A Serie 3 é a gama mais importante para a BMW e a versão Touring representa uma parcela importante das vendas, sobretudo na Europa. Portugal não é uma excepção como atentam as muitas unidades Série 3 que circulam nas nossas estradas. Tal como a berlina, que já tínhamos ensaiado, a nova geração do Série 3, denominada internamente de G21, assenta na nova plataforma CLAR. Este facto, trouxe um aumento da rigidez e das dimensões, destacando-se os 8 cm adicionais de comprimento.
Devido à pressão da concorrência a BMW sentiu necessidade de reforçar a desportividade e as competências de condução desta nova geração, o que foi feito através duma cinemática da suspensão completamente revista e dos amortecedores desportivos de dupla fase. No exterior, linhas modernas sem fugir ao que atualmente caracteriza os modelos da marca bávara.
Novos faróis, grelha com o duplo rim, e neste caso um pack estético M performance (vulgo Pack M) que lhe assenta “como uma luva”. É ele o principal culpado de um aspeto dinâmico, desportivo e atraente, apesar de afinal ser “apenas” uma 320d… Na traseira, por baixo dos faróis LED existe um refletor antes de chegarmos ao pára-choques, também ele específico do pack M referido, e onde se destaca o contorno das duas saídas de escape na extremidades. A compor tudo isto estão umas jantes de 19″ carimbadas com o selo “BMW Individual”, e uma cor “Cinza Dravit metalizado”, que ainda que acrescente cerca de 1000€ à fatura final, marca a diferença com uma pigmentação que assume diferentes tonalidades conforme a quantidade ou incidência de luz.
BMW 320d Touring na estrada
Em estrada a BMW 320d Touring tem boa estabilidade e um refinamento que se encontra no topo do seu segmento, pelo que quando entramos numa zona de curvas e selecionamos o modo Sport o comportamento é a nota dominante. Precisa, estável e com ótimo controlo dos movimentos da carroçaria, a 320d Touring convida a tirar partido da condução.
A frente tolera alguns exageros na entrada em curva e a rotação do chassis em pisos mais desgastados é fluída e natural. Para este desempenho a configuração da unidade que ensaiamos é relevante. A versão desportiva M (Pack M) significa 5000 € de acréscimo na fatura mas inclui vários items relevantes. Para além de bons bancos desportivos, encontramos um volante específico em pele com boa pega e excelente toque e, para além dos tais para-choques e logótipos M aqui e ali, uma suspensão M, rebaixada em 10 mm.
Com as opcionais jantes de 19″ equipadas com pneus run-flat a relação entre a potência do motor 2.0 l e a borracha disponível é uma batalha com vantagem para esta última, sobretudo em piso seco. A direção é precisa mas mesmo no modo Sport o feedback privilegia o mais o conforto e a suavidade do que propriamente uma condução desportiva. Afinal, não obstante de um aspeto tão desportivo, a 320d não deixa de ser uma carrinha de vocação familiar.
Boas performances… bons consumos!
O já referido motor 20d recebeu um novo esquema de sobrealimentação com dois turbos, debita os mesmos 190 cv e 400 Nm de binário e tem uma boa relação performance/consumo. O start-stop está mais suave e a caixa automática ZF de oito velocidades permite explorar bem o seu potencial, quer em modo normal, quer em modo S, usando ou não as patilhas no volante.
Numa utilização mista e sem grandes preocupações medimos 6,5 l/100 km, e numa condução cuidadosa e sem transito é possível obter valores em torno dos 5,5 l/100 km, bons valores tendo em conta o conjunto. A caixa ZF gere automaticamente a função velejar ao desconectar o motor da caixa, ajudando neste capítulo.
Com a família a bordo
Munida com quatro ocupantes e com o modo Comfort selecionado, verificamos que a calibração do acelerador é boa sem se tornar demasiado inerte, e os opcionais vidros duplos nas portas dianteiras (210 €) contribuem para um bom ambiente a bordo. Ainda assim, as jantes de 19″ acabam por se fazer ressentir no conforto, com algumas pancadas em desníveis acentuados tais como juntas de dilatação a interferirem. Aspeto que é facilmente mitigado com a escolha de jantes de menores dimensões e sem pneus run-flat, disponíveis no extenso catálogo de opcionais da marca.
É justo referir que o conforto sofreu uma evolução positiva face ás gerações anteriores do BMW Série 3. É uma carrinha fácil de usar em cidade pois a direção fica mais leve em modo Comfort e os excelentes sensores de estacionamento com câmaras 360º facilitam muito, mesmo em parques mais caprichosos, onde a abertura da bagageira através do vidro do óculo traseiro se revela imprescindível.
No interior, os ocupantes vão encontrar cotas de espaço melhoradas, especialmente ao nível pernas dos passageiros traseiros. O terceiro ocupante continua no entanto a conviver com um túnel central alto e com pouca largura para as costas. Tanto ao nível dos materiais utilizados, como da montagem, nada a apontar ao excelente compromisso da marca bávara neste segmento. Existem espaços de arrumação suficientes nas portas e no apoio de braço. Os novos comandos da climatização perderam alguma ergonomia já que são pequenos e exigem desvio dos olhos da estrada, sendo mais difíceis de usar em movimento.
Digitalização acentua-se
O BMW Série 3 recebeu também uma completa renovação no que respeita à conectividade, com a utilização do idrive de última geração, que combina um painel digital de 12,3’ e um ecrã de 10,25’ no centro do habitáculo.
O funcionamento é simples e pode ser feito via ecrã ou via comando rotativo, bem mais prático em andamento. Tal como noutras aplicações lamenta-se que os manómetros não tenham mais possibilidades de configuração e que o conta-rotações tenha uma visibilidade difícil. Por outro lado, é mais simples ter toda a informação do computador de bordo concentrada no ecrã central do sistema de info-entretenimento, do que no próprio ecrã de bordo, em que é necessário percorrer vários menus, passando por informação supérflua até encontrarmos o consumo médio por exemplo.
Só está disponível a ligação Apple Carplay, pois o Android Auto só deverá aparecer no verão. A unidade ensaiada tinha também uma plataforma de carregamento para smartphones (470 €) que quase impossibilita a utilização da entrada USB aí colocada, dificultando a colocação do telefone.
A bagageira viu a sua capacidade ampliada para os 500 l e a muito prática abertura independente do óculo traseiro mantém-se como já referido, sendo já uma imagem de marca das versões Touring da marca bávara. Ainda de série encontramos a abertura elétrica da bagageira, mas a chapeleira automática continua reservada para a Série 5, por opção da BMW. Afinal, há “luxos” que são mesmo de outro nível.
Os auxílios à condução que fazem parte do assistente de condução profissional (2060 €) incluem o cruise control adaptativo com stop-go, a ajuda à direção para a manutenção na faixa de rodagem, bastante intrusiva por sinal, e o aviso de colisão dianteira. No geral, e em estrada demonstraram um bom funcionamento.
Longa lista de opcionais
Como em todos os produtos da casa de Munique, a lista de opcionais é extensa e… dispendiosa! A apelativa e interessante configuração que pode ser vista nestas fotografias do nosso colega Hugo Figueira, orça nuns exagerados 71 465 €, dos quais destacamos:
- Pack M (5000€)
- Estofos em pele (1500€)
- Pintura metalizada (1300€)
- Sistema de info-entretenimento (2840€)
- Bancos elétricos (1240€)
- Jantes de 19’ (760€)
- Câmaras 360º (1090€)
- Patilhas da caixa automática (260€)
- Rebatimento dos bancos a partir da bagageira (310€)
- E os já referidos carregamento para smartphones e vidros duplos (470€ + 210€).
Com esta nova geração G21, o Série 3 volta a ser um produto de referência no segmento D premium. A versão base da BMW 320d Touring encontra-se disponível por 51 400€.
Conclusão
A BMW voltou a colocar o BMW Série 3 com mais foco na dinâmica e isso sente-se nesta 320d que mantém os atributos que tantas vendas garantiram à marca de Munique ao longo dos anos. A geração G21 é um produto sólido e completo, capaz de desempenhar o uso familiar que se lhe exige, proporcionando uma boa experiência de condução, performances adequadas e bons consumos. Como é costume, se não formos comedidos com os opcionais o preço final ressente-se significativamente.
Ficha Técnica
1995 cm3
Cilindrada
400 Nm
Binário Máximo
190 cv
Potência
7.1 s
0-100 KM/H
230 km/h
Velocidade Máxima
5.3 l/100 km
Combinado
6.5 l/100 km
Registado
138 g/km
Emissões CO2
51 400€
Base
71 465€
Ensaiado
Comportamento, Qualidade de construção, Consumos
Extensão e preço dos opcionais, Conforto com pneus Run-flat