O GP dos EUA foi mais um passeio para Max Verstappen a caminho do recorde de vitórias numa temporada. Pelo caminho, entregou à Red Bull o título de campeã do Mundo de Construtores. Tudo isto um dia depois de Dietrich Mateschitz, a “alma matter” da Red Bull ter sucumbido a doença prolongada. O guião daquela que terá sido a melhor prova de 2022 ainda tinha uma alínea que quase oferecia a vitória à Mercedes: Verstappen entrou nas boxes e a equipa ultrassónica da Red Bull borrou a pintura com uma paragem desastrada que ofereceu um recrudescimento de interesse que o neerlandês gelou passadas uma mão cheia de voltas. Foi a 13ª vitória da temporada para o mais recente bicampeão do mundo de F1.
O Grande Prémio dos Estados Unidos da América disputado este fim de semana no Circuito das Américas (COTA) terá sido dos melhores de 2022. Porém, enfermou dos mesmos problemas da F1 este ano: inconsistência nas decisões dos comissários desportivos e demasiadas decisões depois da corrida a adulterar o resultado final.
Inconsistências dos comissários desportivos
Fernando Alonso (Alpine Renault) viu a sua excelente corrida no GP dos EUA arrasada pelos comissários desportivos. O espanhol fez uma prova “à Alonso”: fez um “cavalinho” após embate em Lance Stroll, veio à box para lhe repararem o carro, andou como poucos e recuperou até sétimo para ser penalizado em 30 segundos e sair dos pontos. Tudo devido a um protesto da Haas sobre o facto do Alpine estar sem um espelho (que caiu a meio da corrida). Protesto que visou Perez e o seu Red Bull sem a parede lateral da asa dianteira.
Os comissários aceitaram a reclamação da Haas, penalizaram Alonso e não penalizaram Perez. Enfim, coisas da Fórmula 1. O regulamento é para cumprir, claro, mas está na hora da Fórmula 1 deixar de ser tão cega e deixar que corridas como a que Fernando Alonso fez no GP dos EUA possam gerar resultados que mexam com as emoções dos adeptos.
Eduardo Freitas afastado pela FIA
Tudo isto depois da FIA ter mandado para casa Eduardo Freitas. O português esteve no olho do furacão no Japão e foi mais uma vítima do que sucedeu na pista de Suzuka. Acabou a direção de corrida bicéfala da Fórmula 1, Niels Wittich será o responsável até final da temporada. As coisas melhoraram?
Nem por isso, pois voltou a haver polémica com os já demasiado famosos limites de pista neste GP dos EUA. Um Alfa Romeo perdeu a Q3 devido a ter excedido por centímetros o limite de pista, um Red Bull (o do campeão do mundo) fez o mesmo e nada aconteceu.
Mas houve mais penalizações! Pierre Gasly levou 10 segundos por não ter servido uma penalização corretamente, Nicholas Latifi recebeu 5 segundos por forçar Mick Schumacher a sair de pista, o alemão viu adicionarem 5 segundos ao seui tempo devido a desrespeito pelos limites de pista. Finalmente, Alex Albon foi penalizado em cinco segundos por ter cortado uma curva e ganho vantagem.
Enfim, os títulos estão entregues – a Red Bull conquistou o quinto título de construtores – foi encontrado o “cabeça de turco” português para os males da F1 e espera-se que México, Beasil e Abu Dhabi corram bem.
Verstappen ganha apesar do susto
O neerlandês está a caminho de reclamar alguns recordes para o seu palmarés. A sobranceria dada pela superioridade do Red Bull – vista na declaração dele após ter ficado em terceiro na qualificação “está tudo bem, temos melhor ritmo qiue eles em corrida” – permitiu-lhe ultrapassar… uma má paragem nas boxes.
O mais recente bicampeão do Mundo de Fórmula 1 fez um excelente arranque, passou por Carlos Sainz – “pole position” com classe na frente de Leclerc que foi penalizado em 10 lugares na grelha – e controlou a corrida a seu belo prazer até à volta 36.
Paragem nas boxes e… desgraça! A roda da frente do lado esquerdo teimou e voaram 11,5 segundos. Uma paragem absurdamente lenta para quem as faz de menos de 2 segundos! Verstappen caiu para trás de Lewis Hamilton e de Charles Leclerc. Rejubilavam os adeptos do britânico com a perspetiva da primeira vitória da Mercedes em 2022. Para o monegasco, a perspetiva de uma recuperação fantástica. Porém, nem uma coisa nem outra!
O piloto da Red Bull passou por Leclerc volvidas, apenas, três voltas – e o piloto da Ferrari ainda se defendeu uma vez no final da reta da meta, mas foi impotente para travar o R18 na longa reta depois do carrocel – e a seis voltas do fim apan hou Hamilton.
O piloto da Mercedes tinha borrachas duras da Pirelli, o neerlandês estava com os médios da casa italiana e aconteceu o inevitável: Max verstappen passou por Lewis Hamilton, expressando uma superioridade imensa da Red Bull. E uma curiosidade: os pneus duros perderam eficácia de forma abrupta e os médios duraram mais do que se esperaria. A Pirelli a dar o seu contributo.
Red Bull é campeã do Mundo de Construtores pela 5ª vez
Um dia depois da morte de Dietrich Mateschitz, o homem que fez da Red Bull o império que é hoje e deu a mão a mais de uma centena de pilotos, a Red Bull Racing ganhou o título de Construtores com a vitória de Max Verstappen.
O piloto neerlandês disse, no final da corrida, que “foi importante para nós obter este bom resultado. Depois da má paragem, deu tudo e claro que a vitória é dedicada ao Dietrich.”
Para além disso, Max Verstappen está à beira de conquistar mais um recorde na Fórmula 1. Esta foi a sua 13ª vitória em 2022, igualando Michael Schumacher e Sebastian Vettel. O primeiro venceu 13 corrida em 18 disputadas na temporada de 2004. O segundo venceu 13 GP em 19 disputado em 2013. O piloto da Red Bull tem 13 vitórias em 19 corridas já disputadas.
E já que falamos de números, foi a 90ª vitória da Red Bull na F1 e a 33ª de Max Verstappen, sendo agora o sexto mais vitorioso de sempre atrás de Lewis Hamilton (103), Michael Schumacher (91), Sebastian Vettel (53), Alain Prost (51) e Ayrton Senna (41).
Ferrari continua calvário
É verdade que Charles Leclerc fecho o GP dos EUA no terceiro lugar. Mas… voltou a sofrer muito com a degradação dos pneus num carro que tem duas caras. Uma na qualificação e outra na corrida.
O monegasco fez uma manobra de antologia para ultrapassar Sergio Perez, recuperando até terceiro depois de sair de 12º da grelha de partida. Mas como o próprio reconheceu “o ritmo não era suficiente para ir além do terceiro lugar.”
Não olvidando o facto que, desta feita – e sem Mattia Binotto nas boxes, o que só pode ser uma coincidência – a Ferrari acertou a estratégia ao mandar parar o seu piloto à volta 22 reagindo perfeitamente ao “Safety Car” saído devido ao despiste de Valtteri Bottas.
Aliás, o “Safety car” e Bernd Maylander estiveram muito ativos: depois de Bottas ter saído na penúltima curva do traçado do COTA, foi a vez de Alonso e Stroll se desentenderem neste GP dos EUA.
Quanto a Carlos Sainz, ficou logo na primeira curva abalroado por George Russell (Mercedes). Um radiador partido e consequente fuga de água estacionaram o Ferrari nas boxes. O piloto da Mercedes foi até final, mas longe da galhardia de outros tempos, longe de Hamilton e atrás de Sergio Perez, o quarto classificado.
Vettel acaba nos pontos
Depois de anunciar que vai sair da Fórmula 1 no final do ano, Sebastian Vettel foi ao armário buscar o piloto que ganhou quatro títulos consecutivos. Talvez para lembrar que, afinal, é um excelente piloto.
Beneficiou do incidente entre Alonso e Stroll e dos “Safety Car” para trepar na classificação, mas foi atirado para baixo quando parou nas boxes e o pneu da frente do lado esquerdo foi teimoso. Perdidos 16,8 segundos, todo o trabalho feito foi atirado pela janela.
Beneficiou da penalização a Alonso para subir a sétimo e recebeu dos adeptos o voto de “Piloto do Dia” do GP EUA, muito por culpa da excelente manobra que fez na última volta para roubar uma posição a Kevin Magnussen. Que amealhou três pontinhos para a Haas na sua prova caseira, depois de Mick Schumacher parar segunda vez – Magnussen parou apenas uma e poupou 20 segundos, mais coisa menos coisa – e ficar no meio de muitos pilotos a tentar chegar ao final da corrida.
Classificação final do GP EUA
- Max Verstappen (Red Bull RBPT), 56 voltas em 1h42m11,687s;
- Lewis Hamilton (Mercedes), a 5,023s;
- Charles Leclerc (Ferrari), a 7,505s;
- Sergio Perez (Red Bull RBPT), a 8,293s;
- George Russell (Mercedes), a 44,815s;
- Lando Norris (McLaren Mercedes), a 53,785s;
- Sebastian Vettel (Aston Martin Mercedes), a 1m05,354s;
- Kevin Magnussen (Haas Ferrari), 1m05,834s;
- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri RBPT), a 1m 10,919s;
- Esteban Ocon (Alpine Renault), a 1m12,875s; etc. Classificados 14 pilotos.
Campeonato do Mundo de Fórmula 1 – Pilotos
- Max Verstappen, 391 pontos;
- Charles Leclerc, 267 pts;
- Sergio Perez, 265 pts;
- George Russell, 218 pts;
- Carlos Sainz, 202 pts;
- Lewis Hamilton, 198 pts;
- Lando Norris, 109 pts;
- Esteban Ocon, 79 pts;
- Fernando Alonso, 65 pts;
- Valtteri Bottas, 46 pts; Classificados 21 pilotos
Campeonato do Mundo de Fórmula 1 – Construtores
- Red Bull Racing, 656 pontos;
- Ferrari, 469 pts;
- Mercedes, 416 pts;
- Alpine Renault, 144 pts;
- McLaren Mercedes, 138 pts;
- Alfa Romeo Ferrari, 52 pts;
- Aston Martin Mercedes, 51 pts;
- Haas Ferrari, 38 pts;
- AlphaTauri RBPT, 36 pts;
- Williams Mercedes, 8 pts.