Quantos quilómetros são demais num carro usado? Já pensou nisso? Já pensou que os carros hoje duram mais do que os seus antecessores? Pode parecer o contrário, mas não é verdade: os carros atuais são mais fiáveis e duradouros que anteriormente. A questão que se coloca é esta: qual é a quilometragem aceitável para comprar um usado? 100 mil quilómetros? 160 mil? Vá lá, até 200 mil? Ou nem sequer pensa num usado?
Afinal, quantos quilómetros são demais num automóvel usado?
Quantos quilómetros é que são demais num carro usado? Esta questão coloca-se de forma premente numa altura em que os veículos novos estão a aumentar de preço. A opção acaba por ser um usado, mesmo que estes também estejam a conhecer um aumento de preços.
Contas feitas, o preço médio de um automóvel na Europa comunitária é de 27 500€, sendo que em Portugal esse valor terá de ser inflacionado em 10,8%. Ou seja, um carro novo em Portugal ronda, em média, 30 000€.
Naturalmente que há modelos a começar tão baixo como 14 mil euros, mas a média ronda, de facto, os 30 mil euros. Porém se juntarmos o custo dos combustíveis e fizermos a comparação com o rendimento anual per capita, percebemos que comprar carro novo em Portugal é complicado.
Complicado ter carro novo em Portugal
Ora, comparando o valor do veículo mais os combustíveis e a proporção do rendimento de cada português necessária para manter o veículo e criando uma escala de 0-10 (onde zero significa acesso total e 10 impossibilidade de ter um automóvel novo) Portugal tem uma classificação de 8,19!
Mais! Um português terá de desembolsar 69,36% do seu salário anual para ter um automóvel novo. Um japonês, por exemplo, gasta, apenas, 26,34% do seu rendimento anual para ter carro saído do stand.
Comprar carro usado não é roleta russa… mas quase!
Assim sendo, o português escolhe um usado. Cujo preço médio no final de 2022 era de 23 500€, um aumento de 12% face a 2021. Mas, como se percebe, uma sensível diferença para os 30 mil euros de um veículo novo.
Por outro lado, o parque automóvel em Portugal está com uma idade média de 15 anos e os portugueses percorrem, em média, 9 mil quilómetros/ano. Ou seja, um modelo dentro da média do país terá 135 mil quilómetros.
Comprar um carro usado pode ser um jogo, não uma roleta russa, mas quase. Não fossem já difíceis as coisas com os inúmeros portais de venda de usados, alguns menos credíveis, os particulares também causam algum distúrbio no negócio. Bom, é claro que, mais do que os quilómetros que tem, facto sem dúvida importante, é como foram feitos, e a manutenção que foi realizada durante esse período.
Mas, concentremo-nos nos quilómetros… Afinal, quantos quilómetros é que são demais num carro usado? Não temos uma resposta definitiva para isso. Para uns 135 mil quilómetros é muito, para outros é apenas o começo. Há quem fique horrorizado com um usado acima dos 200 mil quilómetros. E depois esbarram em verdadeiros achados que têm perto de 300 mil quilómetros.
Já se sabe que quantos mais quilómetros, menor será o preço, mas também a manutenção será maior e mais cara. A verdade é que até há pouco tempo, a baliza estava estabelecida entre os 120 e os 180 mil quilómetros. Com o aumento dos modelos importados (mais 27,7% em 2022) chegam carros com mais distância percorrida e menos de 200 mil quilómetros não existem. Ou pelo menos, a preços que possam ser acessíveis.
Para além disso convém ver a média/ano e, no caso dos veículos importados, de onde vêm. Há países, bem maiores que Portugal, em que fazer vários milhares de quilómetros é relativamente fácil. Por outro lado as estradas também são bem melhores, o que causará menos “mazelas” nos automóveis. Numa primeira análise, se lhe falarmos de um carro com 200 mil quilómetros, vai dizer que é muito. Mas se lhe dissermos que se trata de um carro com 20 anos e fizer as contas, vai chegar à conclusão que foram percorridos 10 mil quilómetros por ano. Muito? Nem por isso!
Uma boa manutenção é fundamental
Portanto, a quilometragem é importante, mas muito mais importante é a forma como o carro foi usado e cuidado. Procure sempre toda a informação sobre a assistência feita, e informe-se da quilometragem real, através da IPO (Inspeção Periódica Obrigatória), tal como fizemos com “o nosso clássico“. Feita a escolha final, faça uma boa revisão ao modelo. Verá que andam por aí algumas pérolas com 300 mil quilómetros que ainda o vão servir por muitos e bons anos…
