O primeiro ensaio do Peugeot 408 equipado com o sistema híbrido da Stellantis com 180 cv revelou um automóvel absolutamente sedutor. O conceito inventado pela Peugeot resulta, é tentador e tem a enorme vantagem de ser mais agradável de usar que os comuns crossovers. Em cima disto, temos um automóvel bonito, diferente e que nos seduz ao primeiro olhar. Confesso que os muitos quilómetros feitos me deixaram de água na boca.
A pergunta que alguns me fizeram é aquela que tenho de fazer: o que é o Peugeot 408?
Depois de muito perorar acho que ninguém sabe muito bem o que é verdadeiramente o Peugeot 408. Tudo porque este é um automóvel que é o fruto de uma relação entre um cinco portas, um coupé e um SUV. É a resposta da Peugeot a uma ideia que começa a passar pela mente de muitos: será que já chegámos ao pico dos SUV? Será que estamos a começar a procura por outras formas de ser automóvel? Honestamente? Não faço a menor ideia!
Porém, parece claro que a Peugeot entende que os SUV são um aborrecimento e, vai daí, lança este Ás de Trunfo chamado 408 que é um “Don Juan”! Ainda por cima tem o condão de ser… diferente! Por tudo isto a Peugeot merece os meus parabéns!
Outra dificuldade é encontrar rivais. Na minha opinião… não há! Vá lá, talvez a Kia Proceed, mas assim muito ao longe.
Preço bem definido
Outra particularidade: o 408 está “entalado”, em termos de preços, entre o 308 SW (a partir de 34 220€) e o 3008 (a partir de 35 580€), mas a curta distância do 5008 (a partir de 38 795€) e o 508 que fica por 45 100€. O que quer isto dizer?
Desde logo que os preços do 408 são simpáticos para aquilo que oferece. Depois, o 408 é uma excelente opção se procura um SUV como o 3008. É diferente, tem espaço interior que chega, sobra e ainda sobeja, e tem um comportamento melhor que o 3008.
Por outro lado, com as propostas de crédito da Leasys, a empresa financeira da Stellantis, pode ter um automóvel que o faz sobressair da multidão por 500€/mês (sem IVA) se for uma empresa, ou 540€ (com IVA e entrada de 4750€) se for um comprador particular. E garanto-lhe que o 408 parece ser maior e mais imponente que um 508. E se olhar para um BMW ou Mercedes-Benz… se calhar apanha uma surpresa!
O Peugeot 408 é um “top model”
Este Peugeot é muito giro, não é? Eu, pelo menos, acho que sim! E não é novidade um Peugeot giro e sedutor, pois este 408 é obra de Kevin Gonçalves, o luso francês que já tinha sido responsável pelas linhas do 208, dentro do departamento de estilo da Peugeot liderado por Pierre-Paul Mattei.
Quase não há uma superfície plana e a forma musculada, grande – parece maior do que é, embora seja um carro grande – e acolhedora (visto de dentro) da carroçaria é uma verdadeira pedrada no charco, particularmente para alguns construtores alemães. O Peugeot 408 está muito bem proporcionado e consegue ser muito mais feliz que o C5 X da Citroën. Tudo porque as proporções estão todas certas: as rodas da frente encostadas ao limite da carroçaria, a traseira desenhada ao contrário, um capô longo e alto o suficiente e as jantes de generosas dimensões. Enfim, um carro absolutamente sedutor.
O que há de motores no Peugeot 408?
A razão para ligar Lisboa ao Pinhão ao volante do Peugeot 408 foi a estreia da versão híbrida Plug-In com 180 cv, opção que se junta ao bloco 1.3 PureTech a gasolina com 130 cv e ao híbrido Plug-In com 225 cv. O sistema híbrido da Stellantis utiliza uma bateria com 12,4 kWh o que oferece, aos híbridos, uma autonomia entre 62 e 64 km em modo puramente elétrico. Todos estão equipados com caixa automática de 8 velocidades. Quero dizer-lhe, também, que as versões híbridas usam o motor 1.3 litros Puretech com 150 (180 cv) ou 180 cv (225 CV).
O Peugeot 408 oferece de série o carregador de 3,7 kW e, como opcional, o 7,4 kW. E digo-lhe, desde já, que recomendo, vivamente, optar por este extra. Porque, assim, numa “wallbox” de 32A/7,4 kW, a bateria carrega em 1h40. Se não optar por este extra, poderá carregar o seu 408 numa tomada convencional reforçada de 16A/3,7 kW, mas vai levar 3h25, enquanto numa tomada doméstica (8A/1,8 kW) leva 7h05. Infelizmente, apenas o cabo para esta derradeira opção é oferecido de série, o cabo modo 3 e modo 2, para as duas primeiras opções, são acessórios.
Performances e consumos
Com o motor PHEV 180, o Peugeot 408 chega dos 0-100 km/h em 8,4 segundos com uma velocidade máxima de 225 km/h, recuperando dos 80-120 km/h em 5,1 segundos. Anuncia um consumo entre 1,0 e 1,3 l/100 km e emite entre 24 e 30 g/km de CO2.
A versão PHEV 225 cv chega aos 233 km/h, atingindo os 100 km/h em 7,9 segundos. Recupera dos 80 aos 120 km/h em 4,5 segundos, com consumos de 1,2 a 1,3 l/100 km e emissões de CO2 de 24 a 30 g/km. Finalmente, a versão a gasolina chega aos 210 km/h, acelera dos 0-100 km/h em 11,5 segundos e exibe consumos entre 5,9 e 6,9 l/100 km com emissões de CO2 de 133 a 156 g/km.
O interior da discórdia com i-Cockpit
Por uma questão de clareza e amor à verdade, tenho de dizer que adoro o i-Cockpit da Peugeot. Depois, se é eficaz, se serve a todos, isso são contas de outro rosário. O 408 tem mostradores digitais que são claros, mas cuja precisão deixa algo a desejar. Como o 408 tem a versão 3D (que junta um segundo ecrã ao ecrã principal para oferecer maior profundidade e melhor leitura) acaba tudo por redundar num painel de instrumentos luminoso e de boa leitura.
Curiosamente, o ecrã central tem um… ecrã central para o controlar! Bem, é mais uma barra sensível ao toque que é personalizável. Ou seja, pode colocar ali os menus que deseja e que mais utiliza. Há ali uma ou outra coisa que poderá ser melhorada, mas permite que mantenhamos os olhos na estrada mais tempo e há, ainda, algumas teclas físicas para alguns comandos mais habituais.
Outra pergunta que vai, certamente, fazer é: e a qualidade? É excelente. Tudo aquilo onde podemos ou temos de tocar tem uma sensibilidade ótima e consegue disfarçar alguns plásticos de menor qualidade. Um deles até está frente ao passageiro, mas como não lhe tocamos, nem nos apercebemos disso.
Qualidade e conforto? Presentes!
Depois, o som que botões e comandos soltam são de carro “grande”, ou seja, de qualidade e, como disse, disfarçam bem algumas zonas menos fortes. Os bancos dianteiros são bem acolchoados e confortáveis e têm muitas regulações, todas elétricas. O espaço é mais que suficiente e a altura da consola central faz-nos sentir num casulo. Agradável sensação.
Atrás, os bancos são moldados e há, apenas, dois lugares. Há espaço para um quinto elemento, mas fica ali entre o banco e o tejadilho, pelo que a viagem, curta ou longa, será sempre desconfortável. O que não falta é espaço para as pernas. Verdadeiramente impressionante os 188 mm de espaço para arrumar os joelhos.
A bagageira tem duas versões, uma para os PHEV com 454 litros (a bateria rouba espaço, juntamente com o subwoofer do sistema de som Focal) e outra para o modelo a gasolina com 536 litros. Valores mais que suficientes.
E como se comporta o 408?
A primeira coisa para a qual temos de olhar é para o volante. É pequeno e movimentos rápidos induzem a ideia de que estamos perante uma direção direta. Acaba por ser verdade, pois, a Peugeot não colocou uma caixa de direção mais desmultiplicada no 408.
Seja como for, temos, sempre de lembrar, que o carro fica mais ágil, porém, continua grande. É um carro com uma distância ao solo maior do que o habitual e para compensar isso, e o maior peso devido à bateria, a suspensão é um nadinha suave e permite algum adernar da carroçaria.
Necessita, por isso, de ter alguma atenção nos movimentos com a direção e não tente ir até ao limite da direção para evitar surpresas. Depois de se habituar verá que o 408 tem uma excelente aderência e o eixo dianteiro resiste, muito bem, a escorregar. Em suma, ótimo!
Peugeot 408 PHEV 180 à venda por 45 150€
A gama do Peugeot 408 é muito simples com três níveis de equipamento: Allure, Allure Pack e GT. O 408 a gasolina (1.2 PureTech 130) custa 35 800€, 37 450€ e 40 250€, respetivamente. O 408 PHEV 180 começa nos 45 150€ do Allure, seguindo-se os 46 500€ do Allure Pack e os 49 200€ do GT. Finalmente, o 408 PHEV 225 está disponível nas variantes Allure Pack e GT, que custam,47 900€ e 50 700€.
E o conforto? O Peugeot 408 é firme na afinação de molas e amortecedores, mas longe de ser desconfortável. Suspeito que a versão a gasolina seja mais dura por ser mais leve e, por via disso, seja ainda mais interessante de conduzir.
O 408 PHEV 180 percebe-se que é pesado quando enfrentamos estradas com as curvas que nos levam até ao Pinhão. Quando começa a encaracolar a sério, percebe-se que as transferências de massa vão sendo cada vez mais complicadas. Mas basta reduzir um pouco a velocidade para que tudo entre na normalidade.
É esta a versão a escolher?
Só consegui experimentar a versão PHEV de 180 cv, bem mais potente que o 408 a gasolina, mas com mais 300 kg de peso. Quer isto dizer que a versão de 225 cv será, provavelmente, a mais recomendada, mas olhando às características técnicas… talvez não seja assim tanto!
O sistema híbrido do Peugeot 408 é agradável de utilizar e conta com a vivacidade do bloco 1.3 Puretech. O problema é que em estradas com mudanças de inclinação, o sistema não sente à vontade com muita aceleração. Demora um pouco a responder e algumas vezes a caixa anda para cima e para baixo à procura da melhor relação para aquilo que lhe pedimos. O melhor é começar devagar e, estabilizando, encontrar a melhor marcha. Esta também pode ser escolhida por nós com as patilhas colocadas atrás do volante. Não há modo manual pelo que não se admire que numa sequência de curvas, a sua seleção seja ultrapassada pelo automatismo da caixa. Apesar de tudo, gostei muito deste Peugeot 408 PHEV 180.
Finalizo este primeiro ensaio ao Peugeot 408 dizendo que este é um automóvel muito agradável, bonito, eficaz e eficiente. É verdade que a visibilidade não é brilhante – os pilares A são grossos, os espelhos retrovisores bloqueiam um pouco a visão e o óculo traseiro é pequenino – mas aceito isso (e a Peugeot oferece sensores de estacionamento e câmara de visão traseira) como um pequeno sacrifício para ter um carro que se destaca da multidão.