O Citroën C4 chegou no início do ano a solo nacional, e desde logo marcou pela sua presença distinta. Nascido com foco no conforto, a nova berlina compacta da marca francesa marca pela diferença, quer seja pelas suas linhas aerodinâmicas, quer pela inspiração típica de um crossover. O que podemos esperar da nova geração C4 que já é a 3ª berlina mais vendida do segmento C em Portugal.
A Citroën foi ao seu antigo “livro de receitas” e pegou nos ingredientes mais abundantes do mercado automóvel moderno. Um pouco de SUV, outro de crossover, com uma pitada de berlina e hatchback. Tudo envolvido e servido em torno do melhor conforto que se possa pedir. O “sumo” desta receita resulta no novo Citroën C4, um automóvel distinto, de linhas aerodinâmicas e um conforto fora de série.
Agora assente na plataforma modular CMP, o novo Citroën C4 mostra-se maior e mais robusto. Nas medidas, a fita métrica acusa 4,36 m de comprimento, 1,8 m de largura e 1,52 m de altura. Com uma altura ao solo de 156 mm, permite também uma posição de condução superior, ajudando ainda a ultrapassar alguns obstáculos.
Um visual inovador
Por fora, o novo Citroën C4 tem um aspeto peculiar, quase “fora-da-caixa”, diria. Não é berlina, não é SUV, nem crossover, mas sim uma mistura de todos eles. Quer se goste ou não, é difícil ficar indiferente. No meu caso, confesso, não fui “muito à bola” quando o vi pela primeira vez – pelo menos em imagens. No entanto, e depois de experimentar, a conversa é outra.
Na frente, o aspeto algo musculado é evidenciado pelos plásticos pretos de proteção de carroçaria. O visual é marcado por assinatura luminosa em “V” e faróis a dois níveis. Já o símbolo cromado na grelha estende-se pela linha do capot, culminando nas extremidades dos faróis.
Na traseira conta com um óculo traseiro inclinado e spoiler aerodinâmico, enquanto os farolins traseiros colocados sobre uma faixa escura evidenciam a assinatura LED de aspeto distinto. A fechar o aspeto desportivo do modelo, e na unidade ensaiada, temos ainda dupla ponteira de escape, deixando a descoberto que estamos perante a motorização a gasolina.
E para que cada C4 seja quase único, pode optar entre 31 combinações exteriores e 6 ambientes interiores, contando ainda com sete cores de carroçaria diferentes. Nesta unidade, a pintura recaiu sobre o Castanho “Caramel” (550€), combinando com o interior “Universo Metropolitan Grey” (de série). Trocando por miúdos, é laranja e combina bancos num misto entre pele “almofadada” e tecido, garantido um ponto extra no conforto.
Interior mantém personalidade
Mal entramos no interior do novo C4, percebemos que este mantém a mesma personalidade que a marca do chevron nos tem habituado. Digo isto no sentido que todo e qualquer recanto transpira a “aura Citroën”. Sim, na geração anterior perdeu o volante de centro fixo que lhe dava algum caráter, mas há males que vêm por bem, a verdade é que a solução não teve muitos adeptos.
O que me agrada nesta proposta do segmento C, sem dúvida, é o “abraço confortável” que os bancos nos dão. Sem exagero, é claro, também não convém estar demasiado confortável que nos faça adormecer ao volante. Além disso, os inúmeros compartimentos de arrumação (16 no total) dão bons indicativos que será uma boa proposta até como familiar. E já que falamos em arrumação, na bagageira é possível contar com 380 litros de capacidade. Para além disso, é possível ainda contar com um “fundo falso” para ajudar na nivelação quando rebatendo os bancos traseiros.
O volante é aquecido e de boa pega, ainda que o desenho não seja o meu favorito, tendo em conta o braço inferior de largas dimensões. Ainda assim, o ponto extra vai para os acabamentos aborrachados e texturados do tablier, que além de mostrar uma boa qualidade de construção, garante um bom visual ao conjunto interior.
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Tecnologia e conectividade
Mas não só de espaço e conforto se regozija o novo C4. Na tecnologia e conectividade também não lhe fica atrás. O painel de instrumentos é digital, mas surpreendentemente não fica a par da concorrência no que toca a tamanho útil (5,5″, para ser mais preciso). Mas também não senti que tal fosse meritório de grande queixume, pois não só funciona, como dispõe ainda de um head-up display.
Contudo, o destaque vai diretamente para o sistema de info-entretenimento de 10″. Além de mais generoso, inclui a ligação a plataformas móveis através da porta USB-C próxima da estação de carregamento sem-fios. A interação tem uma curva de aprendizagem curta, e é auxiliada por dois botões físicos de acesso rápido. Ainda que seja neste sistema que encontramos o menu de ventilação, o controlo é feito (não só) pelos comandos físicos da consola central.
Ainda assim, nem tudo no novo C4 é focado no condutor. Para o passageiro existe ainda um novo acessório, que garantirá certamente menos monotonia em viagem. Graças ao Smart Pad Support, permite encaixar um tablet à frente do passageiro, para que este possa ver um filme ou navegar na internet durante a viagem. Através de um filtro colocado no suporte do tablet, fica impossível ao condutor visualizar a imagem do tablet mantendo, assim, o foco na estrada.
Já para os passageiros do banco de trás, para além do conforto, podem sempre contar com duas portas USB para carregamento e ainda ventilação na consola central. Embora, para quem viaja no banco do meio sairá algo prejudicado pela volumetria do túnel central. Para além disso, e caso seja alto, acabará por não sobrar muito espaço para a cabeça. Todavia, e caso sobrem dúvidas, “quatro cabem melhor que cinco”.
Motor vivaz
A acompanhar o visual arrojado, temos uma motorização bem expedita. Este recorre ao 1.2 l PureTech de 131 cv e 230 Nm, acoplado a uma caixa automática de oito relações (EAT8). Além de se mostrar bastante disponível, garante uma aceleração progressiva e dinâmica. E graças aos modos de condução disponíveis (Eco, Normal e Sport), permite uma maior desenvoltura ou economia, quando escolhendo um deles.
Escusado será dizer que é no “Sport” que merece uma maior atenção, havendo uma melhoria na resposta do acelerador e uma melhor aceleração. Contudo, e claro está, tal reflete-se num maior consumo. Para quem prefere uma melhor economia no combustível, pode sempre recorrer ao “Eco” ou ao “Normal”, e ver esses valores em cifras mais aceitáveis. No final do nosso ensaio, o valor final ficou algo acima da referência da marca, estagnando nos 7,5 l/100 km.
Mas é no conforto que o Citroën C4 é rei. Graças à suspensão de batentes hidráulicos, os níveis de conforto a bordo são dignos de boa nota. Embora adorne um pouco em curva, tal não compromete a segurança graças a uma direção precisa. No que é referente à caixa, também não existem quaisquer notas negativas a retirar. Muito pelo contrário. As passagens de caixa são suaves e progressivas, enquadrando-se na perfeição não só com o vigor deste motor, mas também com o segmento.
Preço e versões
A gama do novo Citroën C4 começa no 1.2 PureTech de 100 cv e caixa manual, proposto a partir de 23 606€. Contudo, e dado se tratar da versão de equipamento Shine com recurso ao 1.2 PureTech de 131 cv e caixa automática EAT8, o valor final para a unidade ensaiada é de 30 507€.
Mas para quem ainda faz do Diesel a sua escolha predileta, pode sempre optar pelo 1.5 l BlueHDi de 110 ou 131 cv, enquanto que está ainda disponível na versão elétrica Ë-C4, com um motor de 100 kW (136 cv) e autonomia de 350 km. Mais sobre os preços e versões do Citroën C4 e Ë-C4 neste artigo.
Conclusão
O Citroën C4 está bom e recomenda-se. A juntar à imagem arrojada, temos um conforto a representar bem a herança dos Citroën de outros tempos, onde o espaço interior e arrumação garantem um excelente compromisso. Com uma variedade de motorizações e patamares de potência para todos os gostos, o C4 já é a 3ª berlina mais vendida do mercado desde janeiro.
Ficha Técnica
1199 cm3
Cilindrada
230 Nm
Binário Máximo
131 cv
Potência
9,4 s
0-100 KM/H
200 km/h
Velocidade Máxima
5,8 l/100 km
Combinado
7,5 l/100 km
Registado
130 g/km
Emissões CO2
23 606€
Base
30 507€
Ensaiado
Conforto. Robustez. Arrumação.
Painel de Instrumentos reduzido. Into-entretenimento.