O modelo que conta com mais de 40 anos tem na sua atual e 10º geração atributos inquestionáveis, como o espaço para ocupantes e bagagem ou a ligação do condutor com a estrada, através de uma posição de condução baixa e um envolvimento que proporciona uma superior experiência de condução. Serão argumentos suficientes para o Honda Civic proliferar num mercado que só quer SUVs?
Não sendo uma novidade, a atual geração do Honda Civic é 46 mm mais larga, 20 mm mais baixa e 74 mm mais comprida, com uma distância entre eixos também ela superior, face à anterior geração. No geral, é um modelo que se destaca, caracterizado por linhas “fora da caixa” com vários elementos estéticos e uma silhueta desportiva, mesmo nesta sua versão menos potente, equipado com o bloco 1.0 iVTEC Turbo de três cilindros. Para alguns, talvez um design mais conservador fosse preferível, mas como diz o ditado… é impossível agradar a gregos e a troianos. Neste caso… a europeus e orientais.
Ao volante sobressai de imediato a baixa posição de condução. A mim agradou-me, tendo desfrutado deste Civic sempre o mais “colado” à estrada possível, no entanto a ampla regulação em altura do banco do condutor, permite um ajuste ao gosto de cada um. Depois, uma boa ergonomia de todos os comandos, boa qualidade de construção e… espaço “para dar e vender”. Como pontos menos negativos temos um sistema de info-entretenimento lento e pouco intuitivo, mas que dispõe de interface com Apple Carplay e Android Auto, e um computador de bordo algo confuso, que requer habituação. Os espaços de arrumação são vários e generosos, mas pouco práticos. O da consola central, por exemplo, não fecha completamente, deixando sempre a descoberto qualquer item que queiramos guardar no interior.
Só um dos melhores!
Com 129 cv e 200 Nm disponíveis desde as 2250 rpm não se esperam grandes prestações deste Civic 1.0 VTEC, mas é um facto que surpreende. Este é aliás, um dos melhores e mais fiáveis motores a gasolina do mercado. A caixa manual de seis relações é precisa, está bem escalonada, e tem bom tato, permitindo tirar partido da boa dinâmica do Civic. Aliás, esta é um ponto muito positivo do Honda Civic, com um eixo dianteiro muito comunicativo e um conjunto chassis/suspensão que desafia para algumas curvas. Em viagem, não deixa de fora um conforto de rolamento notável, sem ruídos aerodinâmicos e com uns bancos que têm um excelente apoio. A Honda tem dado algumas cartas neste capítulo, já que também o novo Honda Jazz foi destacado como o automóvel mais confortável do seu segmento.
Voltando ao “nosso” Civic 1.0 i-VTEC, nota muito positiva para o sistema de manutenção de faixa da rodagem, que é capaz de manter o Civic na trajetória correta durante as distrações do condutor, nomeadamente ao tentar manusear o sistema de info-entretenimento.
Novo Honda Jazz e:HEV: o mais confortável do segmento!
A Honda pretende oferecer um citadino de referência e revela agora a sua aposta no conforto do novo Jazz e:HEV, obtido sobretudo pela revisão dos bancos.
No que diz respeito a consumos, o 1.0 i-VTEC consegue melhores resultados no dia-a-dia do que em viagem, onde os valores sobem um pouco acima dos 7 l/100 km.
Espaço, e mais espaço!
Atrás, os passageiros viagem com muito espaço, mas a posição demasiado baixa do banco exige uma posição mais elevada dos joelhos, e a altura para passageiros mais altos também é um pouco limitada. Aqui, e a avaliar pelo número e variedade de ligações possíveis nos lugares da frente (12v, USB, HDMI, etc…) faltam ligações, nem que fosse apenas uma USB ou 12v. Atrás, o espaço total entre a zona inferior e o alçapão por baixo do piso é de 478 litros, valor superior à media do segmento e que dá para levar tudo… e mais alguma coisa! A cobrir este espaço temos uma chapeleira pouco comum, que desliza de um lado para o outro, podendo ser montada em qualquer um dos lados. Para além desta, existe uma outra fixa ao portão.
Com um motor muito competente e pouco ruidoso e uma boa dinâmica, o Honda Civic quase faz esquecer que estamos perante um automóvel com muito espaço e conforto para a família, provando que de facto, o mercado não pertence só aos SUV.
Conclusão
Com um produto muito capaz e com mais-valias inegáveis, ao Honda Civic falta-lhe talvez um melhor posicionamento de preço. Qualidade de materiais, conforto, espaço e uma boa dinâmica são trunfos que ninguém lhos pode tirar. Tudo isto, neste caso, com um dos melhores motores a gasolina de baixa cilindrada do mercado.
Ficha Técnica
988 cm3
Cilindrada
200 Nm
Binário Máximo
129 cv
Potência
10,9 s
0-100 KM/H
205 km/h
Velocidade Máxima
6,1 l/100 km
Combinado
6,8 l/100 km
Registado
137 g/km
Emissões CO2
25 365€
Base
28 220€
Ensaiado
Motor. Conforto. Espaço. Qualidade.
Info-entretenimento. Altura nos lugares traseiros.