Afinal não há Porsche na Fórmula 1 depois das conversações entre a Red Bull e a casa de Weissach não terem chegado a bom porto. Uma decisão que mais parece um icebergue, pois a história deste fim de relação entre a equipa de Milton Keynes e a marca de Estugarda está bem escondida abaixo da camada revelada pela Porsche, hoje, em comunicado.
Curto e grosso como diz o povo. Assim é o comunicado da Porsche a confirmar aquilo que já se sabia: as negociações entre a casa de Weissach e a Rer Bull terminaram sem acordo. Afinal não há Porsche na Fórmula 1.
Lê-se no curto comunicado que nos últimos meses, a Porsche esteve em negociações com a Red Bull GmbH (não com a Red Bull Racing Team) sobre a possibilidade da entrada da marca alemã na Fórmula 1.
Afinal não há Porsche na Fórmula 1
A primeira farpa à Red Bull surge logo de seguida quando é dito que “a premissa foi, sempre, ter igualdade na parceria, o que incluía uma parceria ao nível do motor, mas também da equipa. Isto não foi possível alcançar.”
Ou seja, a Porsche queria metade da Red Bull F1 Racing Team e não apenas fornecer motores.
Por outro lado, a Porsche diz que “com as regras de motores finalizadas, a disciplina continua a ser um ambiente atrativo para a Porsche, pelo que continuará a ser monitorizada.”
Então o que quer dizer tudo isto? Primeiro que o acordo que já existia entre as partes foi rasgado e, dizem algumas fontes, por ambas as partes. De um lado a Red Bull que quer muito fazer o seu motor e lutar de igual para igual, neste aspeto, com Ferrari e Mercedes. Faz sentido isto?
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Faz sentido se olharmos para o que é a Red Bull. Com domínio de 49% do mercado das bebidas energéticas, a empresa de Dieter Mateschitz (que detém 49% do capital da sociedade privada que não está cotada em bolsa) precisa de megaeventos como a Fórmula 1 para manter a sustentabilidade. Portanto, faz sentido fazer tudo em casa, mesmo que a mãozinha da Honda esteja presente.
Por outro lado, a Red Bull preferirá a Honda que pagando menos, não tenta meter a mão no alguidar da gestão da equipa. Portanto, os japoneses são um excelente parceiro tal como foi a Renault durante anos a fio.
E então a Porsche? A mudança de liderança de Herbert Diess para Oliver Blume, ex-CEO da Porsche, transformou o grupo Volkswagen. Desde logo pela racionalização de custos e convirá recordar que estes anúncios da entrada da Audi e da Porsche na F1 foram feitos pela gestão de Diess.
Era evidente que depois da grave crise dos semicondutores, da quebra de vendas experimentada um pouco por todo o mundo, o Dieselgate, seis anos depois, ainda a estalar aqui e ali como pipoca ao lume e a necessidade de apostar na transição energética – para além de corrigir os muitos erros de Diess nesta cavalgada do grupo rumo à eletrificação que custaram milhões – entrar com duas marcas na F1 era uma utopia.
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Afinal não há Porsche na F1 e ficará a Audi sozinha
Diz-se que são precisos dois para dançar o tango e quando um desafina, o par sofre. Neste caso os dois desafinaram. Por um lado, a Red Bull não queria ter em casa a mão de um grande colosso da industria automóvel (leia-se grupo VW) que, cedo ou tarde, iria questionar a forma de agir da organização e a querer implementar novos processos.
Por outro lado, a Porsche estava desesperada para sair airosamente da situação e ambos, com excelentes gestores de crise, encontraram na insanável diferença de opinião sobre quem ficava com o quê o tubo de escape.
Portanto, a Fórmula 1 continua a ser muito atrativa e a Porsche vai estar atenta. Ou seja, não haverá Porsche na F1 e a Audi arrancará sozinha ainda por cima com um CEO que percebe da poda.
É que Marcus Duesmann foi responsável pela F1 na Mercedes em vários cargos e, portanto, sabe o que é preciso para vencer. A representação do grupo Volkswagen na Fórmula 1 está muito bem entregue e a Porsche vai continuar onde a sua herança repousa: nas corridas de GT e endurance além da Fórmula E. Porém, convirá sempre lembrar que, “o que é verdade hoje, pode ser mentira amanhã!”