A 75ª temporada do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 arranca no próximo fim de semana com muitas dúvidas e algumas certezas. Com toda a certeza podem descarregar o “GUIA F1 2025” do Escape Livre e podem saber como correram os testes do Bahrain. Pode ficar a conhecer a nossa hierarquia das equipas e todas as informações sobre as mudanças regulamentares para 2025. Saiba todos os detalhes das equipas e pilotos, conheça os circuitos por onde vai passar a F1 e decifre todos os números da estatística da F1. Aqui vai ler em primeira mão as minhas previsões para 2025. Umas com ideias educadas pelo que se viu, leu e ouviu depois do Bahrain, outras da minha exclusiva autoria correndo o risco de me cobrir de alcatrão e penas…
Após um ano em que as equipas começaram, exatamente, como iniciaram 2023, este ano de 2025 vai ser muito diferente. E, acredito, para melhor! Nessa medida, recuando 12 meses a fotografia era clara: a Red Bull iria continuar a dominar como tinha feito em 2023 e a monotonia iria instalar-se. Nada de mais errado!
Red Bull em dificuldades?
Em primeiro lugar, os escândalos de Christian Horner e um carro onde Pierre Waché arriscou muito, a abrir as asas para se libertar-se das amarras de Adrian Newey, deram as mãos ao anúncio da saída de Newey para a Red Bull entrar em convulsão.
Por outro lado, a velocidade de evolução do chassis abrandou muito, Sergio Perez entrou em negação e com Verstappen a disparar para todos os lados com a ajuda do seu pai, a equipa de Milton Keynes perdeu o norte. O título de Construtores e manteve o de pilotos devido aos juros das boas corridas antes do equador da competição.
A regulamentação dos carros com efeito de solo entregou o domínio da Fórmula 1 à Red Bull, sendo Kryptonite para a Mercedes, tal como a regulamentação dos motores híbridos entregou à formação de Toto Wolff uma supremacia avassaladora.
Mudança na correlação de forças
Mas alguém apostou em acabar com esse domínio avassalador da Red Bull. Chama-se Zak Brown, o americano que detesta o “posh” Christian Horner e que está apostado em trazer a Mclaren para o topo. No meio de tudo isto, a Ferrari tem ao leme um francês que lembra o gaulês que deu tantos títulos à casa de Maranello. E não fosse algumas evoluções no carro que prejudicaram mais que auxiliaram teria incomodado Verstappen, mantendo-se na luta pelo título de construtores até ao fim com a McLaren.
Os testes do Bahrain deixaram claro que há diferenças na correlação de forças para 2025 e, portanto, está na hora de fazer alguns prognósticos educados sobre o que vai acontecer este ano. Como disse, são as minhas previsões e não tenho medo de me cobrir de alcatrão e penas. Seria mais fácil nada, mas isso teria muito menos piada. Dessa maneira, descarregue o Guia F1 2025 do Clube Escape Livre e acompanhe-me nesta jornada.
Vamos ter um novo campeão do mundo
Com toda a certeza esta é uma afirmação que configura uma entrada a pés juntos! Sim, na minha opinião, apesar de todo o talento e da Red Bull poder ser capaz de dar a volta à situação, Max Verstappen não vai igualar o recorde de títulos consecutivos de Michael Schumacher. Viu-se como tudo descambou quando Newey saiu.
Para adicionar insulto à desgraça, a Red Bull terá de se dividir entre o carro deste ano e o novo carro para as novas regras de 2026. Como o teto orçamental não estica – e a Red Bull já o furou uma vez – e o RB21 não pareceu eficaz á saída do camião, a vida será complicada para Verstappen. Naturalmente que terá toda a atenção da equipa – Liam Lawson está lá porque a equipa tem de ter dois carros e não o vão deixar fazer sombra ao neerlandês – e com toda a certeza ele fará a diferença. Mas sem um carro dominador, veremos como reage Verstappen. Percebeu-se nos últimos dois terços da temporada 2024 que Max está vulnerável e não irá renovar o seu título.
Quem vai ser o novo campeão de Fórmula 1?
Naturalmente que o mais fácil será apontar Lando Norris. Afinal, esteve na luta com Verstappen o ano passado. Está ao volante daquele que é o melhor carro do plantel e, por isso, a escolha fácil é Lando Norris. Mas… há algumas coisas que temos de analisar.
Em primeiro lugar, o britânico – que até ao ano passado era conhecido como Lando Nowins (sem vitórias) – tem como colega de equipa um menino chamado Oscar Piastri.
Parece que há um bom ambiente na McLaren, mas o australiano tem mais “killer instinct” que Norris e por muito que Andrea Stella vá tentando controlar tudo, acredito que seja inevitável que acabem desavindos.
Leclerc pode ser campeão do mundo em 2025?
E aqui temos de recuar até aos anos 80, mais precisamente a 1986 quando Nigel Mansell e Nelson Piquet estavam na dominadora Williams. As suas desavenças permitiram que Alain Prost lhes roubasse o título. Ora, acredito que Andrea Stella e Zak Brown não consigam controlar os seus pilotos e Charles Leclerc assuma a veste de Prost e resgate o título para a Ferrari. Claro, desde que a casa de Maranello lhe dê um carro à altura. Basta fazer o mesmo que o monegasco e a Ferrari fizeram a partir do Grande Prémio da Holanda: foram quem mais pontos fez até final do campeonato.
Hamilton não pode chegar ao oitavo título em 2025?
Dificilmente. Lewis Hamilton perdeu fôlego quando chegaram os carros com efeito de solo. Estes carros têm a particularidade de se tornarem instáveis em curva e terem subviragem durante a travagem e na entrada em curva. Porquê? Porque a sucção do efeito de solo reduz com o abrandar do carro e durante o arco da curva, a aderência tem de ser mais mecânica que aerodinâmica, sendo o carro afinado para não andar a deslizar.
Ora, com toda a certeza, esse é o tipo de condução que não serve a Lewis Hamilton. Para piorar as coisas, os pneus Pirelli não gostam de ser maltratados e é fácil sair da janela de temperatura para a utilização ideal das borrachas italianas. Compreendam isto: se a aderência anda a passear da frente para trás e vice-versa, o carro escorrega de frente e, depois, de traseira o que não ajuda a ter aderência.
O que tudo isto significa? Que o britânico não se conseguiu adaptar e que está a apostar na temporada de 2026 para, ai sim, tentar o oitavo título já com mais de 40 anos.
Não há mesmo chance?
Por outro lado, percebeu-se que trava mais tarde que Leclerc, mas que entra em curva ligeiramente mais devagar conseguindo fazer rodar o carro e voltar ao acelerador mais cedo que o monegasco. Isto segundos os dados de telemetria disponibilizados pela Ferrari. E travar e acelerar ao mesmo tempo não ajuda com os pneus.
Em resumo, Hamilton está na mesma posição de Niki Lauda em 1984. Alain Prost era muito mais rápido que ele particularmente em qualificação – o que vai acontecer, certamente com Leclerc a não dar muitas chances a Hamilton em qualificação – mas o austríaco concentrou-se em melhorar o acerto do carro em corrida e ganhou o campeonato por meio ponto. E Lauda foi um dos melhores amigos do britânico… pode servir-lhe de inspiração. Há que lembrar que a época de 2024 foi a pior da sua carreira, mas a recordista nona vitória em Silverstone foi um clássico do britânico. Acredito que bater Leclerc seja difícil, mas, se o monegasco escorregar, Lewis Hamilton estará à espreita.
Estará a Mercedes de volta?
Com toda a certeza que a regulamentação dos carros com efeito de solo foi desastrosa para a Mercedes. A teimosia com um conceito que na teoria era brilhante, na prática foi um desastre e fez a Mercedes cair do pedestal. O ano passado viram-se sinais de recuperação. Nos testes, a equipa de Toto Wolff deu boa conta de si e andou perto da Ferrari e da McLaren. Quais são os problemas para que a Mercedes volte a lutar pelos títulos? Um deles é transversal a todas as equipas: o teto orçamental. Vão ter de se dividir entre a evolução do carro deste ano e o novo carro para 2026.
O outro chama-se pilotos. É verdade que George Russell esteve melhor que Hamilton, mas o sete vezes campeão já estava a contar os dias, desde o início de 2024, para vestir de vermelho. Terá ele capacidade para liderar uma equipa com ambições a ser campeã? A decisão de colocar Andrea Kimi Antonelli ao lado de Russell pode não ter sido uma boa ideia. O italiano terá de confirmar o seu talento, mas lançado às feras assim…
E por falar nisso, como se vão portar os “rookies”?
Provavelmente o melhor será Andrea Kimi Antonelli. Que é, a par de Isack Hadjar, é o único que é um verdeiro “rookie”. Nessa medida, se o Mercedes confirmar os dados do Bahrain, o italiano terá um carro que lhe permitirá, a meio do campeonato, imiscuir-se na luta pelos pódios. E já estou aqui a subir a fasquia. Com toda a certeza, o jovem protegido da Mercedes terá condições para evoluir – Toto Wolff até pode abdicar do título de construtores – sem grandes críticas, pois não está na Red Bull e o austríaco que manda na Mercedes é muito menos emotivo que os parceiros do lado da equipa da bebida energética. Não terá muitas chances face a Tsunoda, até porque o japonês estava com sede de vingança depois de ter sido apeado do lugar ao lado de Max Verstappen.
Por outro lado, Hadjar tem a confiança de Helmut Marko, mas terá de fazer muito mais. E deixar de ser o “quase” vencedor, “quase” campeão se quiser se manter na Racing Bulls até final do ano. Oliver Bearman está numa equipa que não lhe dará muitas possibilidades de brilhar, mas acredito que o britânico poderá aprender muito com Ocon e lá mais para diante aqui ou ali brilhar se o Haas evoluir bem. Gabriel Bortoleto é um enorme talento, mas está na pior equipa do plantel. Dificilmente conseguirá dar nas vistas e o seu objetivo será tentar bater o seu experiente colega de equipa.
Liam Lawson será lugar tenente ou aspirante a general na Red Bull?
A escolha da Red Bull para ocupar o lugar de Sergio Perez não seguiu o caminho lógico. E ao que parece a escolha não foi consensual, pois Helmut Marko, numa das suas tiradas assassinas, já disse que Lawson não pode pensar em igualar Verstappen e que deverá pensar nos pontos para a equipa.
Com toda a certeza, estas palavras não ajudam um jovem cheio de si mesmo e que acha poder ser mais rápido que o quatro vezes campeão do Mundo. Portanto, fica a ideia de que o papel de Lawson será de aguadeiro de Verstappen tendo via aberta para chegar ao pódio e marcar pontos.
O recorde do vencedor mais velho na F1 será batido?
Não, mas Fernando Alonso anda a tentar. O piloto mais velho a vencer uma corrida de Fórmula 1 foi Luigi Fagioli. Tinha 53 anos e 22 dias quando venceu o GP de França 1951. Mas pode bater Lewis Hamilton se o britânico não vencer com a Ferrari (o que será difícil acontecer). O sete vezes campeão do mundo ganhou o GP da Bélgica do ano passado com 39 anos 6 meses e 21 dias. Chegou aos 40 anos, Alonso já está nos 43. E acredito que este ano o atraso da Aston Martin dificilmente dará oportunidades ao espanhol de vencer. O “efeito” Newey só se deverá sentir em 2026, num ano de nova regulamentação, mas Alonso já terá 44 anos. Porém, resiliente e teimoso como o piloto nascido em Oviedo há poucos. Portanto, nesta área não haverá queda de recordes…
Em resumo, vamos para um campeonato que fecha a era dos carros com efeito de solo e que pode oferecer a Max Verstappen o quinto título consecutivo (igualando Schumacher). Lewis Hamilton o oitavo título (desempatando, também, com Schumacher). E pode haver um piloto a estrear-se na galeria de campeões do Mundo. Na fila estão Charles Leclerc, Lando Norris e George Russell. A minha aposta será em Charles Leclerc, mas daqui a 10 meses voltamos ao assunto.
