Francisco Carvalho, piloto Escape Livre, não quer pendurar o capacete!

Francisco Carvalho fez 60 anos “apenas um número”, mostra-se “orgulhoso de ser um embaixador da Guarda” e da sua ligação ao Escape Livre.

Depois de um olhar pela biografia que fizemos na Escape Livre Magazine #79, voltamos a falar com Francisco Carvalho, o “nosso piloto”! O capacete azul e o andar ligeiro são inconfundíveis! A velocidade de resposta às perguntas só encontra igual na sua rapidez em pista, logo ele que começou “nos ralis com o Renault 5 GT Turbo. Fiz dois anos e diz quem andou ao meu lado que dava um belo piloto de ralis!” Francisco Carvalho fez 60 anos “apenas um número”, mostra-se “orgulhoso de ser um embaixador da Guarda” e só lamenta que “hoje a competição é muito mais cara!”

Começou nos ralis e podia ter sido um campeão da disciplina. Mas a velocidade acabou por ser a disciplina de eleição de Francisco Carvalho. Os dois anos que fez nos ralis “com o apoio do João Anjos” não chegaram para obstar à falta de recursos para continuar nessa disciplina.

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Tudo começou com a “mão” de Luís Celínio

Um percurso que começou muito antes. “Começou quando era miúdo e o Luis Celínio, presidente do Clube Escape Livre, me deixou disputar uma perícia frente ao Hotel Turismo. Tanto o chateei que ele deixou-me fazer a perícia.” O resultado foi o melhor “até porque ganhei”, mas perante as autoridades “o meu tempo acabou apagado para não gerar mais complicações.” (risos)

O talento precoce era evidente, mas como “nunca fiz karting” acabou a fazer os vários troféus de velocidade. Recorda com saudade “o Troféu Citroën AX, o Saxo, os Troféus da Renault, enfim, competições que permitiram a minha evolução como piloto e onde me diverti muito.”

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Muito talento moldado ao longo dos anos

E como é que o piloto Francisco Carvalho olha para o início da sua carreira e para os dias de hoje, 37 anos volvidos? “São tempos muito diferentes” diz-nos com um largo sorriso. “Hoje temos carros que são muito rápidos, porém, difíceis porque não permitem o mais pequeno erro quando andamos, verdadeiramente, depressa. Depois há a questão dos custos. Um GT4 custa 250 mil euros e um toque por mais pequeno que seja gera uma despesa de vários milhares de euros. Por outro lado, os carros eram mais rudimentares e um toque não tinha consequências drásticas no orçamento.”

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Quando uma carroçaria custava… 150 contos!

Nesta altura, Francisco Carvalho lembrou que “no Troféu Renault 5 GT Turbo devo ter destruído umas cinco carroçarias. Mas como custavam 150 contos, tudo era pacifico” sustentou com um sorriso. Viajando até aos nossos dias, o piloto da Veloso Motorsport lembrou que “uma corrida custa 8 mil euros em pneus e há 30 anos um pneu custava 300 escudos. Os seguros era coisa desconhecida, hoje temos de ter o carro seguro, pois custa milhares de euros e cada fim de semana de corridas custa 4 mil euros com uma franquia de 15 mil euros.”

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Francisco Carvalho está diferente… ou nem por isso?

Portanto, o piloto Francisco Carvalho é bem diferente hoje? “Sim… e não! A rapidez, apesar dos meus 60 anos, continua cá e continuo a divertir-me muito, tendo sempre as mesmas sensações quando fecho o capacete. Agora, os muitos anos de experiência levam-me a ter uma perceção diferente das coisas em pista.”

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E Francisco Carvalho dá um exemplo disso. “Já perdi um campeonato por meio ponto porque na derradeira corrida entendi que deveria passar um adversário, exagerei, demos um toque e acabei a meio ponto do campeão. Isso hoje não aconteceria! Por outro lado, os custos associados aos toques – que acabam sempre por acontecer numa corrida de automóveis – fazem-me escolher de forma sensata as lutas que quero travar.”

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O projeto para 2024 passa pelo CPV

Para 2024, os planos de Francisco Carvalho passam pelo Campeonato de Portugal de GT ao volante de um Mercedes AMG GT4 preparado e assistido pela Veloso Motorsport. “É verdade, volto a associar-me ao Nuno Batista para discutir o título da categoria GT4 Bronze, com um carro que acredito pode ser competitivo. Por outro lado, cumprimos o regresso à Veloso Motorsport, a equipa onde ganhei muitos títulos e onde me sinto em casa.”

Pendurar o capacete? Ainda não…

A idade, muitas vezes, não passa de um número num documento, mas Francisco Carvalho já nos tinha dito que chegado aos 60 anos iria pendurar o capacete. “É curioso que o Luís Veloso me disse a mesma coisa. ‘Então pá, queres voltar a fazer o CPV? Não tinhas dito que aos 60 anos ias acabar?’. É verdade, mas este prazer de lutar pela vitória de sentir a adrenalina naquelas primeiras três, quatro voltas, não desapareceu, por isso…”

Quer isto dizer que o capacete só vai para o sótão “quando estiver numa corrida e me perguntar ‘o que é que estás aqui a fazer?’. Nessa altura digo à minha esposa que o azulinho vai para o sótão e nunca mais sai de lá!” Esse dia, reconhecemos, parece-nos ainda distante…

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Orgulho de ser embaixador da Guarda e a relação com o Escape Livre

O orgulho de levar as cores da Guarda e da região “é algo que me deixa honrado e feliz. É verdade que nos últimos anos tenho levado comigo a região pelo país e pela Europa, algo que faço com muita honra, pois estamos a falar da minha terra.”

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E ao falar da Guarda, Francisco Carvalho imediatamente lembrou o Clube Escape Livre e Luís Celínio. “O Clube Escapa Livre esteve sempre comigo desde o início da minha carreira e o episódio que contei há pouco revela isso mesmo. O Luís é um amigo de longa data e ele, sim, um grande embaixador da Guarda e da região, pois consegue trazer à nossa região milhares de pessoas com os seus eventos, sempre com a região interior como pano de fundo. O nome do Clube Escape Livre costuma estar nos meus carros e isso para mim é um orgulho.”

Francisco Carvalho continua a ser um nome incontornável da velocidade nacional e conta no seu palmarés com mais de dezena e meia de títulos. Destacamos, claro, os mais recentes. Campeão de Portugal de Velocidade GT4 com um Aston Martin em 2012, a vitória no PTCC com um Seat Leon TCR e, ainda, em 2022, o título de campeão de Portugal de Velocidade GT4 Bronze. Foi, igualmente, campeão, em 2019, do GT4 Southern European Series. Venceu o Troféu Renault Mégane e por duas vezes o Honda BPI Cup.

Para além de correr sempre com o logótipo do Escape Livre no carro e/ou no capacete, o Francisco Carvalho aceitou o nosso desafio em 2019 para integrar a Equipa Escape Livre no Troféu C1.