Indústria automóvel na Rússia. Qual o impacto na produção global?

A indústria automóvel na Rússia acabou apanhada pelo vórtice criado pelas lutas de poder entre o país controlado por Vladimir Putin e a Ucrânia de Volodymyr Zelenski. Mas, o que vale, realmente, a indústria automóvel russa no mercado mundial? Desde já dizer que são mais de 600 mil as pessoas que estão envolvidas no setor. Contas feitas, cerca de 1% da força de trabalho russa. Depois, lembrar que a Rússia tinha, em 2021, uma capacidade instalada de 2,7 milhões de unidades. Porém, apenas 55% da produção instalada está a ser utilizada naquele país.

Indústria automóvel na Rússia vale 2% da produção global

Contas feitas, a Rússia contabiliza 2% da produção global com a capacidade de produção de 2,7 milhões de unidades. Porém, a crise dos semi-condutores acabou por não permitir que mais de 1,4 milhões de unidades saíssem das fábricas russas. E 2022 será muito pior, pois a produção está a parar em muitas unidades e a maioria dos construtores estrangeiros já abandonou a Rússia devido à guerra com a Ucrânia. 

Mercado russo ganhou em 2021, cai em 2022

Por outras palavras, a produção vai cair e o mercado também. Olhando para 2021, a Russia conseguiu um aumento de vendas face a 2020 de 4,3% com um total de 1.666.780 unidades comercializadas.

A Lada manteve o controlo do mercado com 21% de quota de mercado, seguida da Kia com 12,3% e da Hyundai com 10% do mercado. A BMW é apenas a 10ª marca mais vendida em 2021 com 2,8% de quota seguida da Mercedes-Benz com 2,6%.

Devido à guerra com a Ucrânia, o mercado russo tem vindo a cair a uma velocidade vertiginosa: entre janeiro e abril perdeu 43% das vendas. Ou seja, durante os quatro primeiros meses de 2022 foram vendidas, apenas, 293.846 unidades. Em 2021, durante o mesmo período, foram entregues 515.934 unidades. Lada (20,8%), Kia (13%) e Hyundai (11,6%) dominam.

Para se perceber a dimensão do problema, no mês de abril o mercado russo absorveu 32 706 unidades. No mesmo mês de 2021 as vendas foram de 151 964 veículos. Ou seja, uma queda de 78,5%!

Indústria automóvel na Rússia perde construtores 

A invasão da Ucrânia pela Rússia isolou o país liderado por Vladimir Putin, tendo o governante russo colocado todos de acordo: era preciso sair da Rússia. A generalização da condenação da agressão levou muitas empresas a limitarem, pararem ou abandonaram o mercado russo.

A Volkswagen suspendeu a produção em Kaluga e Nizhny Novgorod, a Audi ajustou a sua produção na Hungria para ir desligando a ficha na Rússia. A Suzuki suspendeu as exportações para a Rússia e para a Ucrânia e a Mercedes-Benz fez exatamente o mesmo.

A Toyota já parou a produção na Rússia onde produzia o RAV4 e o Camry em São Petersburgo. Porém, era uma produção para o mercado local.

A Daimler Truck parou a sua atividade naquele país incluindo a “joint venture” com a Kamaz. A Mercedes quer desfazer-se dos 15% que detém na Kamaz, sendo que os bens no valor de 2.2 mil milhões de dólares que tem na Rússia estão ameaçados pela nacionalização idealizada por Putin.

Renault: caso bicudo já resolvido

A Volvo AB parou a produção de camiões na Rússia e a Ford tem as suas operações suspensas até nova ordem. A Hyundai e a Kia são dos poucos construtores que se mantêm em atividade. O Hyundai Group produz em São Petersburgo 230 mil carros por ano, cerca de 27,7% da produção total da Rússia. A fábrica já esteve fechada, voltou a abrir até porque o grupo sul coreano não pode virar as costas a um dos seus maiores mercados.

General Motors e a Volvo já suspenderam as exportações para a Rússia, sendo que a casa sueca foi a primeira da indústria automóvel a suspender as vendas na Rússia. Jaguar Land Rover, Aston Martin e BMW pararam a exportações para aquele país.

O caso mais bicudo é o da Renault, mas da marca francesa tratamos em outro artigo que pode encontrar aqui no site do Escape Livre.