Referência no segmento, o Volkswagen Golf dispensa grandes apresentações, mas nesta mais recente geração recebeu importantes modificações que não se concentraram apenas na componente tecnológica do modelo, mas também numa evolução ao nível das motorizações, e que evoluções!
Mais do que referência, o Volkswagen Golf tem vindo a ser um dos mais completos membros do segmento C, onde se posicionam propostas tão interessantes como o Ford Focus, o Renault Mégane, o SEAT Leon, o Audi A3, o Mercedes-Benz Classe A ou o BMW Série 1, entre muitos outros. A receita tem se mantido ao longo dos anos e tem levado o Golf a números que invejam muitos outros.
Nesta oitava geração as mudanças não se concentraram no exterior, ainda que elas existam. Aqui, encontramos essencialmente novos grupos óticos, uma silhueta mais dinâmica mas no geral uma imagem inconfundível e, em diversas configurações, até talvez menos apelativa, como o desenho das novas jantes de liga leve, pouco consensuais. Ao contrário do concorrente direto e oriundo do mesmo grupo, o SEAT Leon, o Golf mudou pouco no seu exterior, preferindo não arriscar demasiado mantendo uma imagem mais conservadora mas que lhe tem permitido manter números expressivos de vendas.
Onde tudo mudou…
Entremos e deixemo-nos levar pelas grandes mudanças desta oitava geração do Volkswagen Golf. Um interior tecnológico com dois ecrãs, ainda que interrompidos e distintos, ao contrário do que acontece no Mercedes-Benz Classe A. O que agrada à vista, nem sempre funciona da melhor forma em termos práticos, mas já lá vamos… A superfície que faz de moldura entre os dois ecrãs e que inclusivé contem algumas luzes de funções como o “pisca”, a luz do motor e outros, é em preto brilhante. Este facto acaba por se traduzir em vários reflexos, para além de ser muito suscetível a riscos e acumulação de sujidade.
Felizmente que no Volkswagen Golf não foram esquecidos alguns botões de atalhos para as funções mais básicas, que aumentam e muito a facilidade de utilização. É o caso dos comandos táteis para aumentar ou diminuir a temperatura da climatização. Para além destes, existem outros quatro em baixo e ao centro da consola, que rodeiam o botão dos “quatro piscas”. Estes dão acesso aos sistemas de segurança e assistência à condução, à climatização, aos modos de condução, e ainda aos sistemas de ajuda ao parqueamento.
O novo interface do sistema de info-entretenimento requer algum hábito, mas nada que com algum tempo não se torne intuitivo e fácil de usar, apesar de concentrar um elevado número de funções. A qualidade e resposta mantém-se em bom nível.
Por outro lado, o cockpit digital oferece inúmeras opções de configuração e vistas de acordo com a informação que é mais útil para o condutor a cada momento. A informação ao centro de cada um dos mostradores é escolhida de uma vasta lista de opções. É também possível passar o mapa de navegação para grande plano mantendo a informação de uma forma mais simples. É assim que esta nova tecnologia faz todo o sentido, como acontece nesta nova geração do VW Golf. A resolução também está ao nível do melhor que se faz atualmente, e a legibilidade é muito boa.
Do lado esquerdo e de fácil acesso estão os comandos das luzes, bem como mais dois botões úteis e oportunamente aqui colocados, referentes ao desembaciamento do vidro frontal e traseiro. No volante pouco ou nada mudou e mantemos os botões do cruise control, configuração do cockpit digital e controlo multimédia, para além de uma boa pega.
No geral nota-se uma poupança ao nível da qualidade de materiais, mas nada demasiado criticável. Apenas o aproxima mais dos concorrentes generalistas, e menos dos premium, ainda que em todos eles se tenha verificado recentemente um decréscimo de qualidade neste aspeto. Felizmente mantém-se o revestimento no interior das portas que agrada.
Para além das portas USB-C para os lugares dianteiros, existem outras duas para os lugares traseiros. Aqui, a boa habitabilidade do VW Golf mantém-se com um bom apoio de braço integrado nos bancos. A capacidade da bagageira também se mantém com 380 l de capacidade.
Mudanças continuam…
É ao volante que se sente a outra grande evolução do Volkswagen Golf nesta oitava geração. O motor! Aqui acoplado a uma caixa manual de seis velocidades, o 2.0 TDI passou a ser “pau para toda a obra”. Ou seja, com a saída de cena do 1.6 TDI, a unidade motriz de maior cilindrada passou a ser única (Diesel), podendo debitar para já, dois níveis de potência (115 cv e 150 cv). Mas as diferenças não se ficam pela parte teórica, já que podíamos ter feito todo o nosso ensaio, convencidos que estávamos perante a versão mais potente do bloco 2.0 TDI, o que não aconteceu.
Os 115 cv revelam uma resposta surpreendente e uma agradabilidade de condução notável. O binário sente-se sem ser necessário recorrer à caixa de velocidades, por sinal muito bem escalonada e de bom tato. Talvez um pouco mais filtrada do que em anteriores gerações, mas onde ganha a agradabilidade de condução.
Em boa hora a Volkswagen descontinuou o bloco 1.6 TDI e ajustou o 2.0 TDI a esta nova geração do Golf. Mais refinado, mais disponível, e ainda mais económico!
Os sistemas de auxílio à condução como o cruise control adaptativo e o lane assist (assistente de faixa de rodagem), funcionam de forma eficaz e sem críticas. Os (três) modos de condução permitem ajustar alguns sistemas e parâmetros a cada situação. Em qualquer dos casos, o Golf é confortável, previsível, e seguro, mantendo-se uma referência no segmento.
Em estrada, para além de imperturbável, com uma estabilidade invejável, o Golf revela um bom isolamento com ausência de ruídos e consumos que… poucos conseguem! Ao longo dos 700 km que fizemos no nosso teste, mais de metade em auto-estrada a velocidades ligeiramente acima do permitido, os consumos ficaram-se nos 5,1 l/100 km! E sim, é possível registar os consumos anunciados de 4,1 l/100 km com alguma facilidade!
Ao nível do equipamento, esta versão “Life” que se encontra num nível intermédio, apresenta-se já bem recheada. Tem itens como o Ar condicionado automático “Climatronic” 3 Zonas, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, sistema Bluetooth com carregamento por indução, sistema de navegação “Discover Pro” com ecrã táctil a cores de 10″ e jantes de liga leve de 16″, entre outros.
Conclusão
E tudo (ou quase) mudou nesta oitava geração do Volkswagen Golf. Para além de uma digitalização do interior, as alterações ao nível das motorizações Diesel são muito bem vindas. O motor é mais agradável, tem maior disponibilidade e consegue ser mais económico. Tudo o resto evoluiu mas mantendo-se como referência no segmento. Para quem não contar fazer uma quilometragem elevada, o 1.0 TSI continua como excelente opção.
Ficha Técnica
1968 cm3
Cilindrada
300 Nm
Binário Máximo
115 cv
Potência
10,2 s
0-100 KM/H
202 km/h
Velocidade Máxima
4,1 l/100 km
Combinado
5,1 l/100 km
Registado
114 g/km
Emissões CO2
30 133€
Base
34 057€
Ensaiado
Disponibilidade do motor. Consumos.
Qualidade de alguns materiais