa de Toto Wolff. Percebe-se o sorriso que o austríaco tinha nos lábios no final da prova. Uma qualificação que exibiu todas as dificuldades do novo carro e da unidade de potência. Uma corrida que mostrou uma Mercedes meio perdida, mas a tentar tudo para dar a Hamilton e a Russell condições de lutar pelos lugares atrás de Ferrari e Red Bull. Como habitualmente, o sete vezes campeão do Mundo não desistiu de forçar e no final acabou bafejado pela sorte ao ver os dois Red Bull abandonarem. Com isso, Hamilton subiu ao pódio e Russell acabou no quarto lugar. O sorriso nervoso de Wolff dizia que “ufa… que sorte!”
GP do Bahrain foi uma belíssima corrida!
A verdade é que o GP do Bahrain foi uma bela corrida. Ainda não chegámos aos tempos do século passado. Porém, assistimos a lutas roda com roda que nos deixaram com a respiração em suspenso.
O arranque ficou marcado pelo risco de Verstappen que saindo de segundo tentou passar por Leclerc. O monegasco não deixou e rapidamente ganhou vantagem para o Red Bull, colocando-se ao abrigo do ataque de Verstappen com o DRS.
Atrás dos dois primeiros seguia Carlos Sainz ao volante do segundo Ferrari e Sergio Perez com o segundo Red Bull.
Detalhe: Leclerc e Perez estavam com pneus macios novos, Verstappen e Sainz com iguais borrachas, mas usadas. E com a corrida estabilizada, a Red Bull tentou o primeiro “undercut”: parou Verstappen, colocou-lhe pneus macios novos. Ato contínuo, a Ferrari respondeu e parou Leclerc, mas para pneus macios… usados.
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“Undercut” da Red Bull quase resultava
E quase que resultava! O neerlandês usou a borracha para escovar quase toda a vantagem de Leclerc e quando o monegasco saiu das boxes, tinha Verstappen enconstado.
Vivemos três voltas espetaculares com a utilização do DRS a comandar as mudanças de liderança. Mas na ânsia de resolver a questão, Verstappen exagerou na travagem no final da reta da meta e acabou por ficar à mercê de Leclerc. O Ferrari passou e foi-se embora, colocando-se ao abrigo do DRS rapidamente.
Red Bull tentou tudo para chegar à vitória
Falhado o primeiro “undercut”, a Red Bull reagrupou e voltou á carga quando mandou parar os seus carros para uma terceira paragem. A Ferrari tinha uma boa vantagem e a superioridade de andamento e respondeu a Perez com Sainz.
Porém, o motor RedBull Powertrain explodiu no Alpha Tauri de Pierre Gasly. A direção de corrida tentou resolver o problema com um “safety car” virtual. Não foi possível e saiu o Mercedes AMG GT Black Series “Safety Car” para a pista.
Nesta altura, Verstappen começava a queixar-se do carro. Problemas com a direção gritava o neerlandês no rádio. Quando a pista ficou livre, Leclerc foi-se embora, Verstappen errou devido aos problemas de direção e quase era surpreendido por Sainz.
Charles Leclerc aproveitou para assinar a volta mais rápida e solidificar a sua primeira posição. Atrás, Verstappen viu o carro perder potência e encaminhou-se para as boxes abandonando. Mais à frente, foi Perez a dizer que estava a ficar sem potência e foi um instante até que o mexicano fizesse um pião na primeira curva, abandonando.
Em pouco tempo, a Red Bull ficou fora da prova e de mãos vazias de pontos.
Mercedes “salva” um pódio no GP do Bahrain
Perante o abandono dos dois Red Bull, a Mercedes viu cair-lhe no colo um terceiro lugar inesperado. Lewis Hamilton usou os três tipos de pneus – com uma paragem serôdia que deixou toda a gente a coçar a cabeça – para tentar descobrir qual o melhor para o Mercedes.
O pódio caiu do Red Bull de Perez e o britânico apanhou-o. Mas não deixou de dizer que a Mercedes tem muito trabalho pela frente.
GP do Bahrain foi “bodo aos pobres”
No final da prova, temos de destacar a excelente prestação da Haas e da Alfa Romeo. A equipa de Guenther Steiner voltou a marcar pontos depois de dois anos terríveis. Kevin Magnussen regressou em grande com um 5º lugar, deixando Mick Schumacher longe, no 11º lugar. Mas o alemão foi vítima de um toque que deixou o Haas meio torto.
Por outro lado, Valtteri Bottas estragou a belíssima qualificação com um péssimo arranque. Mas recuperou e colocou o Alfa Romeo no sexto lugar. Ainda na equipa de Frederic Vasseur, destaque para Zhou Guanyou. O primeiro chinês na F1, cumpriu a estreia com muita personalidade e pontuou na sua estreia na disciplina máxima do automobilismo.
Yuki Tsunoda levou o único carro com motor Red Bull Powertrain até final e nos pontos com um belo oitavo lugar final. Os dois Alpine ficaram em 7º e 9º, respetivamente, Esteban Ocon e Fernando Alonso.
Classificação final
- Charles Leclerc (Ferrari F1-75), 57 voltas em 1h37m33,m584s;
- Carlos Sainz (Ferrari F1-75) a 5,598s;
- Lewis Hamilton (Mercedes W13), a 9,675s;
- George Russell (Mercedes W13), a 11,211s;
- Kevin Magnussen (Haas VF22 – Ferrari), a 14,754s;
- Valtteri Bottas (Alfa Romeo C42 – Ferrari), a 16,119s;
- Esteban Ocon (Alpine A522 – Renault), a 19,423s;
- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri AT03 – Red Bull Powertrain), a 20,386s;
- Fernando Alonso (Alpine A522 – Renault), a 22,390s;
- Guanyou Zhou (Alfa Romeo C42 – Ferrari), a 22,390s.
Classificação do Mundial de Pilotos
- Charles Leclerc, 26 pontos;
- Carlos Sainz, 18 pts;
- Lewis Hamilton, 15 pts;
- George Russell, 12 pts;
- Kevin Magnussen, 10 pts;
- Valtteri Bottas, 8 pts;
- Esteban Ocon, 6 pts;
- Yuki Tsunoda, 4 pts;
- Fernando Alonso, 2 pts;
- Guanyou Zhou, 1 pt.
Classificação do Mundial de Construtores
- Ferrari, 44 pontos;
- Mercedes, 27 pts;
- Haas Ferrari, 10 pts;
- Alfa Romeo Ferrari, 9 pts;
- Alpine Renault, 8 pts;
- Alpha Tauri Red Bull Powertrain, 4 pts.
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