Os combustíveis sintéticos podem não ter impacto no ambiente! Esta é a conclusão de um estudo que analisou os esforços de fazer os combustíveis fósseis uma realidade para lá do fim dos motores de combustão em 2035. Com o propósito de travar a euforia em redor desta tecnologia, a União Europeia (UE) obriga que os veículos que utilizem combustíveis sintéticos sejam 100% neutrais em carbono. E é aqui que tudo se complica.
Combustíveis sintéticos podem ser um assunto muito polémico. Em primeiro lugar porque a produção continua a ser diminuta. Em segundo lugar, porque a sua neutralidade em carbono não é total. Finalmente, porque a União Europeia quer que os automóveis alimentados por combustíveis sintéticos vendidos para lá de 2035 sejam 100% neutros em carbono.
Combustíveis sintéticos podem não ter impacto
Com o intuito de promover a mobilidade elétrica, a União Europeia vai banir todos os motores alimentados por combustíveis fósseis a partir de 2035. Porém, no sentido de facilitar essa transição, a UE está a pavimentar um caminho para que as vendas de carros com motores de combustão interna possam continuar. Têm de utilizar combustíveis sintéticos que sejam 100% neutrais em CO2. Ou seja, desta forma, satisfazem o pedido do Governo alemão. Por outro, mantêm o desejo de neutralidade carbónica a partir de 2035.
Os combustíveis sintéticos – ou e-fuels – são considerados como combustíveis neutrais em carbono, pois são feitos capturando emissões de CO2 que equilibram as emissões de CO2 que saem do escape.
Em outras palavras, os combustíveis sintéticos conseguem neutralizar as emissões de CO2, mas não a 100%. E por isso o rascunho da normativa que autoriza os e-fuels fala de uma redução de 75% das emissões e não 100% como inicialmente exigia a UE.
Por outro lado, se a Comissão Europeia quiser contabilizar as emissões de toda a cadeia de produção dos e-fuels, então uma redução de 100% das emissões será quase impossível.
Com o intuito de deixar a porta aberta ao futuro, a BMW, por exemplo, tem todos os seus motores aptos a usar combustíveis sintéticos. Diz a marca bávara que “especialmente quando toca à redução de CO2 da atual frota de veículos – cerca de 250 milhões na Europa – os e-fuels podem ser decisivos. Será uma forma de reduzir as emissões.”
Os e-fuels não chegam a 100% de neutralidade carbónica
No momento em que estão os combustíveis sintéticos, a neutralidade carbónica está em redor dos 70%. Amer Amer, engenheiro da Aramco (que trabalha com a Stellantis e a Renault) citado pelo Automotive News Europe, refere que a neutralidade de CO2 ronda os 70%. Os restantes 30% incluem a produção com o auxílio de turbinas eólias que oferecem a energia necessária e os painéis solares. Para além disso, são usadas outras técnicas e uma distribuição mais sustentável.
Em outras palavras, os combustíveis sintéticos neutralizam as emissões capturando CO2 e equilibrando aquilo que sai do escape com aquilo que se poupa na produção. Ora, desta forma, a regulamentação abre a porta para uma nova categoria de veículos: automóveis alimentados por combustíveis sintéticos.
Porém, serão veículos equipados com um sistema que impedirá o motor de começar a trabalhar se estiver a utilizar combustíveis fósseis. Por outro lado, terão de usar tecnologias que comprovem a fórmula química do combustível e que estas sejam à prova de adulteração. Contas feitas, os combustíveis fósseis não podem impedir o fim dos motores de combustão interna em 2035. Porque lhes falta a total e absoluta neutralidade carbónica, os preços são elevados e a disponibilidade curta.