Depois da formação da DS como marca, só mais recentemente temos visto novos modelos demarcadamente distintos daqueles que já conhecíamos enquanto modelos da Citroën. É o caso do DS 4 e do DS 9, ambos revelados recentemente. Contudo, a pouca oferta da DS até ao momento não excluiu um modelo 100% elétrico. A tarefa coube ao DS 3 que, nesta versão E-Tense, une todo o requinte e qualidade das restantes versões, a uma condução típica dos modelos elétricos. Sobressai o silêncio que permite assim desfrutar ainda mais do excelente isolamento do habitáculo.
A par com o DS 7, foi o primeiro modelo da marca a receber a eletrificação, mas se no SUV topo de gama ela surge em forma de híbrido plug-in, aqui temos um automóvel 100% elétrico com os olhos postos na cidade. É, para já, a única proposta 100% elétrica da DS e, tal como acontece com a versão a combustão, praticamente não dispõe de concorrência.
Ser diferente…
A oferta de automóveis 100% elétricos é já vasta, no entanto o DS 3 Crossback E-Tense diferencia-se de tudo e todos. Desde logo pelo posicionamento premium num segmento pouco comum para este tipo de proposta. Inegavelmente o DS 3 transpira qualidade e esta versão não é exceção. A qualidade de materiais e de construção é notável para este segmento. Apesar de estarmos ao volante de uma espécie de B-SUV (crossover), no interior do DS3 E-Tense sentimo-nos especiais. Nada foi deixado ao acaso, desde o padrão dos bancos e da pele que forra a consola, ao interior das portas também ele forrado. O volante em pele ostenta as mesmas costuras no centro e alguns dos botões espalhados pelo habitáculo revelam um toque também ele premium. A atenção a cada detalhe está presente um pouco por todo o habitáculo, mas não só…
O isolamento do habitáculo é também referencial, e ainda mais relevante nesta versão 100% elétrica que anuncia até 320 km de autonomia.
Por dentro, e por fora…
O exterior é, sem dúvida, mais controverso mas apenas porque a lateral sofre daquele interregno na linha de cintura que normalmente não é bem aceite. Nós aqui não somos exceção, mas vamos aceitar a ousadia da DS em fazer algo diferente. Ainda assim, não se trata apenas de um estilo mais “arrojado”, já que os passageiros do banco de trás acabam por ser prejudicados em visibilidade e luminosidade… A estadia nos lugares traseiros é assim um pouco estranha, embora se viaje bem. A altura está no limite para passageiros com cerca de 1,80 m e apenas senti a falta de um apoio de braço e de uma ficha USB. Convenhamos que este é um automóvel com outro propósito, ainda assim dispomos de 350 l de bagageira.
Ainda no exterior o restante é unânime. Uma frente arrojada, grupos óticos distintos, tanto na frente como na traseira, e linhas modernas e requintadas com umas jantes de liga leve de 18″.
A solução dos puxadores retráteis, mais um pormenor com o intuito de marcar uma postura e identidade mais premium, fica-lhe bem, especialmente quando recolhidos, mas pode causar alguns dissabores. Ao contrário do que existe em outros modelos, no DS 3 Crossback os puxadores não bloqueiam na sua posição de aberto, o que poderá causar algum entalamento.
Experiência sensorial
Deixemos de parte os detalhes deste crossover elétrico, e concentremo-nos naquilo que faz do DS 3 Crossback elétrico um automóvel… diferente dos demais neste segmento. As luzes LED “matrix” transformam a noite em dia. Os faróis são compostos por três módulos LED para as luzes de cruzamento e um módulo MATRIX BEAM para as luzes de estrada. Está dividido em 15 segmentos idênticos e independentes, que ligam e desligam gradualmente adaptando automaticamente os seus feixes de acordo com as condições do trânsito em redor detetadas.
Ao serviço temos muito equipamento e dispomos de dois ecrãs. Um de reduzidas dimensões (7″) para o painel de instrumentos, que permite várias configurações e onde temos a maior parte da informação do DS 3 Crossback E-Tense, nomeadamente consumos, autonomia, bateria, entre outras. No ecrã central de 10,3″ operamos todas as restantes funções através de um sistema de info-entretenimento que cumpre o propósito. Imediatamente abaixo existem vários botões táteis de atalho para as funções principais. Mais abaixo ainda, mas depois das saídas de climatização está o comando do volume e mais alguns atalhos nomeadamente para as funções de desembaciamento. Todos estes itens estão dispostos na consola central formando um padrão nos típicos losangos que caracterizam a marca.
Existe ainda carregador sem fios para smartphones, head-up display, acesso mãos livres, câmara de estacionamento traseira e o assistente de manutenção na faixa de rodagem.
Condução
A condução prima, como seria de esperar, por duas premissas inabaláveis! Silêncio e conforto! Tal como acontece com o topo de gama da marca, o DS 3 Crossback elétrico também exibe um conforto assinalável. Os bancos oferecem bom apoio e privilegiam o conforto exibindo uma qualidade de materiais notável. De resto, o DS3 E-tense não é um elétrico de performances. É bom esquecer desde logo aqueles arranques de colar ao banco. O que o DS 3 elétrico oferece são outros atributos. Uma condução que prima pela suavidade, permitindo também deste modo evidenciar consumos razoáveis e, consequentemente, uma autonomia real muito satisfatória.
Com valores de consumo a rondar os 15 kWh/100 km, é possível percorrer cerca de 280 km com uma carga da bateria que dispõe de 46 kWh úteis. O motor do DS 3 Crossback E-tense conta com 136 cv e ao volante dispomos de três modos de condução (Eco, Normal e Sport) que se diferenciam bem entre eles essencialmente na forma como o binário é entregue às rodas dianteiras.
No trânsito citadino, onde o DS3 E-Tense evidencia todos os seus atributos, faz falta o sistema de auto-hold, algo que a DS se tem esquecido de colocar nos seus modelos, tal como já tínhamos verificado ao volante do DS 7 Crossback.
Cargas e carregamentos…
Importante são também os tempos de carregamento. O DS3 E-Tense permite carregar até 11 kW em corrente alterna, desde que a potência da instalação o permita. Assim, serão precisas cerca de 17 horas para carregar a totalidade da bateria a 3,7 kW (16A), 8 horas a 7,4 kW (32A) e cerca de 5 horas a 11 kW numa instalação trifásica. Convém no entanto referir que, na maior parte das tomadas domésticas apenas é possível carregar a 2.4 kW (10A), o que deixa antever quase um dia inteiro para recuperar 100% da carga. Por outro lado, num posto de carregamento rápido, em corrente contínua, é possível carregar até 100 kW, o que neste caso corresponderia a 30 minutos para atingir 80% da bateria.
Conclusão
A concorrência não é muita, e o posicionamento do DS 3 ao nível da qualidade, requinte e conforto afasta-o dos demais crossovers elétricos. Os consumos e a autonomia também estão em níveis mais do que aceitáveis. Tudo isto tem naturalmente o seu preço.
Ficha Técnica
260 Nm
Binário Máximo
136 cv
Potência
8,7 s
0-100 KM/H
150 km/h
Velocidade Máxima
41 550€
Base
46 350€
Ensaiado
Qualidade de materiais e construção. Conforto.
Feedback de travagem. Habitabilidade traseira.