O GP do Mónaco foi, como dizem os italianos, um “grosso casino”! Ganhou a Red Bull, no meio de uma prova absolutamente caótica devido à chuva, depois da Ferrari ter metido os pés pelas mãos e os comissários desportivos terem negado um protesto da casa de Maranello. Ganhou Perez na frente de Sainz, Verstappen e Leclerc que, antes das paragens nas boxes, tinha a corrida… no bolso!
Diz a sabedoria popular que “o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita” e o GP do Mónaco começou torto. Muito! Primeiro com um atraso de 9 minutos que se transformou em 16 minutos e empurrou o começo da corrida para a janela de chuva que estava prevista. Os carros foram para a pista atrás do “Safety Car” porque ninguém tinha andado à chuva no Mónaco com estes carros.
GP do Mónaco confuso
Chuva ligeira que chegou com toda a parafernália da pré-grelha na reta da meta e levou as equipas a colocar pneus intermédios nos carros. Foram até à pista atrás do “Safety Car” e após uma volta, a chuva intensificou-se e tiveram de regressar às boxes. Tudo normal.
Mas eis que a direção de prova surpreende ao anunciar que a prova era uma “wet race” e que começaria atrás do “Safety Car”. Imediatamente, todos tiveram de colocar pneus de chuva no lugar dos intermédios. E aqui começou o “grosso casino”!
No exíguo espaço da via das boxes andavam a correr mecânicos de um lado para o outro, com diversos tipos de pneus, pois a maioria das equipas não estava preparada para esta situação. Confusão! Empurrões! Gritaria! Enfim, de tudo aconteceu.
Mattia Binoto, responsável da Ferrari, era a voz das equipas ao dizer que “não faço a menor ideia por que razão a direção de corrida adiou a partida.”
Foram 50 minutos de espera até que os carros voltaram à pista atrás do “Safety Car” e a prova começou com uma partida lançada na 3ª volta.
Mónaco. Arranca hoje o mais icónico de todos os Grandes Prémios!
Com concorrência de provas como Miami ou Las Vegas, Monte Carlo continua a ser a prova rainha do Glamour na F1.
Ferrari entregou o ouro à Red Bull
Quando, finalmente, a corrida teve o seu início e, depois da saída do “Safety Car” da pista, os pilotos encontraram uma pista a secar e a gritar pelos pneus intermédios. Pierre Gasly foi a cobaia que deu indicação a todos que era urgente mudar para os pneus para pouca chuva.
Inexplicavelmente, a maioria entendeu que não, que ainda era cedo. Porquê? Porque a maioria dos estrategas olhavam para a progressão de quem tinha trocado de pneus. Que era tímida, porque apesar de serem muito mais rápidos, não conseguiam ultrapassar. A posição em pista era ouro!
Carlos Sainz decidiu questionar a orientação do engenheiro que queria parar para intermédios e o espanhol queria atrasar a ida às boxes e colocar pneus de seco. Mas a Red Bull lançou o isco: mandou parar Sergio Perez para intermédios e o mexicano começou a ganhar tempo de forma assinalável aos homens da frente.
A Ferrari hesitou, Sainz manteve-se na ideia de trocar para “slicks” e a resposta da casa italiana foi, duas voltas depois, parar Leclerc para pneus… intermédios! Exatamente o que tinha feito a Red Bull com Verstappen.
O espanhol ficava na frente, mas Leclerc perdeu para Perez ficando atrás do mexicano. Sainz parou apenas à volta 21, perdendo uma eternidade para o Red Bull de Sergio Perez. A Red Bull respondeu de imediato e fez parar Perez e Verstappen. Como Leclerc parou ao mesmo tempo que Sainz, Sergio Perez ficou na frente de Sainz e Max Verstappen na frente de Leclerc.
Tudo porque a confusão estava instalada na Ferrari, pediram a entrada nas boxes para o “double stack” e depois queriam-no em pista, tarde demais.
Estava feito o erro e de dominador Charles Leclerc passava a dominado, perdia pontos para Verstappen e Sainz falhava, uma vez mais, a vitória. Tudo por culpa da… Ferrari!
Bandeira vermelha pelo acidente de Schumacher
Quando Perez já estava a consolidar a sua liderança face a Sainz, Mick Schumacher despistou-se entre as duas chicanes da Piscina. O embate não foi violento, mas quando se viram os destroços do Haas partido ao meio, chegou-se a recear o pior.
Mais uma paragem de 20 minutos e mais uma partida lançada, pois a direção de prova não estava segura de que o sistema de semáforos funcionasse.
Lando Norris perdeu a posição para George Russell, pois o piloto do Mercedes não passou pelos intermédios como fez o homem da McLaren. Nova troca de pneus nos homens da frente não mudou nada, mas com a autorização para usar o DRS, a esperança voltava à Ferrari.
E com uma longa fila de carros liderados por Fernando Alonso para dobrar, Perez poderia estar em inferioridade face a Sainz. E acabou por ficar vulnerável com a granulação dos pneus, o mesmo que sucedeu com Verstappen.
Assim, o espanhol apanhava o mexicano e o monegasco o neerlandês. Foi um final de corrida emotivo, com Sainz por um par de vezes a quase entrar pela traseira do Red Bull de Perez. O espanhol não conseguiu ousar e acabou em segundo, até porque Verstappen, desta feita, não quis arriscar uma ultrapassagem mais ousada.
Mercedes a melhor dos outros
George Russell voltou a ser o melhor Mercedes e o melhor dos outros, fazendo uma corrida solitária na frente de Lando Norris. Este acabou por não ser incomodado por Fernando Alonso que andou a corrida toda a tapar um grupo de pilotos para ajudar Ocon a ganhar posições.
Quando Estaben Ocon foi julgado culpado de uma colisão com Lewis Hamilton e penalizado com cinco segundos, Alonso estugou o passo e acabou com quatro segundos de vantagem para o Mercedes.
Essa penalização de Ocon promoveu Valtteri Bottas ao nono lugar e Sebastian Vettel ao último lugar pontuável.
Protesto da Ferrari contra a Red Bull
No final do GP do Mónaco, a Ferrari apresentou um protesto, alegando que os dois pilotos da Red Bull tinham cruzado a linha amarela de saída das boxes. E aqui mais uma confusão. Eduardo Freitas tinha dito que a linha amarela era um muro e os pilotos tinham de ficar do lado direito sem tocar a linha.
Porém, o artigo 5 c) diz que o carro não deve cruzar a linha e pelas imagens ficou esclarecido que os Red Bull não cruzaram, totalmente, a linha amarela. Tocaram na linha, mas não a passaram totalmente.
Defendeu-se, depois, Eduardo Freitas que as suas notas antes da prova eram uma cópia das regras de 2021 e, por isso, não estavam atualizadas segundo as regras do Appendiz L de 2022. Não ficou bonita a imagem da direção de prova e do colégio de comissários desportivos…
Classificação final GP do Mónaco
- Sergio Perez (Red Bull/RBPT), 64 voltas em 1h56m30,265s;
- Carlos Sainz (Ferrari), a 1,154s;
- Max Verstappen (Red Bull/RBPT), a 1,491s;
- Charles Leclerc (Ferrari), a 2,292s;
- George Russell (Mercedes), a 11,968s;
- Lando Norris (McLaren/Mercedes), a 12,231s;
- Fernando Alonso (Alpine/Renault), a 46,358s;
- Lewis Hamilton (Mercedes), a 50,388s;
- Valtteri Bottas (Alfa Romeo/Ferrari), a 52,525;
- Sebastien Vettel (Aston Martin/Mercedes), a 53,536s;
Classificação Mundial de Pilotos
- Max Verstappen, 125 pontos;
- Charles Leclerc, 116 pts;
- Sergio Perez, 110 pts;
- George Russell, 84 pts;
- Carlos Sainz, 83 pts;
Classificação Mundial de Construtores
- Red Bull, 235 pontos;
- Ferrari, 199 pts;
- Mercedes, 59 pts;
- McLaren, 59 pts;
- Alfa Romeo, 41 pts;
- Alpine, 40 pts;
- Alpha Tauri, 17;
- Haas, 15 pts;
- Aston Martin, 7 pts;
- Williams, 3 pts.