A Volkswagen vai investir 180 mil milhões de euros na mobilidade elétrica e no software nos próximos cinco anos, em áreas como a produção de células de baterias, digitalização e a presença nos EUA. O investimento nos motores de combustão interna vai declinar ao passo que a VW aposta todas as fichas na mobilidade elétrica. Um poderoso investimento que não tem data de retorno prevista.
A Volkswagen e a mobilidade elétrica estão de mãos dadas, daí o investimento de 180 mil milhões de euros nos próximos cinco anos. Mais de dois terços desse investimento vai, direitinho, para a mobilidade elétrica e software. É mais 56% do que aquilo que foi investido nos últimos cinco anos. Destes 180 mil milhões, 15 mil milhões de euros estão destinados a fábricas de baterias e matérias-primas.
Contas feitas, é um aumento de 13% nos gastos face ao que estava inscrito no plano do grupo. Segundo Arno Antlitz, o diretor financeiro do grupo VW, a diferença está no maior investimento no negócio das baterias e matérias-primas e nos 2 mil milhões de euros que vão gastar na nova marca Scout nos EUA.
Para este responsável, “esperamos atingir 20% de vendas de mobilidade elétrica no que toca às vendas de modelos novos em 2025 e já estamos a investir fortemente nessa área. Por outro lado, temos de manter os motores de combustão interna competitivos… é um fardo duplo!”
Objetivos bem claros, mas ambiciosos
Já Oliver Blume, o CEO do grupo Volkswagen, referiu que “estabelecemos objetivos claros e ambiciosos e tomamos as decisões necessárias para acelerar processos. Vai ser um ano decisivo para executar e alcançar os objetivos da estratégia desenhada.”
Por outro lado, a VW está a finalizar o software que vai usar nas marcas de Premium do grupo. Este, a médio prazo, será usado em todas as marcas. Esse trabalho está a ser feito pela Cariad, a unidade de software do grupo que tem sido uma pedra no sapato de Oliver Blume.
Não alcançou os objetivos definidos e ultrapassou o orçamento acabando com um prejuízo operacional de 2 mil milhões de euros em 2022. Algo que Blume quer ver corrigido imediatamente.
Investimento também na China
Paralelamente, a VW continua a investir na China, o seu maior mercado. O objetivo é tentar melhorar a competitividade dos produtos que lá comercializa apelando a modelos feitos localmente. A ideia é reforçar a presença e travar a perda de quota de mercado que a VW tem vindo a conhecer, especialmente, nos veículos elétricos.
Este colossal investimento já está a gerar preocupações nos investidores. Estão desconfiados com o rumo do negócio, com as perdas em algumas divisões e com a redução do “cash flow” e da liquidez.
Querendo vender, apenas, 50% dos seus modelos com motores de combustão interna, a Volkswagen vai desenvolver essa tecnologia até 2025. Nessa altura espera-se que entre em vigor a restritiva norma Euro7 e até 230 o investimento nessa tecnologia vai diminuir.
Este anúncio do investimento de 180 mil milhões de euros nos próximos cinco anos não revela tudo sobre o pensamento estratégico de Oliver Blume. O CEO do grupo anda a “empatar” para perceber o que vai acontecer na União Europeia. Contudo, já se sabe que vai fazer uma fabrica de baterias no Canadá, decisão que está intimamente ligada com a expansão nos EUA.
Do mesmo modo, o grupo VW já anunciou que 2023 será um ano onde aumentará vendas em 14% e o aumento nas receitas estará entre os 10 e 15%. A previsão do lucro operacional ronda os 9% depois de em 2022 ter chegado aos 8,1%.