A Ford atualizou recentemente a sua gama de motorizações, nas quais dotou os seus 1.0 Ecoboost com sistemas mild-hybrid. Mas mais que o simples foco na ecologia, permitiu ao “pequeno” Fiesta alcançar patamares de potência bem apetecíveis. Melhor que um chassis bem construído, só mesmo um motor à altura para acompanhar em estradas mais curvilíneas. Teremos um Ford Fiesta ST em versão “light”?
Depois do ensaio do Bruno ao Ford Focus há umas semanas, eis que me calha dar a conhecer um outro Ford da gama híbrida. Neste caso, o Ford Fiesta mild-hybrid, recorrendo ao mesmo motor 1.0 Ecoboost de 155 cv do Focus em teste. A expectativa era alta, dado o historial deste pequeno utilitário, que facilmente se torna num dos melhores “pocket-rocket” da atualidade na versão ST.
Mudanças menos evidentes
Por se tratar de uma evolução a nível das motorizações, as diferenças no exterior acabam por se resignar ao símbolo “Ecoboost – Hybrid” na bagageira. Este é o único elemento diferenciador que descortina a motorização escondida sob o capot.
Contudo, nesta unidade contamos ainda com um outro símbolo, destacado nas cavas dianteiras de ambos os lados. Os badges ST Line identificam a linha de equipamento que o assemelha a um “verdadeiro ST”, ainda que lhe falte “um danoninho” na escala de potência. Contudo, no que toca a dinâmica, não lhe fica muito atrás, mas lá chegaremos.
De maneira idêntica, a cor “Race Red” (opcional) ajuda a sublinhar a “desportividade” deste modelo, destacada por um spoiler traseiro (124€) à cor da carroçaria. Enquanto na frente inclui uma assinatura luminosa com faróis Full LED (488€) que valem bem o investimento, tanto pela utilidade, como pelo look. Para fechar os opcionais exteriores, conta ainda com vidros escurecidos (99€), ao passo que, de série, inclui jantes de 17″ Rock Metallic Edition em cinza, contrastantes com a vibrante cor da carroçaria.
Interior com nota desportiva
Semelhantemente ao exterior, no habitáculo reina uma atenção ao detalhe específico desta versão, ainda que na sua maioria recorrendo a plásticos duros. Contudo, graças ao pack interior ST Line (455€), o Fiesta ganha apontamentos desportivos, com destaque para os bancos em pele e tecido com costura vermelha. Ainda que de ajuste manual, conferem um bom apoio em curva e ajudam a suportar viagens mais longas.
De maneira idêntica, encontramos os mesmos acabamentos noutros detalhes, como no volante, fole da alavanca da caixa de velocidades e travão de mão (manual!). O volante de fundo plano é de boa pega, ainda que mais largo e macio que o normal noutros modelos do segmento. Já o painel de instrumentos mantém-se o tradicional analógico, em conjunção com um TFT de menor dimensão a cores.
Disposto ao centro do tablier encontramos ainda o sistema de info-entretenimento de 8″ do Ford Fiesta. A utilização é facilitada pela simplicidade, e permite a ligação a plataformas móveis, como Apple Carplay e Android Auto. Contudo, tem uma interface um tudo ou nada datada e que já pede uma atualização. E para auxiliar as manobras, este sistema inclui ainda uma câmara de auxílio ao estacionamento, que não tendo a melhor resolução, acaba por fazer a diferença.
No que a quotas de habitáculo diz respeito, o Fiesta não fica a par dos melhores do segmento. Atrás, conta com espaço para três ocupantes, sendo que quem viaja no meio acaba por sofrer tanto por culpa do túnel central como na altura para cabeça. Mas se o espaço não for problema, terá de contar ainda com a ausência de tomadas USB para carregamento em viagem. A bagageira conta com 303 l de capacidade, ou 984 l com os bancos rebatidos, sobrando ainda espaço para uma roda suplente (opcional, 99€).
Eco… boost!
A expectativa para este utilitário era alta, e o pequeno Fiesta acabou por surpreender pela positiva. Conhecido pela sua boa construção, o Ford Fiesta permite explorar a dinâmica e vigor do seu chassis, tanto em estrada como em curva. Tal comportamento tem vindo a ser aprimorado pela marca americana para quem realmente gosta de conduzir… e vem incluído de série! Mas melhor que um chassis bem afinado, é ter um motor vivaz à altura.
Por baixo do capot está o já antes referido 1.0 Ecoboost de 155 cv, que recebeu um motor elétrico de 16 cv (11,5 kW) e 50 Nm de binário. Sim, o “três cilindros” da Ford não só passa a “híbrido”, como atingiu cifras bem generosas no que toca a potência. Este sistema é alimentado por uma bateria de 48V, que regenera automaticamente através do sistema de travagem regenerativa em desaceleração e travagem.
Ao contrário dos híbridos plug-in, os sistemas mild-hybrid não possibilitam carregamento externo, mas também não permitem tirar partido de uma condução 100% elétrica. Todavia, consegue também boa eficiência.
Não é um “mini” Fiesta ST, mas na envolvência e dinâmica não deixa nada a desejar. O Ford Fiesta é para quem realmente gosta de conduzir
Ainda que longe dos 200 cv de um verdadeiro ST, o pequeno Ford Fiesta mild-hybrid de 155 cv permite explorar a dinâmica deste grupo propulsor, permitindo uma maior rapidez de resposta, com binário disponível desde cedo. Sempre que (ab)usamos (d)o pedal direito, temos uma resposta direta e sem “atrasos”, que nos dão uma maior confiança na hora do “ataque”.
Além disso, a caixa manual de seis velocidades permite explorar passagens de caixa mais longas, garantindo não só boas prestações, como consumos reduzidos. No entanto, é nos regimes mais altos que se faz ouvir o barulho característico destes motores tricilíndricos, ainda que se viva bem com isso no dia-a-dia, e se faça esquecer sempre que olhamos para as qualidades deste utilitário.
E mais seguro
O Ford Fiesta não só se mostra bem construído e espevitado, como inclui sistemas que o tornam também seguro. No caso, esta unidade inclui o pacote de segurança premium, que inclui o controlo automático de velocidade adaptativo (ACC), sistema de aviso de saída de estrada, assistência à pré-colisão, reconhecimento de sinais de trânsito, alerta ao condutor, faróis máximos automáticos, proteção das Portas, câmara de visão traseira, sistema de estacionamento automático e ainda o sistema de deteção de ângulo morto (BLIS).
Tudo isto acresce 1116€ à fatura final, mas acaba por conferir uma maior segurança aos ocupantes do Ford Fiesta. Contudo, e de série, fazem ainda parte os aviso de saída de estrada com manutenção em faixa, sensores de estacionamento traseiros e airbags de cortina na 1ª e 2ª fila de bancos.
É a melhor escolha?
O Ford Fiesta ST Line mild-hybrid está disponível em dois patamares de potência, sendo a que testámos a mais potente a seguir à de 125 cv. No entanto, a resposta à pergunta pode ser tão vaga quanto: “depende”.
Para quem procura um utilitário que não compromete, a versão de 125 cv será mais que suficiente, estando ainda disponível uma versão abaixo (sem sistema híbrido) de 100 cv. Contudo, a diferença de preço da versão de 125 cv para a de 155 cv são cerca de 500€, o que pode facilitar nessa escolha. Para mim não havia dúvidas!
Para quem não descura a agilidade, dinâmica e envolvência que este pequeno utilitário é capaz de entregar, pode sempre optar por esta versão mais potente, capaz ainda de ajudar na economia de combustível. No final do nosso contacto, foi possível alcançar consumos de 5,8 l/100 km, sem restrições ao pedal direito, que demonstram as capacidades desta motorização.
O Ford Fiesta pode não ser o mais espaçoso do segmento, nem o mais confortável, e muito menos o mais tecnológico. Mas promete cumprir com as exigências e dispõe de uma dinâmica de condução que outros não se podem gabar de ter.
O preço desde Ford Fiesta mild-hybrid começa nos 21 704€, que adicionando os 2915€ em opcionais, perfaz um total de 24 619€ para um Ford Fiesta igual a este.
Conclusão
O Ford Fiesta mild-hybrid mostra-se em grande forma, onde tem tanto de dinâmica, como de economia. Os 155 cv desta motorização não são suficientes para fazer dele um ST, mas prometem tirar ainda mais partido de um chassis bem construído como a marca americana nos tem vindo a habituar. Não é líder do segmento em espaço, conforto ou tecnologia, mas tem uma envolvência na condução que mais nenhum consegue. É para quem realmente gosta de estar ao volante.
Ficha Técnica
998 cm3
Cilindrada
240 Nm
Binário Máximo
155 cv
Potência
9,9 s
0-100 KM/H
195 km/h
Velocidade Máxima
5,3 l/100 km
Combinado
5,8 l/100 km
Registado
118 g/km
Emissões CO2
21 704€
Base
24 619€
Ensaiado
Consumos. Condução.
Painel de instrumentos e espaço.