É, infelizmente, o fim do Ford Fiesta para a Ford. O modelo do segmento B teve no mercado durante 47 anos, mantendo-se sempre como uma referência. De 1976 a 2023 foram vendidas 22 milhões de unidades que se espraiaram por sete gerações rivalizando com automóveis como o Fiat Uno/Punto, Renault 5/Clio e Peugeot 205/208. O dia 7 de julho vai marcar o fim de um ícone que muito deu à Ford, mas que acaba sacrificado no altar da eletrificação. Mas não só!
Desde o dia 7 de julho, a velhinha fábrica de Colónia, Alemanha, deixou de produzir o utilitário que chegou a ser grande ameaça ao líder do segmento, o Fiat Uno/Punto. Depois que a Ford alterou a sua estratégia vidando-se para a eletrificação, outra mudança na marca trouxe a decisão de acabar com a maioria dos modelos da casa norte americana.
Com o intuito de se focar nos segmentos mais rentáveis (SUV) e na eletrificação, o Fiesta tal como o Focus deixaram de fazer sentido. Por isso é que se acabou a… Fiesta!
O fim do Ford Fiesta
Em primeiro lugar, não vale a pena chorar pelo Fiesta em pensar que se assim fizer ele vai regressar. Não vai! Em segundo lugar, no sentido de lhe oferecer uma propulsão 100% elétrica a Ford vai colocar o Puma como substituto. Resta saber se você, caro leitor, vai pagar mais para ter um carro que não é um Fiesta…
Acima de tudo, acaba uma história com 47 anos que começou em 1976. Uma saga que tem paralelo no Renault 5/Clio ou no Peugeot 205/208, deixando estes dois modelos sozinhos em termos de longevidade, depois da Fiat ter acabado com a geração Uno/Punto.
Em contraste com o que aconteceu até aqui, a Ford quer “americanizar” a gama europeia e posicionar a marca mais acima com a eletrificação. Em outras palavras, apostar nos segmentos mais rentáveis para que a divisão do Velho Continente deixe de dar prejuízo.
Por outro lado, a Ford não conseguiu fazer funcionar a ideia de trazer carros de mercados emergentes para a Europa. O EcoSport (com o pneu suplente pendurada na porta traseira) não vingou e quando a Ford o alterou… já era tarde. Quanto ao Ka+, foi outro insucesso.
Sete gerações de Fiesta
Acaba assim um modelo que conheceu sete gerações e versões para todos os gostos. Desde o Fiesta XR2 ao Fiesta Turbo, passando pelos RS WRC, do Active ao menos conhecido Tuareg, quase tudo foi feito com o Fiesta. Já recordamos aqui Ford Fiesta ST Mk6 ou o Ford Fiesta ST200, e até aquele que não chegou a ver a luz do dia mas esteve quase para acontecer, o Ford Fiesta RS.
Na sua quarta geração destacamos a presença de um motor Yamaha que, juntamente com um chassis bem afinado, fazia dele o citadino do segmento B mais interessante para os amantes da condução, e de umas curvinhas… destacando-se também a nível de performance face aos seus rivais.
Foi também nesta geração que permitiu à Mazda ter um modelo no segmento B na década de 90, com algumas atualizações que pouco ou nada mudaram o carro. Por outro lado, mudanças importantes surgiram ao longo dos anos. Juntamente com as versões plebeias, o Fiesta chegou a ter uma variante Vignale com “acabamentos de luxo”.
Recentemente, e já quando os pequenos desportivos começavam a desaparecer em prole da eletrificação, o Ford Fiesta ST ainda foi um dos melhores pocket-rockets do mercado.
O Ford Fiesta ST é a melhor surpresa que podíamos esperar da Ford que, com pouco fez muito, mantendo e confirmando a tradição.
Enfim, o Ford Fiesta foi um sucesso para a Ford ao vender mais de 3 milhões de unidades da primeira geração. Chegou a ser líder de segmento no final dos anos 80 e início dos anos 90. Acabou “engolido” pela concorrência que foi sendo cada vez maior e mais forte e com a chegado dos SUV conheceu ainda mais dificuldades. Agora, é o fim do Ford Fiesta. Porém, manteve-se até final com a carroçaria de três portas e vai-se manter no Mundial de Ralis com a versão Rally3.
Curiosidade final: sabe quem desenhou o primeiro Fiesta? Sabe quem desenhou o Ferrari 365 California, o De Tomaso Pantera, o Fiat 124 Spider e o Aston Martin Lagonda Coupé, entre muitas centenas de veículos? Stevens Thompson Tjaarda van Starkenburg, designer norte americano de enorme talento que ficou conhecido como Tom Tjaarda.