Os automóveis dos anos 80 que foram esquecidos não são, necessariamente, veículos maus ou que tenham nascido fora de tempo. Muitos deles foram excelentes ideias, porém, por esta ou aquela razão, nunca foram bem-sucedidos. Os exemplos nos Estados Unidos são muitos, mas sobre esses não nos vamos debruçar, pois alguns deles nem sequer são conhecidos no Velho Continente. Aqui ficam, assim, alguns dos modelos europeus que, provavelmente, desconhece ou já não se lembrava.
Alfa Romeo 6 (1979)
Este é aquele modelo que poucos lembram porque foram feitas cerca de 12 mil unidades. Mas também porque, este sim, nasceu na época errada. O Alfa Romeo 6 era uma ideia da Alfa Romeo para vender a abonados condutores europeus. Estava pronto para ser colocado à venda em 1973 quando se abateu sobre o mundo a crise do petróleo. Ficou arrumado a um canto e em 1979, passada a crise, a Alfa Romeo decidiu tirar-lhe o pó e coloca-lo á venda com poucas alterações.
Naturalmente que o carro já estava algo ultrapassado e apesar de usar um excelente V6 com 2.5 litros com carburadores, o consumo era de tal ordem que tornava o Alfa Romeo 6 um carro inoportuno para a época. A casa de Arese modificou o carro e, sobretudo, a mecânica com a aplicação de um sistema de injeção e a chegada de um turbodiesel, mas sem sucesso e em 1987 o Alfa 6 chegava ao final da sua vida.
Volvo 780 (1985)
Juntar um nome famoso do design automóvel a uma marca que não tinha no estilo a sua maior qualidade, tem tudo para dar certo, verdade? Os automóveis dos anos 80 tinham esta particularidade. Pois bem, a Volvo quis continuar a sua parceria com a Bertone e transformar o 760 num… coupé. O carro, chamado Volvo 780, apareceu no Salão de Genebra de 1985. Com dimensões parecidas com as do 262C, igualmente feito por Bertone, não tinha, porém, o tejadilho forrado com vinil. Tinha linhas mais retas e que se coordenavam com o estilo da época e da Volvo.
Por dentro era o luxo com pele e madeiras, conferindo-lhe um estatuto de modelo de topo. No que toca às motorizações, um V6 e um turbodiesel com quatro cilindros faziam a gama. A Volvo diz que produziu 8518 unidades e a casa sueca nunca mais voltou a ter um coupé entre 1990 (ano em que o 780 saiu de produção) até 1996 com a chegada do C70.
Daihatsu Rocky (1988)
Era uma espécie de SUV. Pensado para os EUA, mas com as dimensões erradas e, sobretudo, as mecânicas erradas. O estilo também não era lá grande coisa e o Rocky acabou na Europa sendo conhecido no Reino Unido como Fourtrack. Coisas dos britânicos. Com um interior frágil e um motor que tinha, apenas, 100 cv, o Rocky era lento e curvava muito mal. Vendeu muito no Japão, na Europa é uma distante memória que desapareceu no início dos anos 90.
Bertone Freeclimber (1989)
Os automóveis nos anos 80 e, particularmente, os modelos todo o terreno começaram a mudar de cavalos de trabalho onde o refinamento era palavra vã, passaram a ser símbolo de estatuto e de bem estar na vida. Nasceram nessa época os Range Rover mais luxuosos e os Jeep vindo dos EUA e outras marcas começaram a explorar o segmento.
A Bertone, famosa casa de estilo italiana, quis entrar na dança, mas à sua maneira. Deitou mão a um Daihatsu Rocky, ofereceu-lhe um interior luxuoso, deu uns retoques no estilo exterior – nomeadamente à frente – e colocou debaixo do capô um motor BMW colocando uns pneus de maior qualidade nas jantes Bertone. Chamou-lhe Freeclimber e entre 1989 e 1992 vendeu… 2800 unidades. O suficiente para levar á realização de um Freeclimber II do qual foram vendidas… 2800 unidades. Em 1995, acabou-se o Freeclimber e ficou um SUV que mudou bastante a face do Rocky e hoje é procurado por alguns colecionadores devido à raridade.
Rayton Fissore Magnum (1985)
Provavelmente este nome diz pouco, mas quem viajou para Itália no final dos anos 80 lembrar-se-á deste Fiat Uno alimentado a esteroides anabolizantes. Em termos de automóveis dos anos 80, este SUV nasceu um modelo 4×4 desenhado por Tom Tjaarda e feito com base em chassis Iveco (e a transmissão 4×4, ambos da Daily), destinado ao exército e aos Carabinieri.
O modelo de base era já muito luxuoso e por isso alguém se lembrou de colocar o Magnum como rival do Range Rover. O interior estava forrado a pele e madeira verdadeira e tinha um motor Ford V8 com 4.9 litros (entre outros motores como o 2.0 litros Fiat Volumex, o Alfa Romeo V6 e os turbodiesel da VM e da Sofim e da BMW). Nos EUA ficou conhecido como LaForza 5 Litre e com algumas alterações até vendeu razoavelmente bem, particularmente, na Califórnia. No Velho Continente nem por isso.
O problema foi o de sempre. Fiabilidade. Isso danificou a imagem do modelo e rapidamente a Rayton Fissore entrou em falência (1990) e teve o estertor da morte quando um fundo árabe comprou o que restava da empresa e vendeu alguns modelos na Arábia Saudita. A fiabilidade acabou com o projeto pouco depois.