Em 20 anos, o Yaris tornou-se o modelo mais importante da Toyota na Europa, aumentando constantemente o seu volume de vendas e a sua quota no mercado. Em 2019, foram vendidas cerca de 224 000 unidades e ocupou 7,6% do mercado do segmento B. Desta forma, tornou-se o modelo mais vendido da Toyota no velho continente, sendo responsável por mais de 22% das suas vendas de automóveis novos.
É assim fácil perceber a importância do modelo para a marca que, nesta 4ª geração, não poupou esforços para o melhorar em tudo. A nova plataforma GA-B permitiu uma evolução inegável no estilo do modelo, mas também inquestionável na condução e postura em estrada, sem falar no espaço e conforto.
Revolução exterior
No exterior o novo Toyota Yaris assume agora uma presença jovem, irreverente e que desperta emoções. Se até aqui podíamos falar do modelo como pouco motivante neste capítulo, agora a conversa é outra. Tanto assim é que, ao contemplar as linhas desta nova geração, facilmente damos por nós com a cabeça no GR Yaris! Esse cá chegará, mas para já temos nas mãos a versão 1.5 de três cilindros eletrificada. Anuncia um aumento de 20% na eficiência de combustível e 15% na potência combinada. Na prática são 116 cv de potência combinada, e consumos que rondam facilmente os 4 l/100 km.
O interior prima não só pela ergonomia, como também pelo espaço e versatilidade. Existem inúmeros espaços e locais para objetos, incluindo um carregador sem fios para dispositivos móveis. O apoio de braço cumpre a sua função, ainda que revele um aspeto mais frágil e pouco consentâneo com o restante interior onde a solidez reina. Os comandos estão bem posicionados e agradam e a leitura de toda a informação do painel de instrumentos está bem conseguida.
No interior do Toyota Yaris destaca-se a ergonomia dos comandos e a boa posição de condução
A Toyota não abdicou de colocar toda a informação de uma forma digital, mas resistiu à tentação de a inserir num só ecrã, dividindo-a por áreas. Temos duas áreas circulares, cada uma delas com as suas funções, e uma outra retangular ao centro onde se concentram todas as informações do computador de bordo e sistema híbrido. Para além destes ainda existe um útil head-up display. Apenas o sistema de info-entretenimento fica um pouco aquém em funcionalidade, com um ecrã pouco responsivo ao toque. Ainda assim estão disponíveis ligações para Apple CarPlay e Android Auto.
A maior distância entre eixos e maior largura resultou em mais espaço interior, ainda assim nos lugares traseiros o espaço em altura não é referência. Outro ponto menos positivo é a pouca abertura das portas traseiras, a dificultarem o acesso ao habitáculo. Em contrapartida, a bagageira com 286 litros de capacidade, não sendo referência no segmento, não revela problemas para este Toyota Yaris híbrido.
De vencido a vencedor
Mas regressemos aquilo que nos encantou durante a experiência ao volante deste novo Yaris. A condução! A posição de condução evoluiu muito e o baixo centro de gravidade, juntamente com a superior rigidez, contribui para uma condução muito ágil e até divertida. Arrisco afirmar que o Toyota Yaris, nesta geração, aproxima-se muito das referências do segmento no capítulo da dinâmica. Para o poder garantir, teria que o experimentar na versão 1.5 l apenas a combustão e com caixa manual.
A plataforma GA-B permitiu uma redução de 40 mm na altura total, o que permite que viajemos mais próximos ao solo. Como resultado, uma superior envolvência na condução. Para além disso, o novo Yaris engordou 50 mm o que ajuda não só ao visual mais dinâmico como a uma melhor postura em estrada. A completar a boa experiência de condução estão uns bancos desportivos confortáveis e com bom apoio lateral.
Posteriormente, existem ainda três modos de condução (Eco, Normal e Power), mas na prática, e em particular neste Yaris híbrido, as diferenças entre eles são pouco significativas ou até notórias. Em contrapartida, o modo EV permite forçar a utilização do modo elétrico, o que é possível fazer durante cerca de dois quilómetros. Toda a restante gestão é feita de forma automática. Contudo, é muito frequente vermos a indicação EV no painel de instrumentos, significando que estamos a circular com zero emissões.
Numa palavra? Ágil!
A suspensão também evoluiu o que resultou numa boa relação conforto/comportamento e o pisar sólido não deixa qualquer margem para críticas. A direção tem o peso certo e o chassis é muito equilibrado. Este novo Yaris gosta de ser provocado, e nem os pneus Bridgestone Ecopia EP150, mais focados nos compromissos ecológicos, o deixam ficar mal. Contudo, as limitações estão apenas e só numa caixa de velocidades de variação continua que, ainda que muito evoluída, deixa alguns dissabores, quer nos comandos do condutor, quer no ruído típico desta solução em aceleração mais forte.
A Toyota diz que o novo Yaris foi projetado para ser o carro compacto mais seguro do mundo, pelo que o dotou de todo o equipamento de segurança. Desta forma temos o Toyota Safety Sense que inclui vários sistemas de assistência ao condutor. É o caso da assistência de condução inteligente que permite alertar ou até intervir na direção quando existe uma saída involuntária de faixa de rodagem, e que funciona de forma exímia. Existe ainda o cruise control adaptativo (ACC), o reconhecimento de sinais de trânsito, sistema de pré-colisão, e máximos automáticos, entre outros. Mas melhor ainda que estarem disponíveis, é funcionarem de uma forma exemplar, ou seja, damos pela presença dos mesmos apenas e só quando têm de intervir sem prejudicar a experiência de condução.
Por fim, a lista de equipamento do Toyota Yaris é muito completa. Na unidade ensaiada, a versão “Premier Edition” tínhamos vários outros opcionais não mencionados, a saber: Sistema de som JBL com oito colunas, jantes de liga leve de 17″, teto panorâmico e vidros traseiros escurecidos, entre outros.
Conclusão
O novo Toyota Yaris revela-se um automóvel muito diferente. Com todas as suas valências de citadino de referência, muito económico e fiável, agora nesta 4ª geração exibe outros argumentos. Para além de uma estética muito bem conseguida, mais jovem e irreverente, a nova plataforma atribui-lhe uma postura em estrada que lhe era até então desconhecida. A segurança e a tecnologia presente, nomeadamente ao nível dos sistemas de ajuda à condução também estão num patamar de referência.
Ficha Técnica
1490 cm3
Cilindrada
120 Nm
Binário Máximo
116 cv
Potência
9,7 s
0-100 KM/H
175 km/h
Velocidade Máxima
4,3 l/100 km
Combinado
4,1 l/100 km
Registado
98 g/km
Emissões CO2
22 374€
Base
27 374€
Ensaiado
Consumo. Agilidade. Estilo.
Espaço atrás. Alguns materiais.