Carlos Tavares entende que os “e-fuels” não vão mudar o rumo da indústria rumo à eletrificação. O CEO da Stellantis foi claro quando em declarações feitas no fórum do grupo que dirige chamado “Freedom of Mobility”, lembrou que a indústria vai ter de provar que os “e-fuels” são neutros em carbono, tanto na produção como à saída do tubo de escape. Uma das conclusões deste fórum que decorreu de forma digital na passada quarta feira.
Carlos Tavares entende que a utilização dos combustíveis sintéticos não vão mudar de forma radical os planos da indústria automóvel, apesar de neste momento serem eles a permitir a permanência dos motores a combustão para lá de 2035.
Para o CEO da Stellantis, em declarações feitas no fórum “Freedom of Mobility” promovido pelo grupo que une debaixo do mesmo teto a PSA e a FCA, a isenção que os motores de combustão interna alimentados com “e-fuels” receberam para se manterem para lá de 2035, não mudará quase nada os planos da indústria automóvel.
“Estamos já todos bem lançados no caminho da eletrificação que a União Europeia deseja.” Esta frase disse quase tudo e é uma espécie de alfinetada aos políticos, num evento que a Stellantis quer tornar anual e onde se falou da mobilidade. Que no entender dos participantes e da Stellantis, deve ser segura, limpa e acessível. Porém a questão reside noutro ponto: será que o aumento dos custos e dos preços não vai limitar essa mobilidade segura, limpa e acessível a uns poucos felizardos?
Segundo a Reuters, Carlos Tavares confidenciou que as grandes decisões sobre a eletrificação foram tomadas em 2014/2015. Ou seja, pouco tempo depois de Carlos Tavares se ter tornado CEO da PSA e anos antes da fusão da PSA com a Fiat Chrysler Automobiles (FCA) em 2021.
Para o responsável máximo da Stellantis, a decisão da União Europeia em ceder à Alemanha e a outros países “não vai mudar o rumo atual. Penso que os combustíveis sintéticos abrem uma nova via tecnológica que vai ser desenvolvida. Mas primeiro a indústria terá de demonstrar que estes combustíveis são neutros em carbono à entrada do depósito e à saída dos escapes.”
Carlos Tavares recebeu Marcelo Rebelo de Sousa em Mangualde
Carlos Tavares recebeu o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na celebração dos 60 anos do Centro de Produção Mangualde.
“Menos autonomia, menos custos”
Carlos Tavares entende que a eletrificação terá de trazer modelos elétricos mais leves, mais eficientes e mais baratos para o mercado, acompanhando com uma rede de carregamento muito mais ampla.
“Uma das formas mais importantes de tornar a mobilidade limpa e acessível é tornar os veículos elétricos mais leves, o que significa encontrar melhores fórmula químicas para as baterias recorrendo a materiais alternativos. Por outro lado, se tivermos uma estrutura pública de carregamento maior podemos ter menor autonomia” e no raciocínio de Carlos Tavares “se a autonomia for menor, o peso é menor e se o peso for menor, os custos também são menores!”
Para o CEO da Stellantis está claro que “os modelos elétricos podem ser mais acessíveis se a estrutura de carregamento for suficientemente densa para que a ansiedade com a menor autonomia não seja um travão à compra do carro elétrico.” Simples!
Convirá lembrar que a Stellantis abandonou a ACEA (Associação Europeia de Construtores Automóveis) e criou este fórum “Freedom of Mobility”, onde estiveram seis peritos vindos de todo o mundo (Carlos Tavares incluído) que debateram questões como a acessibilidade económica, igualdade de oportunidades, diferenças regionais e assegurar que a mobilidade acessível é neutro no que toca ao género.
Rematando a sessão, Carlos Tavares deixou uma mensagem. “As políticas sobre as alterações climáticas não devem ser usadas como arma para reconstruir competitividade numa abordagem global do comércio.”