Há automóveis que são muito mais do que apenas isso. O DS 7 Crossback é um desses automóveis que apela aos sentidos e, sem sequer nos apercebermos, nos seduz para lá dos bons caminhos… Sim, porque neste caso estamos perante a versão E-Tense (híbrida plug-in), que para além de consumos extraordinários e uma potência… generosa, ainda nos oferece a tração 4×4 para quando nos cansamos da estrada.
É um facto e deixemo-nos de preconceitos e manias de quem “emprenha pelos ouvidos”, desculpem a expressão. Os atuais modelos DS são muito mais do que apenas automóveis com outros logótipos para parecerem “outra coisa”. Evidentemente que existem soluções, componentes, tecnologias, motorizações, etc partilhadas com outros modelos. Se tal já acontece entre construtores completamente distintos, com o principal intuito de reduzir custos de produção, é por demais evidente que o mesmo se faça entre marcas do mesmo grupo. É o que acontece com a Citroën, a Peugeot, a DS, e agora mais recentemente a Opel. E se estes construtores se tentam diferenciar traçando objetivos diferentes, o caso da DS é de tal forma notório que só não vê quem não quer.
Elegância e requinte
Desde logo todo o desenho de linhas fluídas e elegantes, sem exageros, mas que transpiram estatuto. O detalhe dos cristais nos faróis. A distinta e elegante, mas imponente, grelha frontal. As assinaturas LED inconfundíveis com faróis recheados de glamour que acendem e apagam com toda a “pompa e circunstância” … As jantes de liga leve facetadas como que esculpidas… No geral, um desenho que, não sendo irreverente, é arrebatador. No exterior transmite-nos de imediato uma ideia de qualidade, requinte e conforto. E isto tudo porque, lá diz o ditado… Não basta ser, é preciso parecer!
O sistema de iluminação do DS 7 Crossback é composto por uma luz principal LED e três módulos LED rotativos. Estes rodam e inclinam-se em função do ângulo do volante, da velocidade e das condições meteorológicas. Na prática, fazem da noite dia!
Mas o DS 7 Crossback não se fica pelas aparências. Há detalhes por todo o habitáculo. No interior o apelo aos sentidos mantém-se. Depois de despertar o olfato com o cheiro característico da pele que reveste todos os bancos e mais algumas superfícies, é o tato dos botões, dos materiais e dos comandos que se destaca. O tão falado “Savoir-faire” francês. Um interior assumidamente premium, ou não fosse o relógio da francesa B.R.M. que se revela depois de pressionarmos o botão de arranque.
Existem dois ecrãs de 12″. Um para o painel de instrumentos com grafismo personalizável e onde são exibidas todas as informações da condução, incluindo as imagens do irrepreensível sistema Night Vision, e outro central para o sistema de info-entretenimento. Embora esteja longe do melhor que se faz, não compromete e dispõe de conetividade Apple CarPlay e Android auto. O sistema de som da Focal compõe o conjunto.
Híbrido! Sim, obrigado!
Depois de fechar a porta de imediato nos invade o silêncio de um habitáculo tão bem insonorizado que merece vidros duplos com proteção acústica. O resto ficou lá fora. A ausência de ruído mantém-se mesmo depois de pressionar o botão de arranque, afinal este é um híbrido plug-in, capaz de percorrer 58 km (WLTP) em modo elétrico, segundo a DS.
Arrancamos para a estrada. A disponibilidade imediata do motor elétrico agrada. Podemos iniciar a marcha de uma forma suave ou… quase intempestiva! A potência combinada deste DS 7 Crossback E-Tense é de 300 cv, como resultado da conjugação do motor 1.6 l a gasolina com 200 cv e dois motores elétricos (um em cada eixo) de aproximadamente 80 kW (109 cv) com uma bateria de 13,2 kWh. Tudo isto com uma tração integral que consegue catapultar as quase duas toneladas para os 100 km/h em menos de seis segundos! Isso mesmo!
Tração integral, 300 cv, e 5 l/100 km!
E no que a “dinâmica” diz respeito, podíamos ficar por aí, mas não! Equipado com uma suspensão claramente focada no conforto dos ocupantes, com uma câmara e sensores capazes de antecipar imperfeições na estrada reagindo de forma independente em cada uma das rodas com a finalidade de ajustar a suspensão, ainda consegue alguma dose de dinamismo para acompanhar a potência e a tração integral. Não é, naturalmente, o SUV mais dinâmico neste segmento, mas não desilude de forma alguma. Surpreendente e que merece uma vénia pela forma exímia com que o faz conseguindo filtrar irregularidades com uma distinção quase inigualável mesmo com as grandes jantes de 19 polegadas, é de facto a suspensão que a DS apelida de “DS Active Scan Suspension”.
Por outro lado, mesmo com andamentos a tirar partido das boas performances, os consumos podem rondar os 4 l/100 km em percursos mistos com o modo híbrido, bastante menos usando o modo 100% elétrico, e pouco mais sem preocupações. Terminei o ensaio com média de 5,2 l/100 km em cerca de 400 km, tendo carregado totalmente as baterias três vezes. A autonomia real em modo 100% elétrico ronda os 50 km. a bateria de 13,2 kWh pode ser carregada em sete, quatro ou duas horas dependendo da potência. Podemos carregar a bateria em sete horas a 2,3 kW (tomada doméstica mais limitada), quatro horas a 3,7 kW (tomada doméstica mais comum) ou pouco menos de duas horas a 7,4 kW (wall-box).
SUV camaleão
Existem cinco modos de condução (Electric, Conforto, Hybrid, Sport e 4WD) mas, não entendemos porque motivo, nem sempre respeitaram a vontade do condutor. Por vezes quisemos circular em modo elétrico, e mesmo de bateria totalmente carregada o DS 7 teimou em manter-se no modo Híbrido.
Ao mesmo tempo existe outro ponto que merece crítica. A ausência de um sistema de auto-hold é incompreensível num SUV como o DS 7, algo que a DS provavelmente se esqueceu. Em contrapartida o travão está bem calibrado na regeneração, sem aquele feedback muitas vezes desagradável nos híbridos.
Mas voltemos aquilo em que o DS 7 Crossback verdadeiramente surpreende. O espaço. A ausência de túnel central eleva ainda mais esta sensação e as costas dos bancos traseiros são rebatíveis eletricamente de 23° a 32°. Existem tomadas USB e comandos para a climatização. A bagageira é a maior do segmento com 555 l! Não existe um espaço próprio para os cabos de carregamento, mas a bolsa com fecho por íman está bem pensada e facilita no momento da arrumação. Se o modo Sport tenta evidenciar a potência do DS 7 Crossback E-Tense, mas sem grandes alterações, o modo 4WD permite forçar a tração integral.
Fora de estrada sem sair do sofá!
Perante tal tecnologia evidenciada inclusivamente no badge traseiro, não pudemos deixar de levar o DS 7 Crossback para maus caminhos de forma a tirar conclusões sobre a eficácia do sistema. Nos primeiros quilómetros fora de estrada, o que conseguimos foi evidenciar ainda mais o conforto de uma suspensão que coloca o DS 7 a flutuar na estrada. Neste caso, fora dela… Depois, e embora o sistema esteja primordialmente pensado para situações de piso molhado, neve, etc, é um facto que progride na transposição dos obstáculos desde que não haja hesitações por parte do condutor. Quando colocamos o DS 7 em pleno obstáculo o sistema já fica a “fazer contas de cabeça”… ainda que não nos tenha deixado apeados em qualquer situação.
Convém ainda referir que, a tração integral é otimizada quando existe carga na bateria que comanda o motor elétrico do eixo traseiro. Quando tal não se verifica, e em situações que não favorecem a regeneração para recarregar, naturalmente que a eficácia não é a melhor. Nós quisemos ir mais além mas é um facto que, para aquilo que foi pensado, nada temos a apontar ao sistema do DS-7 E-Tense.
Em resumo, o DS 7 Crossback nesta versão E-Tense oferece ainda mais. Não apenas conforto e qualidade num “embrulho” distinto e elegante, como também performances e consumos até então impossíveis de alcançar. Inegavelmente um SUV premium recheado de glamour com o intuito de marcar a diferença.
Conclusão
O DS 7 marca a diferença com um estilo próprio onde a elegância e a distinção se destacam. Depois tem como principais atributos a qualidade, o conforto e o espaço a bordo. Nesta versão E-Tense consegue a isto tudo juntar performances muito interessantes e consumos comedidos.
Ficha Técnica
1598 cm3
Cilindrada
520 Nm
Binário Máximo
300 cv
Potência
5,9 s
0-100 KM/H
235 km/h
Velocidade Máxima
1,3 l/100 km
Combinado
5,2 l/100 km
Registado
30 g/km
Emissões CO2
57 950€
Base
64 994€
Ensaiado
Conforto. Qualidade. Espaço. Performance. Consumos.
Ausência de auto-hold. Info-entretenimento.