Plano de Ação da UE para o automóvel: o que muda?

Há um Plano de Ação da UE para o automóvel prolonga os prazos para os limites de CO2 e mais algumas novidades. Mas, afinal, o que muda?

Como esclarecemos em outro texto, a União Europeia deu um passo ao lado nos seus objetivos de reduzir as emissões de CO2, evitando problemas sérios para a indústria automóvel europeia. Construtores e associações de fornecedores acolheram bem a ideia, acreditando que, desta forma, aumentam a sua competitividade face aos chineses e não só. Mas, afinal, o que muda com o Plano de Ação da UE?

Ao invés de ser tudo feito de uma vez só em 2025, os construtores vão ter três anos para conseguir reduzir a sua média de emissões de CO2. Esta é a medida mais evidente do Plano de Ação da UE e que já esmiuçámos noutro artigo. Mas há mais neste Plano de Ação da União Europeia que envolvem áreas como a produção de baterias, software, infraestruturas de carregamento, legislação sobre condução autónoma e taxas.

Apostolos Tzitzikostas COMISSARIO PARA A SUSTENTABILIDADE TRANPORTES E TURISMO 2025
Apostolos Tzitzikostas, comissário para o transporte e mobilidade sustentada, anunciou o Plano de Ação da União Europeia para o setor automóvel

Pausa nas exigências de emissões de CO2

Os objetivos de emissões de CO2 para 2025 estavam 15% abaixo dos valores atuais e incluíam a obrigatoriedade de aumentar a quota de mercado dos elétricos dos atuais 13,6% para cima dos 20%. Com esta alteração, o objetivo é o mesmo, mas os construtores têm mais três anos para lá chegar. Por outro lado, o objetivo de zero emissões para 2035 permanece imutável, embora a Comissão Europeia se tenha comprometido a introduzir alterações como está previsto no regulamento.

Sem menção neste Plano de Ação da UE ficaram as alternativas de tecnologias que permitam reduzir ou anular as emissões de CO2 através de combustíveis sintéticos, híbridos com extensor de autonomia ou hidrogénio.

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Taxas sobre os produtos chineses

Com toda a certeza que o Plano de Ação da União Europeia contempla as cada vez mais famosas taxas. Em 2024 a Comissão Europeia passou a taxar os produtos chineses numa medida de proteção da indústria automóvel europeia. A UE afirma que vai monitorizar a aplicação dessas taxas e possíveis abusos incluindo a chegada de viaturas desmontadas que são montadas na Europa. Medidas vão ser tomadas para desencorajar práticas pouco leais, nomeadamente, instalações em países fora da União, mas com acesso livre ao mercado da União Europeia.

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Plano de Acção da UE dá incentivos a compra de veículos elétricos

Assim que a Alemanha retirou os incentivos à compra de veículos 100% elétricos em 2023, o mercado deu um trambolhão o ano passado. Por outro lado, estudos dizem que os consumidores não querem dar o passo em frente sem saberem se voltarão, ou não, os incentivos. Com toda a certeza que os incentivos são instrumentais para estimular a compra de veículos elétricos. E a União Europeia promete procurar as melhores formas de criar incentivos em todo o bloco europeu. Procurará, também, apoiar ideias como o “renting social” que permite a pessoas de baixos rendimentos pagar, apenas, 40 euros por mês para rolarem com um veículo elétrico. Um caso francês, diga-se. Com o intuito de forçar ainda mais a compra de veículos elétricos, a União Europeia quer acabar com os benefícios fiscais nos modelos com motores de combustão interna para as empresas. Que no espaço europeu representam 60% das vendas!

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Recuperar atraso tecnológico para China e EUA

Por outro lado, a União Europeia quer recuperar do atraso tecnológico em matéria de condução autónoma face aos EUA e à China. Dessa maneira, o Plano de Ação da União Europeia propõe um mercado único. Nomeadamente, para a condução autónoma. Dessa maneira, incluirá bancos de ensaio transfronteiriços, corredores rodoviários para estes veículos e harmonização de regras e simplificação das mesmas para mais testes. Será criada uma Aliança Europeia para os veículos autónomos e conectados.

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Criação de uma plataforma comum

De acordo com o plano, a Aliança Europeia para Veículos Conectados e Autónomos, estará encarregue de desenvolver uma plataforma de código aberto. Isto para veículos definidos por software. Por outro lado, será criada uma arquitetura que possa sobreviver a múltiplas gerações de modelos. Sendo que o algoritmo de Inteligência Artificial acolherá a condução autónoma e uma nova e mais eficiente gestão das baterias.

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Próxima geração de baterias construída na Europa

No momento em que a Europa está a tomar consciência do erro tremendo que foi sacrificar a produção interna no altar do lucro, volta a ideia de produzir baterias dentro do bloco. Com toda a certeza que o desaparecimento de empresas como a Northvolt e a redução das “joint ventures” europeias ajudou.

No seu Plano de Ação, a União Europeia quer concentrar-se na inovação. Nessa medida, reservou mil milhões de euros até 2027 para desenvolvimento da nova geração de baterias e mais financiamento para inovação disruptiva nesta área. Para a produção no bloco europeu vão ser alocados 1.8 mil milhões de euros e há incentivos para o investimento estrangeiro em fábricas de baterias. Desde que, como sublinha a Comissão Europeia, haja partilha de tecnologia e ofereçam valor acrescentado à União Europeia.

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