Que o segmento dos B-SUV é um dos mais importantes e mais movimentados do mercado europeu, já o escrevemos inúmeras vezes. Impulsionados pelo seu volume e pelas margens adicionais, nenhum construtor quer ficar de fora. A Ford, que tem no utilitário Fiesta um modelo fundamental, tentou entrar neste segmento com o EcoSport, mas que no nosso mercado nunca conheceu grande sucesso comercial. Recuperando o nome de um modelo que outrora representou um compacto de estilo coupé e mais dinâmico, a Ford insere o novo Puma no segmento B-SUV e faz dele nada mais nada menos que… o melhor do segmento! Ok, não é naturalmente melhor em tudo, mas é aquele que mais nos consegue divertir ao volante, com uma dinâmica invejável.
Curvas? Quantas são?
Vamos diretos ao assunto para justificar o título deste ensaio. O novo Ford Puma quer curvas e mais curvas. É o único B-SUV que nos faz voltar atrás numa estrada encadeada para a fazer novamente! Talvez um pouco mais rápido desta vez…
Em modo “desportivo” e com a ajuda dos pneus Goodyear Eagle F1 3 a permitirem elevados níveis de grip, a inserção em curva é extraordinária. A sub-viragem é nula e é possível carregar velocidade e apontar o carro onde queremos, mesmo com alguns exageros. A entrada em curva é facilitada pela direção precisa e com o peso certo e ainda… pelo sistema híbrido! Já lá vamos…
Na rotação inicial, a qualidade da afinação vem ao de cima, dado que conseguimos utilizar as transferências de massa e o acelerador para fazer rodar a traseira na dose certa, numa condução ágil e fluída. Com menos direção aplicada e com uma traseira que desliza o suficiente se provocada, o ESP (em modo Sport) revela-se pouco intrusivo, mesmo não podendo ser totalmente desligado.
O Ford Puma é um B-SUV genuinamente divertido e agradável de conduzir.
Assim, o controlo dos movimentos da carroçaria é muito bem executado, com o rolamento muito controlado sem que isso implique perda de conforto ou um comportamento saltitante em pisos menos bons. Trabalho exemplar por parte dos engenheiros da Ford neste capítulo.
A capacidade do tri-cilindrico para fazer rotação e disponibilizar potência até ao red-line é uma das suas virtudes. Os 155 cv permitem colocar várias questões ao chassis, que as resolve sempre com enorme brilhantismo.
Híbrido! E então?
O 1.0 de três cilindros Ecoboost recebe neste Puma (mas também nas gamas Fiesta e Focus) a tecnologia Mild-Hybrid. Assim, é capaz de 155 cv e 190 Nm de binário, mas que na prática representam muito mais.
A ajuda elétrica é dada por um motor de 12 kW que aproveita a energia e a armazena numa bateria colocada por baixo do banco traseiro. Esta ajuda não permite a circulação 100% elétrica, mas auxilia o motor de combustão em duas formas distintas.
Não apenas quando queremos extrair o máximo de aceleração possível, com a ajuda elétrica a entregar 20 Nm de binário extra funcionando como um overboost, mas também em ritmos calmos e com baixas cargas de acelerador o motor elétrico entrega 50 Nm de binário. Aqui, existem situações em que o Puma rola em “roda livre”, e o motor a combustão faz uma pausa para recompor consumos.
Este é um apoio fundamental para o motor 1.0, não só porque lhe permite baixar consumos, funcionando até com dois cilindros apenas, mas também porque melhora a resposta ao acelerador num regime onde o turbo ainda não se faz notar. O boost elétrico deixou que a Ford utilizasse uma turbina maior e mais focada nos regimes altos. O resultado é muito bom!
Dinamicamente o Ford Puma destaca-se num segmento onde ofertas não faltam!
E em ritmos mais calmos?
Em estrada e na cidade o resultado desta tecnologia é, de facto, muito positivo. No trânsito o Puma é um B-SUV com comandos leves mas precisos e que nesta versão ST-Line sobressai com um aspeto moderno e irreverente onde as assinaturas LED se destacam.
A caixa manual de seis velocidades tem um toque mecânico e a resposta ao acelerador é muito boa, sem nunca sentimos o motor anémico. A sexta velocidade tem escalonamento longo, para fazer bons consumos em estrada e auto-estrada e não recebemos quaisquer vibrações nos comandos vindas do propulsor.
Apesar das jantes de 19″, opcionais por 966 €, o conforto não é significativamente prejudicado, aparte a ocasional pancada em pisos muito maus. A visibilidade é boa e a unidade que testamos tinha opcionais sensores de estacionamento e câmara traseira.
Apuramos 7,4 l/100 km de consumo nas largas centenas que quilómetros que realizamos ao volante do Ford Puma. Já vos tinha dito que é viciante? Um valor obtido sem grandes preocupações de andamento e a explorar amiúde os 155 cv do motor. Como habitualmente referimos, os consumos dos pequenos motores turbinados são sensíveis a variações de andamento e este não é exceção.
É um Fiesta?
O Ford Puma tem base no chassis do Fiesta, mas é muito mais do que apenas um Fiesta. O Puma viu a distância entre eixos aumentada em 95 mm, bem como a largura, a altura (30mm) e o comprimento (146mm). Disponível com motores a gasolina e Diesel, com a versão ensaiada a montar o 1.0 Ecoboost de 155 cavalos que já analisamos. Encontra-se também disponível a versão de 125 cv, 600 € mais barata, e igualmente híbrida.
A suspensão é independente à frente e mantém o eixo rígido atrás, neste caso com molas e amortecedores mais rijos, para compensar o peso adicional.
A gama compõe-se de versões Titanium, ST Line e ST Line X, esta última com uma suspensão mais firme, pára-choques de desenho mais desportivo e acabamentos interiores específicos, tais como os bancos desportivos e o forro interior do tejadilho em preto.
E a família?
O interior do Ford Puma é muito similar ao do Fiesta, com uma ótima posição de condução, pernas bem esticadas e a caixa manual a “cair” naturalmente na mão. Esta encontra-se 60 milímetros mais elevada que no Fiesta.
Nos lugares traseiros o espaço não é referencial mas melhorou e o túnel central é reduzido, mesmo com um quinto lugar estreito. Faltam tomadas USB atrás, bem como um apoio de braço, mas é perfeitamente possível cumprir obrigações familiares no Puma, onde o duplo teto panorâmico e o sistema de som B&O vão contribuir para a experiência.
A bagageira do Puma tem 405 litros de capacidade (mais 100l face ao Fiesta) mas uma novidade em estreia – A Mega Box! Não é uma consola de jogos, mas uma caixa impermeável de 80 litros no fundo da bagageira com um ralo no fundo. A ideia é que esta sirva para o transporte de objetos sujos, podendo ser lavada com uma mangueira. A porta da bagageira elétrica é opcional por 610 € e tem a uma chapeleira incorporada que sobe com a tampa da mala, revelando-se muito prática na hora de colocar as compras ou bagagens.
No habitáculo encontramos materiais predominantemente duros, mas que não apresentaram ruídos parasitas. Existe uma faixa de material mais suave no centro do tablier, bem como aplicações a imitar carbono.
Os bancos e o volante possuem costuras de cor vermelha, de série nesta versão ST Line X.
Ainda no interior temos um info-entretenimento muito completo, incluindo de série a navegação, as conexões Apple Carplay/ Android Auto e o carregador sem fios. Em estreia encontramos um novo painel digital com 12,3″ que substitui os mostradores em frente ao condutor, com uma imagem bastante mais moderna e apelativa.
O Ford Puma dispõe de cinco modos de condução: Eco, Normal, Desportivo, Escorregadio e Trilho. O nosso ensaio focou-se essencialmente nos três primeiros onde se sente essencialmente a alteração da sensibilidade do acelerador e o peso da direção. No modo Sport o controlo de tração e estabilidade fica mais permissivo e ganhamos um som sintetizado no interior. Os restantes dois, mais específicos, adaptam essencialmente os sistemas de controlo de tração para cada uma das situações, piso escorregadio e fora de estrada. Também o grafismo do painel digital muda com o modo escolhido.
E o equipamento?
A versão ST-Line X encontra-se no topo da gama Puma. Assim, apresenta um equipamento de série muito completo, do qual destacamos a navegação, a ligação para smartphones, o painel digital, o excelente som B&O, o apoio de braço dianteiro, o carregador sem fios e os vidros escurecidos. Também os apontamentos desportivos que já referimos são de série.
A unidade ensaiada tinha como opcionais a porta da bagageira elétrica (610 €), o Pack Tech que inclui deteção de ângulo morto, reconhecimento de sinais de trânsito, avisador de colisão, estacionamento automático e a sempre útil câmara traseira (1321 €), os faróis Full Led (915 €), o pack exterior ST Line com as jantes de 19″ (966 €) e o teto panorâmico (1017 €).
É caro?
O Ford Puma ST Line X 1.0 Ecoboost de 155 cavalos pode ser adquirido em Portugal a partir de 27 014 euros. No momento em que publicamos este ensaio, o importador tem em vigor uma campanha de desconto no valor de 2 680 €, o que reduz o preço para 24 334 €.Com os opcionais presentes nesta unidade do Ford Puma o valor sobre para 32 707 €, que subtraídos da campanha em vigor totalizam 30 027 €.
O Puma não é o modelo mais barato do seu segmento, contudo consideramos que o valor está enquadrado face aos conteúdos diferenciados que traz para o mercado.
Conclusão
A Ford Puma pode chegar tarde ao segmento B-SUV, mas consegue fazê-lo com argumentos inegáveis e superiores a todos os adversários que encontra pela frente. Com foco na condução, ganha um lugar só seu neste povoado segmento, bem apoiado na nova família de motores Ecoboost. Sem ser referencial no espaço e na qualidade dos materiais é-o na dinâmica. Em suma, um B-SUV para quem gosta, realmente, de conduzir!
Ficha Técnica
999 cm3
Cilindrada
190 Nm
Binário Máximo
155 cv
Potência
9,0 s
0-100 KM/H
205 km/h
Velocidade Máxima
5,9 l/100 km
Combinado
7,4 l/100 km
Registado
133 g/km
Emissões CO2
27 014€
Base
32 707€
Ensaiado
Condução. Comportamento. Performances.
Plásticos Duros. Espaço atrás.