15 milhões de EV era o sonho(!), mas não passará disso mesmo!

Eram 15 milhões de EV que a Alemanha sonhava ter nas estradas em 2030. Mas sem os subsídios governamentais e sem os apoios ao abate de veículos em fim de vida, o objetivo está cada vez mais longe de ser alcançado.

Eram 15 milhões de EV que a Alemanha sonhava ter nas estradas em 2030. Mas sem os subsídios governamentais e sem os apoios ao abate de veículos em fim de vida, o objetivo está cada vez mais longe de ser alcançado. E os cambiantes dos políticos também não ajudam e começa a formar-se a bola de neve que pode dinamitar o projeto de acabar com os motores de combustão interna em 2035!

Oliver Zipse é o CEO da BMW e um homem que possui uma visão que vai mais além do que o comum mortal consegue. Há anos que o alemão defende que o fim dos modelos de combustão interna é um erro e que a justa forma de cuidar do futuro é ter linhas de produção flexíveis para todo o tipo de energias, da combustão interna à eletricidade, passando pelo hidrogénio.

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A mudança dos combustíveis fósseis para a mobilidade elétrica parecia estar em bom ritmo, mas o “cabo” deu um nó e as coisas estão a complicar-se cada vez mais

15 milhões de EV? Auf keinen Fall!

Quando Volker Wissing, Ministro dos Transportes da Alemanha, usou o palco de uma festa de Ano Novo de uma associação de indústria automóvel, para pedir união e abertura tecnológica, muita coisa pode ter mudado.

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Volker Wissing, Ministro alemão dos Transportes

Com efeito, a insistência dos políticos em fechar os olhos e seguir o canto de sereia da neutralidade carbónica colocando todos os ovos no mesmo cesto da mobilidade elétrica com alimentação por baterias, está a ter consequências inesperadas.

A primeira delas é deixar a indústria automóvel alemã exposta a uma previsível queda de procura de veículos elétricos no maior mercado do Velho Continente. A segunda é liquidar a única fonte de rendimento, a venda de veículos com motor de combustão interna. Por isso, 15 milhões de EV em 2030? Auf keinen Fall!, ou seja, nem pensar!

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Oliver Zipse, CEO do BMW Group

Alertas têm sido vários

Descontemos, por momentos, os alertas de homens como Oliver Zipse. Akio Toyoda, o presidente do maior construtor mundial, há anos que se recusa a apostar tudo somente nos veículos a bateria. Sempre defendeu os híbridos e o hidrogénio e a pluralidade de escolha.

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Akio Toyoda, presidente da Toyota Motor Company

Zipse defende o mesmo para a BMW e para a indústria automóvel e acabou a receber críticas de todos os quadrantes. Para os mais céticos e seguidores dos poderes políticos, a estratégia ponderada de manter linhas de produção flexíveis não é suficiente agressiva para combater a Tesla e os chineses.

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Se o mercado EV começa a ter evolução negativa, alguém vai ter de agir para não se perderem milhares de milhões de dólares

Previsões negativas para o mercado EV

Por outro lado, muitas são as consultoras que não hesitam em considerar o mercado elétrico como estagnado. O segmento das empresas e dos particulares com capacidade para comprar veículos elétricos está saturado (para não dizer esgotado) e abaixo dos 25 mil euros a oferta é diminuta e pouco atraente.

E para a Alemanha a previsão é mesmo de recuo nas vendas! Ou seja, após anos de crescimento veloz, a procura desacelerou e em algumas geografias, o fim dos incentivos fiscais levou, mesmo, a uma travagem.

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Os juros elevados, os preços altos e o esgotar do segmento de consumidores com poder de compra, estão a abrandar o mercado europeu de veículos 100% elétricos.

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Obstáculos por superar para chegar a 15 milhões de EV

Com toda a certeza, o mercado alemão deverá experimentar uma queda de 14% nas vendas à boleia do fim dos incentivos estatais para compra de veículo elétrico. Obstáculos? Para além desta enorme montanha, a falta de infraestruturas e os preços dos automóveis.

E nada disto é exclusivo do Velho Continente, pois as previsões a nível mundial mostram forte desaceleração, apesar da guerra de preços incendiada pela Tesla.

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Por outro lado, a infraestrutura de carregamento continua a ser deficitária em todo o mundo e se na Alemanha a aceleração de implementação da rede visionada por Volker Wissing terá de ser triplicada – e custará mais de 6,3 triliões de euros! – no resto da Europa o cenário é pior.

Com toda a certeza, o aumento do preço da eletricidade e a verdadeira extorsão feita nos carregadores de elevada velocidade, afastam os clientes da mobilidade elétrica.

Portugueses não gostam dos preços dos elétricos e, por isso, não compram…

8 em cada 10 condutores confessa mesmo ter desistido da compra de um carro 100% elétrico devido ao elevado preço do mesmo.

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Dificilmente se chegará aos objetivos traçados

Só para exemplificar, apenas 1 milhão de veículos (somente 2% de todos os automóveis) é 100% elétrico. Sem os subsídios e outras ajudas, chegar aos 15 milhões de unidades de veículos 100% elétricos em 2030 será impossível.

Por conseguinte, os construtores já se estão a proteger. Na Alemanha, a Audi reduz a gama elétrica. A VW quer reorganizar a sua oferta travando a colocação em bolsa da sua divisão de baterias. Nos EUA, a Ford reduziu a produção da F-150 Lightning e do Mustang Mach-E e a Chevrolet parou com o Bolt.

Nesse sentido, se este arrefecimento do interesse pelos elétricos se confirmar e se transformar numa queda de longo prazo, tudo será ainda pior. Milhões de milhões de euros de investimento não serão recuperados e o futuro pode ser incerto.

Até porque sem opções, o Efeito Havana amplia-se. E com toda a certeza, são cada vez mais os carros com muita idade e mais poluição a perpetuarem-se.

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Recordamos uma entrevista de Oliver Zipse que, o ano passado, chamou de negligentes aos que anunciaram a morte dos motores de combustão interna. Com toda a certeza, olhando ao que os veículos elétricos ainda têm de amadurecer. E lembrou uma coisa que nos faz lembrar Portugal. Alguém acredita que as aldeias do Sul de Itália (como referiu o alemão), do interior profundo de Espanha ou de Portugal (acrescentamos nós), vão ter postos de carregamento suficientes dentro de dez anos?