Adrian Newey e Red Bull. Um divórcio assumido depois de 19 anos ao leme do departamento técnico da equipa de Milton Keynes. O rumor andava no ar há bastante tempo e acaba de ser concretizado através de um anúncio oficial da Red Bull. De acordo com anúncio oficial, aos 65 anos, o homem que dominou a Fórmula 1 nos últimos anos, abandona a equipa que está a dominar a competição. Próximo projeto? Desconhecido! Pode passar pela Ferrari para devolver a casa de Maranello aos títulos com um piloto com quem nunca trabalhou, Lewis Hamilton.
O brilhante engenheiro que nasceu em Strafford-upon-Avon em 26 de dezembro de 1958, filho de um veterinário e de uma condutora de ambulâncias durante a Segunda Guerra Mundial, vai abandonar a Red Bull. Com toda a certeza, é oficial e até tem data: primeiro trimestre de 2025. Abandona, já, a equipa de Fórmula 1 e vai dedicar-se ao RB17, o carro de estrada da Red Bull. Em outras palavras, vai cumprir o período de nojo antes de aceitar outro desafio na F1 dentro da Red Bull.
Uma carreira que arrancou nos EUA
Adrian Newey foi colega de escola de Jeremy Clakson, o famoso apresentador do Top Gear e do Grand Tour na escola pública de Repton. Depois formou-se em aeronáutica na Universidade de Southampton em 1980.
Nesse sentido, foi trabalhar, imediatamente, para a Fittipaldi Formula One sob a orientação de Harvey Postlewaite. Em 1981 foi trabalhar para a equipa March, com funções de engenheiro de Johnny Cecotto na Fórmula 2. Acabou a desenhar carros de competição, sendo o primeiro carro o March GTP. Foi, também, o primeiro carro de sucesso de Newey no Campeonato IMSA GTP, ao ganhar a competição dois anos de seguida.
Quando mudou para o projeto IndyCar da March, trabalhou com Bobby Rahal. O March 85C ganhou o campeonato de 1985 com Al Unser e as 500 Milhas de Indianápolis com Danny Sullivan. O chassis 86C ganhou o título CART de 1986 e s 500 Milhas de Indinápolis com Bobby Rahal. No final desse ano, mudou-se para a Haas Lola F1 Team, mas a equipa desmoronou-se. Newey foi para a Newman-Haas em 1987 para trabalhar como engenheiro de Mario Andretti. Regressou à March para trabalhar na F1.
Uma carreira de sucesso na F1
A sua carreira na Fórmula 1 começou com o desenho do March 881, um carro mais competitivo do que a maioria esperava. Além de ser um carro elegante, era rápido e Ivan Capelli foi segundo no GP de Portugal de 1988. Com a chegada da Leyton House, Newey passou a ser o diretor técnico. As coisas não correram bem e o britânico foi despedido em 1990.
Entre 1991 e 1996, Adrian Newey foi trabalhar para a Williams com um orçamento maior e na companhia de Patrick Head. O FW14 mostrou-se competitivo, porém, pouco fiável e Nigel Mansell não conseguiu derrotar Senna. Mas em 1992, o título foi para Mansell, para em 1993 ser Alain Prost a vencer.
No ano seguinte, o Benetton desenhado por Rory Byrne superiorizou-se ao Williams de Newey e com a morte de Ayrton Senna em Imola, quase que o título era perdido. Mas a Williams conseguiu o seu terceiro título de construtores, falhando o de pilotos. Começaram as cisões na Williams: Patrick Head era coproprietário da equipa e não abdicava da liderança técnica; em 1995 perderam os títulos para a Benetton e quando Damon Hill e Jacques Villeneuve conquistaram os títulos de 96, já Newey estava a cumprir período de nojo antes da sua saída para a McLaren.
McLaren e Red Bull solidificaram sucesso
Adrian Newey esteve oito anos na McLaren onde chegou em 1987. Não teve influência no projeto desse ano, mas teve de melhorar o carro desenhado por Neil Oatley. Ganhou uma corrida, mas o ano seguinte viu o MP4/13 dominar a Fórmula 1. Venceu os títulos de 1998 e 1999 com Mika Hakkinen, falhando o “hat trick” em 2000 por uma unha negra.
Esteve perto de assinar com a Jaguar F1 e com o seu amigo Bobby Rahal, mas confusões políticas com a Ford (que levaram ao despedimento de Rahal) e a persuasão de Ron Dennis, mantiveram o mago na McLaren.
Porém, o ambiente ficou pesado e os rumores de uma saída arderam como fogo em pasto seco até que em a Red Bull Racing anunciou a contratação de Adrian Newey no dia 8 de novembro de 2005 com efeitos a partir de fevereiro de 2006. O resto… é história! Onde cabe o carro de 2023, o RB 19, que foi o carro mais dominante de toda a história da F1, ao ganhar 21 dos 22 Grandes Prémios da temporada.
Uma história de sucesso
Foram 19 anos de ligação à Red Bull onde conquistou sete títulos de pilotos, seis de construtores e 117 vitórias. Curiosamente, Newey nunca foi um funcionário da Red Bull Racing, mas foi diretor técnico da Red Bull Techonology Group. E desde 2014 que divide o seu tempo entre a F1 e outros projetos.
Desenvolveu o Aston Martin Valkyrie e está há bastante tempo a trabalhar no projeto do RB17, um hipercarro pensado para os “track day” com um motor V8 híbrido com mais de 1200 cv.
Adrian Newey e Red Bull: divórcio assumido! E agora, vai para onde?
O britânico disse em comunicado que foi uma honra ter um papel determinante no sucesso da Red Bull F1, mas “sinto que esta é a oportunidade de entregar a batuta a outros e encontrar novos desafios pessoais.”
Por outro lado, Christian Horner declarou que “quando o Adrian se juntou à Red Bull já era uma vedeta de engenharia. Duas décadas depois, sai da Red Bull como uma lenda da engenharia” acrescentando que o RB17 “será um testemunho do seu legado na Red Bull e do tempo que passou com a equipa.”
As razões para a saída de Adrian Newey são muitas… ou nenhumas! Rumores dizem que o caso de Christian Horner no início da época o deixou incomodado. Por outro lado, as lutas dentro da formação de Milton Keynes é algo que desagrada a Newey. Aliás, é celebre a frase do britânico quando estava de saída da Leyton House em 1990. “Quando uma equipa é gerida por um contabilista, é altura de sair.”
Por confirmar estão, ainda, as duas propostas que Adrian Newey tem em mãos. Uma da Aston Martin e outra da Ferrari. A primeira coloca-o a viver em Inglaterra e contempla menos viagens com um valor de 100 milhões de euros. Já a Ferrari oferece o mesmo e a oportunidade de fazer a casa de Maranello regressar aos títulos com um piloto que gostaria muito de trabalhar, Lewis Hamilton. Conseguirá Fred Vasseur isolar os génios de Newey e Hamilton da tradicional confusão dentro da equipa italiana? Conseguirá imitar o que fez Jean Todt? Ou preferirá Newey a Aston Martin? Ou será que o britânico com dinheiro mais que suficiente no bolso optará por seguir outros caminhos?