O GP da Áustria derrotou todos os prognósticos que entregavam a vitória a Max Verstappen na casa da Red Bull. A Ferrari dominou no Red Bull Ring com um monolugar que estava a par do carro da equipa de Milton Keynes. Perdeu a corrida Sprint porque, uma vez mais, não se focou no essencial, mas na prova principal não deu muitas chances a Verstappen tendo ultrapassado o seu rival três vezes durante a corrida. Uma vez mais a fiabilidade deixou a desejar com o Carlos Sainz a não conseguir dar seguimento à vitória em Silverstone, abandonando com mais um motor a entregar a alma ao criador.
Os especialistas opinaram, os jornalistas acreditavam, as casas de apostas não pagavam muito a vitória e na cabeça de Max Verstappen o resultado final era apenas um: vitória na corrida Sprint e no Grande Prémio. E depois da “pole position” de sexta-feira – conseguida de forma espetacular – o neerlandês estava absolutamente convencido que saía do Red Bull Ring com a liderança do campeonato reforçada.
Leclerc demasiado forte na Áustria
As vitórias de Max Verstappen na pista propriedade da Red Bull davam-lhe, na teoria, o favoritismo. Particularmente depois da equipa liderada por Christian Horner ter perdido a corrida de Silverstone onde a “dobradinha” era mais que expectável. Ganhou a Ferrari apesar de mais um tiro no pé com Charles Leclerc que acabou em quarto lugar quando poderia ter estado no lugar de Carlos Sainz.
Os treinos livres deixaram claro que a superioridade da Red Bull encolheu a olhos vistos com o Ferrari a estar muito melhor na travagem e na tração, cuidando melhor dos pneus que o RB18. Numa volta rápida, os dois carros estavam iguais, em ritmo de corrida, o Ferrari estava melhor e os pneus duravam mais.
Por isso, os 50 mil adeptos neerlandeses que ocuparam uma bancada com uma onda laranja e acabaram com a festa estragada por Leclerc. E as coisas poderiam ter sido piores se a Ferrari não continuasse a pecar na fiabilidade: Carlos Sainz estava prestes a passar pelo campeão do mundo quando o motor entregou a alma ao Criador.
Contas feitas, o homem mais rápido no Red Bull Ring foi Charles Leclerc e, mesmo assim, acabou a prova com o credo na boca. Depois de passar três vezes por Verstappen, o monegasco sentiu um problema com o acelerador “by wire” que não estava a funcionar em pleno. O piloto da Ferrari não entrou em pânico e apesar de ver a sua vantagem derreter como gelo ao sol, viu a bandeira de xadrez na primeira posição, dando à Ferrari a segunda vitória consecutiva.
Leclerc referiu no final que “exibimos um ritmo forte e os duelos foram bons com o Verstappen e no final conheci muitas dificuldades com o acelerador, que ficava a 20 ou 30% nas curvas lentas. Foi o suficiente para uma vitória incrivelmente importante depois de tudo o que me aconteceu nas últimas corridas.”
Verstappen defendeu-se de Leclerc… mas não evitou a derrota
O campeão do mundo defendeu-se no arranque, mas não conseguiu fugir a Leclerc como sucedeu na corrida Sprint. Nessa corrida que ditou a grelha de partida para o Grande Prémio, Max Verstappen ganhou depois dos dois pilotos da Ferrari se envolverem numa luta espúria que acabou com a vitória da Red Bull na frente de Leclerc e Sainz.
Mantendo-se colado à traseira do RB18, Leclerc beneficiou do DRS e se Verstappen defendeu-se de forma excelente do primeiro ataque, acabou por perder perante o monegasco. Foi a primeira de três ultrapassagens de Leclerc a Verstappen. As duas outras foram feitas depois de trocas de pneus, confirmando que a Ferrari cuidava melhor das borrachas da Pirelli. Isto porque o chassis italiano estava mais equilibrado que o chassis da Red Bull. E das duas vezes, Verstappen não teve qualquer possibilidade de se defender.
Ferrari e Red Bull perdem segundo carro
Por razões diferentes, Ferrari e Red Bull perderam o segundo carro. Sainz ficou pelo caminho por questões técnicas, Sergio Perez ficou de fora depois de se desentender com George Russell.
O piloto da Mercedes empurrou o mexicano para a escapatória da curva quatro e foi por isso penalizado com 5 segundos adicionados à primeira paragem na box.
Perez tentou recuperar, mas foi em vão porque, a meio da corrida, entrou na box e abandonou a corrida, perdendo o segundo lugar do campeonato.
Mercedes reforçou estatuto
A Mercedes voltou a colocar Lewis Hamilton no pódio. Assim, reforçou o estatuto de terceira melhor equipa do plantel. O W13 está cada vez melhor, mas ainda não tem velocidade para se envolver na luta entre a Red Bull e a Ferrari e no Red Bull Ring esteve menos eficaz que em Silverstone. George Russell terminou em quarto com uma boa dose de sorte, pois foi penalizado em cinco segundo, teve de mudar o nariz ao carro – a falta da lateral da asa provocava uma sobreviragem violenta – e conseguiu ficar com o quarto lugar.
A disputar o seu 100º Grande Prémio, Esteban Ocon terminou no quinto lugar depois da Alpine voltar a fazer asneira com Alonso, obrigando o espanhol a voltas de qualificação para passar por Valtteri Bottas e reclamar o derradeiro ponto.
Mick Schumacher é como o “ketchup”…
Dizia Cristiano Ronaldo que os golos quando vêm é como o “ketchup” e as boas exibições de Mick Schumacher parece o mesmo. Depois de pontuar em Silverstone e ter andado em luta com Verstappen, o alemão deu uma ensaboadela a Kevin Magnussen no GP da Áustria. O dinamarquês acabou por o deixar passar, pois não tinha ritmo para o manter atrás de si. No final foi Guenther Steiner quem ficou feliz, pois voltou a pontuar com os dois carros numa prova.
A McLaren não deu nas vistas no GP da Áustria, mas Lando Norris acabou em sétimo e Daniel Ricciardo terminou a corrida no 9º posto, na frente de Fernando Alonso.
Destaque final para o desentendimento entre Sebastian Vettel (Aston Martin) e Pierre Gasly (Alpha Tauri), acabou com o francês penalizado em cinco segundos e o alemão afundado na classificação.
Classificação final
- Charles Leclerc (Ferrari), 71 voltas em 1h24m24,312s;
- Max Verstappen (Red Bull), a 1,532s;
- Lewis Hamilton (Mercedes), a 41,217s;
- George Russell (Mercedes), a 58,972s;
- Esteban Ocon (Alpine Renault), a 1m08,436s;
- Mick Schumacher (Haas Ferrari), a 1 volta;
- Lando Norris (McLaren Mercedes), a 1 volta;
- Kevin Magnussen (Haas Ferrari), a 1 volta;
- Daniel Ricciardo (McLaren Mercedes), a 1 volta;
- Fernando Alonso (Alpine Renault), a 1 volta; etc. Classificados 17 pilotos
Mundial de Pilotos
- Max Verstappen, 208 pontos;
- Charles Leclerc, 170 pts;
- Sergio Perez, 151 pts;
- Carlos Sainz, 133 pts;
- George Russell, 128 pts; Classificados 19 pilotos
Mundial de Construtores
- Red Bull, 359 pontos;
- Ferrari, 303 pts;
- Mercedes, 237 pts;
- McLaren, 81 pts;
- Alpine Renault, 81 pts;
- Alfa Romeo, 51 pts;
- Alpha Tauri, 27pts;
- Haas, 20 pts;
- Aston Martin, 18 pts;
- Williams Mercedes, 3 pts.